Capítulo 9 - Fatalidade

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      Quando chegaram à cidade, o judiado Lancer acabou ficando estacionado e a caçada prosseguiu a pé, com todos esperançosos de que a noite seria promissora. A equipe foi dividida e formaram quatro frentes para abranger uma área maior, com foco no bairro Nakagyo: Mikhail seguiu direto para a área sul; Dmitri ficou designado para cobrir a área leste; Yelena e Maks ficaram responsáveis pelo lado oeste; e Aleksei resolveu patrulhar a região central, seguindo depois para leste. O ponto de encontro seria o local onde o Batmovel ficara estacionado, na saída sul do bairro.

      Enquanto se afastavam para as direções designadas, o tempo parecia fechar cada vez mais, com os ruídos de trovões ribombando naquele céu carregado e sem estrelas. Mais uma semelhança com a recente noite em que conseguiram um bom número de Nômades abatidos.

      E era algo que eles esperavam que se repetisse.


      "Relaxa, Maks" — Yelena pediu; pela terceira vez.

      "Eu tô tranquilo" — o Caçador novato respondeu, roubando um discreto sorriso da Caçadora pela mentira, dita sem olhar para ela.

      A garota já havia reparado que ele caminhava no mesmo ritmo imposto por ela, mas que ainda estava longe de partilhar da mesma segurança. Ao contrário de sua parceira, a tensão era evidente em cada músculo do seu corpo, deixando as costas rígidas e os braços pendendo sem muito movimento ao lado do corpo; o cabo da arma empunhada acabava sendo apertado com força demais e qualquer fragmento de ruído vindo das sombras deixava seus sentidos em alerta máximo.

     "Eu estou tranquilo, não se preocupe." — repetiu ele, embora continuasse a falhar em demonstrar convicção nas palavras. — "Mas obrigado por escolher ser minha parceira hoje..."

      Ela olhou para ele outra vez e estranhou a pergunta. — "Por que está me agradecendo por isso, Maks?"

      "Olha, eu sei que tenho minha importância no grupo e tal, mas é bem evidente que eu não sou muito útil na hora da ação propriamente dita." — Ergueu a arma na altura do rosto e a olhou, como se fosse algo do outro mundo. — "A minha pontaria é ridícula. Se dependerem de mim para balear um Nômade, estarão ferrados."

      "Você está se cobrando demais." — Yelena sorriu. — "E está subestimando sua própria importância. O Kaneda só está vivo por sua causa, lembra?"

      "É..." — ponderou ele, analisando aquele ponto a seu favor. — "Talvez, tenha razão. Talvez, eu realmente seja mais importante do que imagino."

      "Ou, talvez, eu tenha dito isso apenas pela obrigação de evitar que se desanime."

      Ele ficou calado com a indireta e se limitou a olhar para ela com o canto dos olhos. Mas quando ela devolveu o olhar com um sorriso, ele suspirou aliviado ao perceber que era uma brincadeira.

      "Não se preocupe, Maks" — complementou ela, dando um leve tapa no ombro dele, voltando a olhar para frente durante a caminhada pela rua deserta, com seus sentidos sempre atentos aos sons e movimentos ao redor. — "Não te escolhi por caridade. Você é alguém valioso para se ter perto.

      "Claro que eu sou..." — E ergueu novamente a arma. — "Nenhum de vocês atira como eu."

      "Mas se eu precisasse mandar um aviso importante aos outros, bastaria repassar a você que isso seria feito de modo imediato" — exemplificou ela. — "Você é o cara que nos mantém em contato o tempo todo."

Legado da Destruição 2 - Poder DespertoOnde histórias criam vida. Descubra agora