O Odeio Com Todas As Minhas Forças!

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A.B

Chego no estúdio, sim, bem mais cedo, estou tão ansiosa!
Me sento no sofá e fico relendo o texto, porque ontem quase errei umas mil palavras por conta do meu riso frouxo. Mas também né, não preciso falar nada, qualquer um do elenco que chegar aqui, mesmo sem falar nada, dá vontade de rir só na hora de olhar na cara.
Falando em elenco... aqueles dois malucos não se acertam. Seria tão bom se eles pelo menos se dessem bem. Se bem, que ontem depois daquela cena, eles estavam bem. Bom, foi só ontem. E por aquele curto período de tempo. Um sonho que seja assim sempre. E quer saber? Vou dar um empurrãozinho.

-Ah, mas eu vou. - acabo falando em voz alta, e sinto uma mão em meu ombro, e uma voz quase gritando.

-Vai o quê, Aracy Balabanian? - ah mas esse Tom Cavalcante é muito besta. Ele ri com minha cara assustada.

-Eu hein, como você é besta. - reviro os olhos, rindo. Ele me cumprimenta, e se senta ao meu lado.

-O que você vai fazer? - ele pergunta, na maior cara de pau.

-Nada. - dou de ombros. Mas aí lembrei que ele também quer que aqueles dois fiquem bem... na verdade, todos querem. -Falando a verdade, eu...

-Muito feio isso, Aracy. Escondendo as coisas dos amiguinhos. - balança a cabeça com negatividade.

-Eu tava pensando numas coisas. - cruzo os braços. -Você sabe de algo que pode ajudar duas pessoas a fazerem as pazes?

-Puts... - ele bufa. -Primeiro tem que se saber o motivo das pessoas para terem brigado, e... - acho que agora ele entendeu, pois me olhou com um semblante de quem compreendia melhor minhas palavras. -Ah, tendeu. Tá querendo ajudar o loro álcool e a gata gasolina fazerem as pazes? - ri de como ele se referiu a Miguel e Marisa.

-Talvez. - levanto os ombros, encarando o chão.

-Nem santo faz esse milagre. - cruza as pernas.

-Cala a boca, Tom! - bato nas costas dele. -Não fala assim. Tem que ter algum jeito. Porque se não ninguém aguenta. Já pensou, eles brigando todo ensaio? Não temos previsão de quanto tempo a peça vai ficar em cartaz, bebê. - falo irônica.

-"Putsgrila", verdade. - balança a cabeça e descruza as pernas.

-Agora vai pensar em algo aí também. - bati na cabeça dele.

-Eu mereço!

-Merece mesmo. - pisco pra ele. -Ninguém mandou me assustar. Agora eu quero ajuda.

-Tranca eles no camarim até eles fazerem as pazes. Eu hein. - cruzou os bracos e riu, como se não houvesse falado sério.

-Ótima idéia! - sorri, já pensando em como fazer.

-Você levou essa merda a sério mesmo? - me olhou desentendido, e eu apenas assenti, enquanto ele ria. -Eles vão te matar! - coloca as mãos na cabeça.

-Se os dois tiverem unidos, mesmo que contra mim por enquanto, por mim não tem problema. - rio novamente.

-Você tá lelé da cuca? Se trancar eles num local, qualquer um que seja, o lugar vai pegar fogo! - Tom fala e eu rio de seu olhar desesperado.

-Vai ser tipo Romeu e Julieta, os dois morrem juntos e suas almas se... - ele interrompe minha paranóia.

-Você tem sérios problemas, Aracy Balabanian. - balança a cabeça com negatividade.

-Tá. Mas tirando a parte... - giro os dedos ao redor da minha cabeça, indicando loucura. -Menos louca da história... trancar eles numa sala é uma ótima idéia!

Eu Odeio Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora