Cantarolando

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M.F

Me despedi de todos para ir pra casa, até Aracy me chamar para que eu me despedisse dela. E quem estava ao lado dela? Marisa. E, por incrível que pareça, mesmo que eu tenha espairecido um pouco, eu não consegui esquecer esse maldito beijo e aquele sorriso dela ao me olhar no palco.

-Não fala mais com os pobres? - Aracy brinca.

-Eu tenho horror a pobre! - praticamente grito, imitando meu personagem, e nós três rimos e não pude evitar reparar no sorriso de Marisa novamente. Ôh caramba!

-Caco é praticamente pobre e tem horror a pobre. É doido. Se deixar, ele bate um monte de carteiras. Principalmente do Vavá. - Aracy fala. -Já dei uma lida no próximo "episódio". - faz ênfase na palavra episódio.

-Olha só. Mamis poderosa! - Marisa ri. -Eu ainda não tive acesso a esse roteiro.

-Nem eu. Sabe de uma coisa? Acho que a cascacú jogou tanto laquê perto dos diretores que eles passando mal, deixaram ela ter um spoiler do próximo. - digo, mais uma vez brincando com o cabelo de Aracy.

-Muito engraçado, você. - Aracy ri, em seguida revirando os olhos, e Marisa repete o gesto, me olhando.

Tento novamente decifrar o olhar de Marisa, que está bem mais calmo do que todas as outras vezes que a encontro. Será que ela também tá pensando no que eu tô pensando? Babilônia que pariu. Eu tô é perdendo tempo pensando nisso.

-Eu acho que estou atrapalhando aqui, né? - Aracy diz, nos tirando do transe.

-Oi? - falamos ao mesmo tempo, e Aracy dá risada.

-Qual é a graça, cabeção? - pergunto.

-Vocês são a graça. - e continua rindo. -Eu já tô indo. E vou ficar quieta pra não falar besteira. - dá um beijo na testa de Marisa.

-É bom mesmo. Fica quietinha. - Orth fala, revirando os olhos e rindo.

-Tchau, loro! - me abraça e sai.

Nos deixando sozinhos, perdidos novamente em pensamentos. Na verdade meu pensamento é pensar no que ela tá pensando que eu tô pensando, entende? Ugh, nem eu entendi essa merda. Mas enfim, ela se levantou, viu alguma coisa lá "no fim do túnel", e colocou a mão em meu ombro.

-Até amanhã, Falabella. - dá dois "tapas" em meu ombro, saindo.

-Até, Orth. - acabei de me dar conta de que, quando eu a respondi, ela já tinha saído. O que aconteceu comigo pelo amor de Deus?

-Booh! - sinto uma mão em meu ombro, e dou um pulo quando viro e vejo Tom.

-Ah, vai a merda, Tom. - e nós dois rimos.

-Que clima novamente, vocês dois. - riu. -E olha que não estavam nos palcos!

-Que clima o que? De clima aqui só tem esse calor infernal. - me abano, olhando pra ele, que revira os olhos.

-Com certeza tava bem mais quente pra você quando a Marisa tava aqui. - olhou para os lados, como se não tivesse dito nada. Mas o que será que ele quis dizer? (Sintam a ironia)

-O que você tá querendo, maluco? - faço uma expressão mais séria.

-Nada. Só sei que você e a Ma... - ah, pronto!

-Não completa, você sabe bem que não tem esse negócio de Orth e eu. Caramba! - balanço a cabeça com negatividade, com meus braços escorado em minhas pernas.

-Ui, que bravinho, ele! - levanta os braços como se estivesse se rendendo.

-Tchau, Tom! - "bato" nas costas dele.

-Tchau, abestado! - rimos e eu saio.

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( Ah, gente, por favor guardem o Tom e a Aracy, que serão os cupidos incríveis, hahaha. Aliás, todos serão, mas os dois terão participação maior. )

Todos saíram de lá com o roteiro do próximo episódio. E não, ainda não seria no teatro, isso estava sendo resolvido ainda. A única certeza que tinham é que seria gravado no Teatro Procópio Ferreira.

Os seis estavam apaixonados por seus personagens, eles realmente se entregavam ao interpretá-los. Bom, Tom já estava praticamente decorando tudo, Aracy só dava risada, Márcia é outra maluca do riso frouxo, Luis.... bom, Luis acabou dormindo depois de umas três lidas...
E Marisa e Miguel? Estavam com a cabeça em outro lugar. Não conseguiam se concentrar no texto. Não conseguiam se concentrar em nada! Não que eu esteja dizendo "Ain, eles só estão pensando um no outro agora", não, não é isso! Eles simplesmente estavam desconcertados... ops! É desconcentrados. Mas creio eu que "desconcertados" também se encaixa perfeitamente.

-Mari...Magda! Eu estou in... aaah, Babilônia que pariu! - Miguel revirou os olhos e respirou fundo. Porque já era a sétima vez que ele tentava fazer corretamente aquela cena sozinho em casa.

-Não vai pra esse espaço aí coisíssima nenhuma! Você vai é ficar aqui comigo. Isso sim. - Marisa levanta de seu sofá, pulando, parecendo não acreditar, não errou uma palavra e se concentrou... pelo menos nessa fala.

-Você nem tem dinheiro pra isso, Caco Antibes! - Aracy fala, se recompondo e entrando no personagem, mas ao mesmo tempo não entendendo direito o que fala.

-Só acho que esse Caco aí, é pobre. - Márcia fala, sentando no sofá de sua casa, como se fosse o do cenário.

Estavam todos animados e ansiosos. Será a última vez que eles farão isso somente para os diretores. A última. Não vêem logo a hora de irem para o teatro. É uma experiência maravilhosa. E única.

Depois de darem mais uma ensaiada, cada um a sua fala, eles adormecem. Ah! E voltando aos dois, Marisa dormiu rápido, Miguel demorou um pouco, ainda incomodado por um motivo que ele não sabia qual era, mas a gente sabe né? Ah, como é bom ser escritora/leitor(a).... bom, as vezes nem tanto, mas relevamos.

                     AMANHECEU

Primeiramente, eu não sei porque coloco esse "amanheceu" assim.
Segundamente, falei merda e esqueci completamente o que ia escrever.
Sério, gente. Não é imitando o Miguel não, tive um bloqueio cerebral agora, por mais que as vezes pareça que eu nem tenha cérebro, tive um bloqueio aqui. SOCORRO! (23:12 da noite. Marquei pra ver em quanto tempo lembro)
Lembrei, mas não vai sair da mesma forma que eu tinha pensado em escrever. (00:21 AAAAAAAAAAAAAA)

Enfim. Marisa acordou, fez suas higienes pessoais, e, ficou parada e se olhando no espelho. Mulheres que estão lendo sabem, né? Quando do nada você começa a se olhar no espelho pensando na vida? Então.

-Esse coração que mente, e que tenta parecer valente, mas que não deixa de pensar em você... - Marisa cantarola. -Esse coração que.... - e se interrompe. -Credo, Marisa. Que merda é essa... - revira os olhos afastando os pensamentos, tentando lembrar de outra música pra cantarolar, mas só essa vinha em sua mente. -Esse coração que mente, e que me lembra que eu não sou tão forte, e o pior é que não consigo deixar de te amar... - Marisa se encara no espelho. -Ô CACETA! Para!

-Para bailar la bamba, para bailar la bamba se necesita una poca de gracia... - Tom Cavalcante cantarolava no chuveiro.

-O que você foi fazer no mato, Maria Chiquinha? Tanananam, que que cê foi fazer no maaatoo? - Márcia cantarolava enquanto colocava as coisas em sua bolsa.

-Você já sabe, me conhece muito bem... eu sou capaz de ir e vou muito mais além do que você imagina...! - Aracy cantava, rodando por sua casa.

Luis? Luis dormindo, ainda. Esse aí só dorme.

-Como posso não dizer que não? É melhor aceitar que o que vivemos foi um erro e te apagar da minha mente, cheguei ao ponto de perder a razão... - Miguel canta e fica intrigado com a música que acabara de sair de sua boca, mas ele continua, baixo. -Mas infelizmente sempre há algo que me une a você... - e fica encarando o chão.

Eu Odeio Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora