The Best Girls.

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Regras não são para todos. 

Capítulo 06

Sunny ainda me olha desconfiada, depois do almoço - que pra falar a verdade estava um pouco frio - seus olhos estão cobertos de perguntas. Não contei tudo e por isso deve haver algumas lacunas em seu cérebro. Solto um gemido de raiva e a olho. 

- Por que sempre há um homem no meio? - massageio minhas têmporas. Sunny pondera, qual a melhor resposta que ela poderia me dar. Como se sente sobre isso? 

- Eu com trinta e três anos posso te dizer que sempre vai ter um homem com quem se importar. E no seu caso não é só um! - me surpreendo, ela raramente dá sua opinião. 

Sinto vontade de gritar, estou tão confusa. Meu cérebro parece que vai explodir, eu já tinha que cuidar de meu pai, agora JungKook para eu me preocupar também? Não estou vendo pagamento algum. Tento não pensar sobre isso, o tempo dirá. 

- Ache a melhor saída, faça aquilo que você quer! Não seja a sombra dos outros. - Suspiro e me levanto. As costas doendo pelas quase duas horas de conversa. 

- Obrigada por hoje, fique bem! - sorrio amarelo e me retiro. 

Não faço a mais vaga ideia do que está acontecendo. 

¤¤¤

A noite está estrelada, minha terceira xícara de chá e JungKook não chegou. Eu o odeio por me fazer esperar, eu odeio por me fazer perder um dia de trabalho. O sino toca e ele aparece, quase dou-lhe um soco quando se senta à minha frente com seu sorriso debochado. 

Semicerro os olhos e o fuzilo, me imagino trucidando seu corpo e parece uma boa hipótese. 

- Quantas vezes mais vai me fazer esperar? - bebo um gole do chá, tentando me acalmar, do que vai adiantar ir as sessões se JungKook ficar para acabar com meu psicológico. 

- Várias, pois sei que vai estar em todas as outras... - se estica e pega o celular. 

- Está dizendo que sou previsível ou é só impressão? - pergunto, jogando meu corpo para frente, suas orbes escuras miram-me. Um aviso claro de desafio. 

- O time de futebol tem um caderno, o The Best Girls. Nele anotamos em nossos nomes os pontos, cada garota tem uma pontuação. Você por exemplo vale oito pontos...

- Só? - sussurro mais para mim do que para ele. Pensei que fosse mais cara. 

- E se você dorme com a garota dobra os pontos. Nina me contou sobre Kywan... e eu fui tirar satisfação. - mordo o lábio para não vomitar um monte de perguntas.

- Por curiosidade, quantos pontos você tem? - sorrio sarcástica. 

- Sessenta e dois... - murmura envergonhado, sorrio. Vou colocá-lo nos eixos. - Mas, isso não é o importante. Ele apenas queria os pontos. 

- Isso eu entendi. O que estava fazendo com Nina? - percebo que estou tentando não deixar o assunto acabar, não quero que ele vá. 

- Não estou interessado nela, se é isso que quer saber... fique bem, presidente Misoo! - sorri e se levanta. Coloco o cabelo atrás da orelha e sorrio. 

Corro para trás do balcão e recebo um sorriso simpático de Nam que me entrega o chapéu e o avental. 

... 1 semana depois ...


Minha cabeça lateja assim que chego do trabalho, faltei alguns dias para estudar e optei por cobrir os dias nos sábados. 

Quando vejo o carro na garagem, um músculo de meu rosto se tensiona. Appa raramente está em casa, durante seu tempo de folga, revesa entre dar atenção para e mim e para sua "nova namorada". 

Quando abro a porta o cheiro de comida me deixa zonza junto com algumas malas na sala. Minha primeira pergunta é: "Que porra está acontecendo?" E depois "Papai o que você fez?" 

Uma mulher loira está ao seu lado no fogão, eles riem e cozinham juntos, uma lágrima escorre por toda a extensão da minha bochecha, somos uma família feliz novamente? 

- Quem é vivo sempre aparece! - papai vêm em minha direção, deixa um beijo em minha testa e estala os dedos em minha frente. 

Escolhemos que caminho seguir e eu escolhi o qual eu excluía a hipótese de uma nova mãe, e agora todas as minhas escolhas foram deixadas de lado pela felicidade. Ele não me consultou, não me fez perguntas, não me mostrou quem era a mulher. Ela se vira, é estrangeira. Seus cabelos loiros são tingidos, está longe de ser a cor natural. Gostaria de me bater, eu mal a conheço e já quero que vá embora.

Não devo compará-la à minha mãe mas, assim estou fazendo. O sorriso dessa mulher que responde pelo nome de Camila, é branco, algum tipo de estética dentária. 

- Prazer! - sua mão gélida toca a minha. Nem parece que acabara de sair de perto do fogão. Franzo as sobrancelhas tentando me habituar à situação. 

- Eu estou cansada! - concluo. As únicas palavras que saem, são duras. Meu pai não esconde o semblante triste. 

Subo as escadas rapidamente e assim que abro a porta de meu quarto tampo a boca para não vomitar, uma garota - estrangeira também - está sentada na minha cama, olhando as fotos do meu álbum com minha família. 

- Não, não, não! - grito e corro para o banheiro. Ligo o chuveiro no máximo, a fumaça quente deixa o espelho embaçado, ótimo assim não posso ver minha cara inchada. 

Não quero ter uma família assim, estou bem com meu pai. E uma irmã? E bonita? Não quero, não aceito mudanças. 

Uma semana e meu pai faz isso. Penso. Mas não, são uma semana que ele a conheceu e quase onze anos que ele procura alguém. 

Eu quero minha mãe, a verdadeira. Aquela que me abandonou, que machucou meu coração.  


Desço e os encontro jantando, a garota está sentada no meu lugar e a mulher no lugar da minha mãe. Estou fazendo drama ou não sei como reagir a mudanças? 

Me sento e sorrio amarelo, o que sai mais para uma careta. 

- Peço desculpas pelo que aconteceu! - sussuro. Me sirvo dos legumes e Camila me passa a xícara de arroz. O cheiro gostoso de carne me faz pensar se eu devo mesmo ser escrota com elas. 

- Tudo bem, querida! - a namorada de papai toca meu braço e eu o puxo. Vou guardar isso para mais tarde. 

- Camila e Munique moram no Brasil! Vão ficar conosco por enquanto! Estavam apenas de passagem mas, nos conhecemos! - os braços deles se tocam e a vontade de vomitar se faz presente. Eu deveria ficar feliz por meu Appa. Por que sou tão escrota? 

- Sim, é uma longa história de como nos conhecemos... 

Munique e Camila, Camila e Munique. Vão embora. Quero gritar...

- Você não pode simplesmente colocar mais duas pessoas em nossa casa e querer que eu engula facilmente. - grito, papai está sentado apenas escutando e eu ando de um lado para o outro. A cama dele está arrumada, o chão cheio de malas com roupas que não são nossas. - Quero que seja feliz, porém não sei se estou pronta para uma nova vida. Uma meia-irmã? Uma madrasta? O que mais vai enfiar embaixo do nosso teto? Um cachorro, uma avó doente? - deixo as lágrimas caírem, espero que elas escutem, vejam que eu tenho problemas e voltem para o Brasil. 

- Misoo, escute-me. - Dispenso suas desculpas com um acenar de mão. 

- Aquela menina, não vai dormir no MEU quarto. - bato a porta depois de sair. Encontro as duas no corredor e agradeço por não ter uma arma, o rosto delas estariam com uma marca de bala na testa. 

Soco a parede: Uma, duas, três... quinze vezes. O drawall fica com uma marca vermelha e minha mão também. 

Minha forma de dizer Adeus à minha vida, que eu considerava feliz.

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Espero que tenham gostado. 💞

Próxima atualização: 13/02 

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