Capítulo 10 - Tortura, proposta e perdição

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Meu cérebro voa através de todos os rostos que eu me lembro de ter visto naquela festa, mas é inútil. Primeiro, eu estou alto pra caralho. E segundo lugar, não conhecia mais da metade das pessoas lá. Como eu iria identificar exatamente quem estava nos espionando?


Uma coisa é certa, quem quer que fosse, estava perto o suficiente para ouvir a conversa de Valu com Marcos.

Minha visão fica vermelha. Acho que nunca estive tão fora.

Mike, sua vez. Beba.

Senso comum ainda existe em algum lugar dentro da neblina na minha mente, e está me implorando. Me pedindo para parar de ficar louco. Obedecer, por causa de Valu pelo menos.

Mas eu estou alto, minhas emoções estão amarradas e meu controle de impulsos está baleado. —Não.

Um baixo suspiro ecoa na sala. Um som que seria de pena, mas ouço felicidade nele.

Maldita, ela quer que eu a desafie.

Como sempre.

Você tem sorte que eu não posso machucá-lo fisicamente sem pôr em perigo seus corações.

Valu inala bruscamente e seus olhos assustados voam para bloquear nos meus.

Instantaneamente estou andando até ela, meu coração acelerando com o pavor nos seus olhos. Paro na frente dela. De sua posição sentada na cama, ela tem que inclinar a cabeça para trás para olhar para mim. Segurando seu rosto, eu me forço a mostrar uma calma que não sinto. —Está tudo bem. Eu estou aqui.

Além disso, não dá para saber se nossa captora está mentindo ou não. Talvez seja o que eu pensava inicialmente e fui drogado com uma quantidade insana de MDMA, ou algo quimicamente semelhante a ele.

Ou nossa captora quer que acreditemos a fim de foder ainda mais com nossas mentes.

Como você sabe que está tudo bem, Mike?

—Tudo bem. Vou beber a água. — Estalo, rezando para que minha aquiescência vá fazê-la se calar. Valu precisa focar em mim, não nas merdas que essa puta continua vomitando. Liberando o rosto de Valu, inclino-me para pegar uma das garrafas de água.

Está gelada, uma gota de condensação do lado de fora apesar do frio na sala.

Eu a destampo e inclino a cabeça para beber. Assim que o líquido frio bate na minha língua, não posso segurar meu gemido.

Foda-se. Eu precisava disso. Mais do que eu sabia.

O baixo choramingo de Valu me pega de surpresa. Meu pau se mexe ao som. Lentamente abaixando a garrafa, deixo minha cabeça cair para ver o que está errado.

Os olhos dela estão seguindo as trilhas de água caindo no meu peito em direção a meu pau.

Meu pau ainda duro, dolorido.

Eu estava tão perdido na água que não senti ela derramando pelos lados da minha boca enquanto eu bebia.

Engolindo nervosamente em seu olhar fixo, pergunto. —Baby?

Ela se move na cama, esfregando suas coxas juntas. Seus olhos ainda na minha ereção. —Não sei quanto mais eu aguento, Mike.

Então a vibração é iniciada sob os nossos pés. Aquela que sinaliza a parede deslizante sendo aberta.

Meu coração está acelerado.

Os olhos de Valu já estão brilhando com lágrimas.

Você transaria com ele agora se eu te dissesse, não é Valu?

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