Capítulo 32 - Corra! Corra! Corra!

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      Mansão Wayne.

      Kaneda despertou sobressaltado.

      Após se levantar num pulo, vestiu de maneira apressada seu uniforme de Caçador, que consistia numa calça jeans preta e numa grossa jaqueta forrada de moletom, também preta, mas com um pequeno detalhe listrado nas mangas em azul. Basicamente, só precisou vestir a jaqueta e a balaclava, pois a calça, já usava ao dormir, o que agilizou a ação. Descartou os tênis All Star pretos, que era o que faltava para seu uniforme ficar completo. Não havia tempo para calçá-los. Teria que ir descalço mesmo.

      Saiu do quarto em disparada, passando por um sofá que ele já sabia estar vazio, vendo apenas os cobertores revirados. Com muita pressa, se dirigiu até o armário das armas e pegou sua pistola e munição, voltando a correr na direção da porta que levava à Batcaverna. Após abri-la, desceu as escadas num único salto, colocando o pente e engatilhando a arma antes que seus pés tocassem sobre o piso da garagem. E logo que tocaram, tornou a correr, sentindo uma urgência esmagadora o impulsionar, enquanto tentava chamar por Maks de maneira insistente; mas não obtinha resposta.

      Na última porta, que levava à saída pelas tubulações de esgoto, abriu com toda pressa do mundo e disparou como uma flecha para fora. Ela voltou e se fechar novamente atrás dele numa batida forte, após rebater na parede.

      Ele sabia muito bem que iriam brigar por ter saído mais uma vez sozinho; sabia que seria castigado quando voltasse, mas desta vez, não havia tempo a perder.

      Se acordasse os outros, muito tempo seria perdido até eles se levantarem, se vestirem e ainda iriam querer explicações, mesmo que rápidas. Não poderia arriscar. Um segundo perdido poderia fazer muita diferença.

      Chegando na escada de metal, subiu de maneira veloz, em poucos movimentos, quatro degraus por vez. Retirou a tampa do bueiro num empurrão violento e, enquanto ela rodopiava no ar, ele emergiu num salto sobre a superfície da rua deserta.

      E continuou correndo.

      Correu como nunca havia corrido antes, sempre tentando chamar Maks mentalmente, porém, sem obter resposta alguma. Mantinha ele no seu Radar e gritava durante a corrida, como se isso pudesse lhe dar mais velocidade. O Nômade estava muito perto dele, muito mesmo.

      Perto demais!

      Avistou-os menos de um minuto depois de ter chegado à rua. O Nômade já havia desferido um chute em Maks, que se encontrava caído no chão, perto da calçada em frente ao colégio. E depois do chute, avançou, desta vez, pretendendo usar as mãos, o que geralmente dilacerava as vítimas.

      Kaneda não conseguiria atirar durante uma corrida tão intensa. Ninguém conseguiria, a não ser, talvez, Dmitri. Para ter o mínimo de precisão no disparo, teria que parar por um momento. O problema é que ainda estava muito longe; seria um tiro dificílimo.

      Só que ele não teve escolha.

      Mesmo enquanto imprimia velocidade máxima, tentou parar, inclinando o corpo para trás e flexionando os joelhos para manter o equilíbrio, ao mesmo tempo em que apontava a arma.

      Mas na rapidez com que vinha, a parada não foi imediata e seus pés descalços se arrastaram sobre o asfalto irregular. Apertou os dentes quando sentiu a fisgada nas solas, no momento em que elas foram gastas com a fricção, se abrindo em alguns pontos, deixando uma parte em carne viva em contato direto com chão escuro. E foi durante o choque de dor que ele apertou o gatilho e disparou.

      A arma que usava era a Glock 27 calibre 40; pistola que era pequena e leve, com apenas dezesseis centímetros e meio de comprimento e pesando um pouco mais de oitocentas gramas quando carregada. Contava ainda com um cabo em tamanho reduzido, que, embora ainda fosse largo demais para se encaixar de maneira perfeita em suas mãos pré-adolescentes, sua força ampliada tornava possível o manuseio da pistola com segurança.

Legado da Destruição 2 - Poder DespertoOnde histórias criam vida. Descubra agora