Teste de gra...

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Quase um mês depois...

M.O

Estávamos no teatro, apresentando tranquilamente a peça. Ao vivo. Miguel é um palhaço. Acho que daqui a pouco o Dennis começa a proibir o "c*" aqui dentro, de tanto que o Miguel fala. E o Tom também.

Não sei como vim parar aqui, numa cama. Só me lembro de um enjôo logo depois que saí do camarim. Olho para os lados e não tem absolutamente ninguém aqui comigo. Sei reconhecer bem, então, sei que, graças ao bom Deus, isso não é um hospital. Sim, tenho pavor desses lugares.

Ouço alguém bater na porta, e logo em seguida, a voz de Tom.

-Tá batendo porque? A mulher tá desmaiada. Ela vai te responder um "pode entrar"? - completamente zoeiro, riu.

-Pode entrar. - respondi e deitei novamente, fingindo ainda estar desmaiada.

-Segura essa agora. - Márcia falou e senti Tom se aproximar, enquanto eu me segurava ao máximo pra não rir.

-Sem condições. - mordi os lábios, segurando o riso que estava vindo. -Corta, diretor. - Tom praticamente gritou e eu não pude conter a risada alta. Bem alta. -Reprovou no teste de atriz. - balançou a cabeça, e voltou a olhar pra Márcia. -Segura essa agora. - ela estirou a língua na direção dele, e ele fez o mesmo.

-Tá melhor? - Márcia pergunta e eu apenas assenti. -Certeza?

-Ela quer que você responda com a boca. - Tom riu.

-Eu estou bem. - sorri, e Márcia fez o mesmo. -Fiquem tranquilos. - pisquei. -Só não sei como aconteceu.

-Você tava sozinha no camarim, e quando fui te chamar, te encontrei desmaiada na porta. - Márcia explicou e eu apenas franzi o cenho.

-Marisa, com todo o respeito, você e o Miguel já... - Tom começou e Márcia a interrompeu.

-Não começa. - falou autoritária, e me olhou, rindo sem graça. -Não liga pras paranóias dele.

-Ué. Eu só quis dizer. - Tom deu de ombros. -Esses enjôos não começaram hoje. - cruzou os braços e Márcia colocou as mãos sobre a cabeça, e eu ensaiei um olhar preocupado.

-Vai no médico, Mar. - Márcia me propôs e eu fiz uma cara enjoada. Eu detesto hospitais. -Não vem com essa cara não, querida. - revirei os olhos. -Tem que ver o que é isso aí.

-Eu quase falei pro Miguel ir comprar um teste de gra... - Márcia colocou a mão por cima da boca de Tom.

-Vaza daqui. - ela falou e abriu a porta do pequeno quartinho.

-Tá legal. - ele saiu, dando de ombros.

-Ok. - Márcia falou, assim que ele saiu. -Existe possibilidade de ele estar certo? - eu arqueei as sobrancelhas. -Marisa, sério.

-Não, né. - ri. -Pelo amor de Deus.

-O "não" é porque você e o Miguel nunca... - encarou o teto. -Você sabe. - me olhou. -Ou porque... tipo, já e você não quer?

-Não porque nunca tivemos nada... nada assim, Márcia! - dei risada da cara dela.

-Ah tá. - sorriu de lado.

-Mas vamos a um assunto do qual eu estou querendo tratar contigo há um tempinho... - a olhei nos olhos.

-Ih, lá vem. - encarou as próprias mãos e se sentou na cama.

-E você com o Tom? - ela corou e revirou os olhos, pra disfarçar.

-O que tem? - franziu o cenho e eu ri.

Eu Odeio Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora