Capítulo 28 - Chamado Inesperado

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      01h20min da manhã.

      "Preciso da sua ajuda."

      — Hã...?

      Maks despertou subitamente, se colocando sentado sobre a cama num movimento rápido. Com a mente ainda entorpecida pela letargia do sono, movia a cabeça para os lados em meio à escuridão, procurando quem o chamou.

      "Preciso da sua ajuda" — repetiu a mesma voz, sendo agora ouvida com mais clareza pela mente já totalmente desperta do Caçador.

      "Ayumi...?"

      "Você disse que se eu precisasse de alguma coisa era só te chamar." — Foi a resposta que ouviu da menina.

      "Claro. A qualquer hora" — ressaltou ele, achando intrigante o fato de ouvi-la, mas de não conseguir localizá-la. Algo parecia estar interferindo na sua habilidade de detecção. Nem mesmo os seus companheiros ali na base conseguiam ser tocados de forma clara pelo seu Radar. Maks não conseguia triangular a posição de ninguém.

      E o motivo disso era claramente aquele poder que envolvia Kyoto. Tornando-se mais uma vez perceptível, ele agora se mostrava com um aumento exponencial de intensidade; como uma tempestade de energia que parecia açoitar até mesmo dentro dele, varrendo o seu mapa mental, colapsando totalmente seu funcionamento.

      "Qual o desejo da minha princesinha?"

      Um pequeno sorriso brotou no rosto da menina quando ela ouviu aquela última palavra.

      "Eu queria que viesse até aqui"

      "Está bem. E nem vou demorar muito. A casa do Misaki fica a sete quarteirões daqui. Pertinho. Mas... aconteceu alguma coisa?"

      "Não estou na casa do tio Misaki. Estou no colégio Nakazawa."

      Ele franziu a testa, estranhando aquilo. Tanto o fato de ela fugir da pergunta, quanto o local onde estaria. — "Sei onde é. Um pouco antes da casa do Misaki. Mas o que faz aí numa hora dessas?"

      Para aumentar a preocupação do Caçador, a resposta demorou a ser dada; e quando veio, continuou envolta em estranheza quando ela disse simplesmente: — "Eu gosto daqui."

      Maks levantou-se, a tensão aumentando a cada resposta que ouvia. Definitivamente, tinha alguma coisa muito errada acontecendo. — "Você... gosta daí...?" — Esticou a mão e pressionou o interruptor perto do sofá, fazendo uma claridade ofuscante tomar toda a sala de súbito. — "Quem te levou até aí, Ayumi?"

      "Ninguém." — respondeu novamente a menina. — "Eu vim sozinha. Pode vir até aqui?" — insistiu.

      O temor por uma armadilha passou a incomodá-lo. Seu Radar continuava errático em informar posições. Todos aqueles pontos captados, antes tão exatos, agora viajavam por toda extensão do seu mapa mental, empurradas como folhas secas colhidas num intenso furacão.

      Kihara...

      Como todos os outros, também era impossível determinar a posição daquele crápula. E isso, particularmente, o preocupou.

      "Não estou gostando disso, Ayumi. Precisa me dizer como chegou aí. Tem alguém perto de você te ameaçando?"

      "Eu vim andando. E não tem ninguém aqui. Só eu."

     O Detector de Maks não funcionava através daquele tipo de comunicação, pois só podia alertá-lo de alguma mentira durante uma conversa em voz alta. Neste caso, não dava para saber se ela estava sendo forçada a dizer que estava só apenas para atraí-lo a uma armadilha.

Legado da Destruição 2 - Poder DespertoOnde histórias criam vida. Descubra agora