Encurralados

Capítulo 7 - Perdendo o controle

O tempo deixa de existir.

Uma paralisação total dentro da minha mente.

Nada faz sentido. Minha cabeça está pesada e minha garganta está apertada. Quase dormente.

E ainda assim, sinto ele em volta de mim. A maneira gentil que ele cautelosamente me senta na cama. Como ele esfrega as mãos em meus braços e me sacode um pouco na esperança de que eu vá reagir.

Eu quero, quase consigo, mas logo depois ele se vai.

Sem a presença dele, as imagens me batem de repente. A boneca quebrada. A reação dele e a minha reação. Ele ficou horrorizado por ela, mas é a sua dor que desliza através da minha alma. E é nesse sentimento que nasce minha culpa.

Estou aqui com ele e ela não está. Nunca vai estar novamente.

E por um breve momento, quando ela estava sendo morta, havia uma parte de mim que estava...

Não Deus, não. Não posso me permitir pensar sobre isso.

Eu fico olhando para o espaço e minha visão começa a sumir de novo. Meu peito tenta ceder sobre si mesmo, enquanto minha respiração se torna rápida. Quase me sufocando.

Tudo está elevado, medo, raiva... minha atração por ele. Uma mistura inebriante que me puxa para baixo. Me faz sentir a pior forma de lixo humano.

Como posso ficar ligada depois do que acabei de testemunhar?

Mike retorna e eu o sinto passar algo em volta da parte inferior do meu peito, encaixando-o. Seja o que for, ele torce, então levanta meus braços para deslizá-los através de algo. Com cuidado ele o coloca no lugar.

Alças. Esse pensamento é seguido por outro desconectado. Meu sutiã.

Seu toque castiga minhas veias.

Ele habilmente põe o sutiã em mim, cobrindo meus seios. Devo agradecer-lhe, é o meu próximo pensamento confuso, mas eu não consigo.

Nem um som deixa minha garganta. Ela parece fechada.

De qualquer forma, qual seria o ponto? Embora eu aprecie seu gesto, ainda estou nua da cintura para baixo.

—Estou aqui, baby. — Mike sussurra, sua voz como um bálsamo acalmando meus nervos frágeis.

Por favor. Me faça sentir algo que não seja isso.

Quando estou deitada na cama, ele gentilmente me move.

—Shhhh. — Os lençóis são puxados debaixo de mim e colocados sobre meu corpo. Por um segundo, há um indulto. Seu cheiro me aquece e eu o inspiro. Seguro ele nos meus pulmões. Meus dedos se contorcem, e a vontade de agarrar a mão dele é quase bem-sucedida.

Silenciosamente, ele vai embora.

Não. Volte. Eu preciso de você.

Ouço os meus pensamentos em alto e bom som, mas não posso dizer eles. As luzes ao nosso redor escurecem mais uma vez, eu acho. Então, novamente, eu mal estou registrando o que meus olhos estão vendo. Não tem como eu ter certeza. Imagens borradas são mescladas com terríveis memórias.

A canção de ninar degenerada começa a tocar novamente.

A cama afunda atrás de mim e os lençóis são levantados. Mãos fortes me agarram e me viram. Um gemido escapa da minha garganta, é a única coisa que consigo colocar para fora.

Graças a Deus ele entende. Talvez ele precise de mim da mesma forma.

Mike me coloca sobre ele, meu ouvido no seu peito. Sua mão desliza por baixo do meu cabelo, me acariciando, e lentamente o calor começa a entrar de volta. Instala-se profundamente e meu coração se calma.