Não adianta se martirizar!

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Tom e Luís perderam a noção de horário. E o senso também. Falaram que iam ficar de olho no Miguel, e ficaram? Não! Onde ele está agora? Na varanda. Exatamente, na varanda. Se aquela hora ele não estava, agora sim. Está completamente bêbado.

Não sei, algo a incomoda pra sair de seu quarto e ir até a varanda. Não sabe porquê. Queria continuar enrolada nas cobertas, chorando. Mas aquilo continuava em sua mente. Então ela se levantou, sem ânimo. Não estava muito a fim de ver a escassez de estrelas do céu agora.

Mas ela foi. E deu tempo de impedir uma tragédia: todos os vasos de flores estavam jogados no chão. Miguel estava pendurado, olhando lá para baixo. Pensando em fazer besteira. Estava cambaleando. De qualquer forma ele cairia dali, por mais que não quisesse.

-Miguel, pelo amor de Deus! - Marisa gritou antes que fosse tarde. Miguel desceu dali ao ouvir a voz dela.

-Marisaa, eu já disse que você é muito linda? - andou cambaleando até ela.

-Miguel, você bebeu? - o segurou pelo rosto e confirmou. -Você sabe que não pode, que você tem problema com bebida, Miguel! - estava sendo firme com ele, mas por dentro sabia o porquê de ele ter enchido a cara.

-Não bebi nãooo. - quis sair andando por conta própria e caiu no chão.

-Pelo amor de Deus! - Marisa foi até ele e o ajudou a levantar. Bom, tentou. Acabou que ela ficou no chão, sentada, com a cabeça dele em suas pernas. Ele ficou a olhando. -Não me olha assim, o errado aqui é você.

-Não, neeesse caso, voocê é... - levantou de seu colo.

-Deita aí. - o puxou novamente para deitar em seu colo.

-Não quero mais. - se levantou rápido, tanto, que ficou mais tonto do que já estava.

-Tá, se apóia em mim, pelo menos? Deixa eu te ajudar? - ele assim o fez. Quando estavam saindo de lá, ele se perturbou de novo.

-Não! Eu não quero sua ajuda! Não quero ajuda de ninguém, muito menos de você. - ela não tinha argumentos, em sua mente, ela merecia aquilo, e todo o desprezo de Miguel, bêbado ou não. Mas ela não ia deixá-lo sozinho. Não nesse estado.

-Você não vai ficar aqui sozinho. Muito menos nesse estado! - se aproximou dele. -Escuta aqui: eu nunca vou te deixar sozinho!

-Já deixou, Marisa. - ele disse isso num tom tão firme que Marisa ficou ainda pior. Parecia até que estava sóbrio.

-Eu... - tentou falar, mas ele colocou seu dedo indicador na frente dos seus lábios.

-Você não consegue falar mais nada porque sabe que eu tô certo. - saiu andando, ou melhor, cambaleando pelo corredor, e ela foi atrás.

-Miguel! - sua voz já saía falha.

-E é melhor você não me seguir! - e a deu um tapa no rosto. Que a derrubou no chão. E saiu batendo pé, e trombando nas coisas até chegar na porta de seu apartamento.

Estava doendo, até tentou ver se estava sangrando. Engoliu o choro, se levantou e foi atrás de Miguel. Ele era mais importante no momento. Quando chegou perto dele, ele estava para abrir a porta.

-Miguel. - ele ficou imóvel. -Olha pra mim. - continuou parado. -Preciso que você olhe pra mim. Por favor. - e então ele olhou. -Isso. - ela colocou uma mão em seu ombro. -Agora você vai tomar um banho, e vai dormir.

-Eu nãoo quero.

-Mas você vai. Não importa. - e o empurrou pra dentro.

-Já está bem claro que o meu querer nunca importou pra você. - falou naquele mesmo tom, novamente. E eram como facadas no coração dela. Mas sabia, que a culpa era dela. Bom, talvez em parte, mas ela estava convencida de que era totalmente culpada. Estava mal por estar ali. Mas não o deixaria sozinho.

Eu Odeio Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora