Eu Odeio Te Amar

Só depende de você

[...] Enfim, agosto.

M.O

Volto ao Sai de Baixo em setembro. Ou seja, mês que vem. Acharam melhor, sei lá. Arrumaram outros enredos, outros episódios, então eu também não quero atrapalhar. Até porque, disse que voltaria, mas não dei previsão. Setembro tá ótimo. Vai ser até legal ter uma Magdinha grávida.

Sobre eu e Miguel? Não nos falamos nem nos vimos mais também. E, quer saber? Não faço questão nenhuma agora.

-Tá bem, meu amor? - Edson me encarava como quem me observava há horas. Assenti, e ele saiu em direção a cozinha.

Não entendem, acertei? Ok, eu explico.

•

Depois de tantas saídas, tantas conversas, e... até um beijo, Edson me pediu em namoro. Mas estava esperando por uma resposta há quase um mês e meio.

Ele me trata como se eu fosse uma rainha, como se eu fosse da realeza mesmo, sabe? Mas eu não consigo gostar dele com outra intenção ou sentido que não seja a amizade. Até me sinto mal por isso, às vezes. Eu saí de um "relacionamento" meio complicado, não dei realmente certo com ninguém. E eu... apesar de tudo, ainda insisto em amar um cabeça loira e dura, que tem mente de adolescente. Mas a culpa não é minha. Eu tento dar alguns conselhos para o meu coração. Mas, me digam, acham que ele aceita? Não!

Cláudia não gosta nada da ideia. Diz que Edson é um dissimulado, falso. Os dois brigam até quando não estão um perto do outro. Falam um do outro como se quisessem se matar. Parece até eu e o Miguel quando nos reencontramos no Sai de Baixo. Nos odiávamos sem motivo. Mas hoje, hoje... Agora. Agora eu tenho vários pra poder odiá-lo. E infelizmente, eu amo. Amor e ódio ao mesmo tempo, é meio confuso. Eu odeio amá-lo.

Flashback on:

-Não, Marisa, não se preocupe. Você não disse nada que seja sem sentido. Fica tranquila. - sorriu, e eu, involuntariamente, acabei sorrindo também. -Mas vou dizer o que eu te falei primeiro. - mordi o lábio inferior e encarei a cama. -Quem não nos viu depois de quarta-feira, dirá que eu odeio você. Mas acho que o que eu mais odeio na verdade é querer você. E detesto ter que admitir a mim mesmo que não é pouco... - eu não sei o que dizer agora. Mas eu não vou fraquejar. Posso até querer, mas não quero ao mesmo tempo.

-Você não pode estar falando sério. - me viro de costas pra ele. Ouvir isso e olhar nos olhos dele não dá certo.

-Nunca pensei tanto pra falar uma coisa na minha vida. Foi uma noite inteira olhando pra você pra ter certeza se eu deveria falar. - eu não vou deixar o impulso ou sentimento falar no lugar da razão.

-Desculpa, Miguel. Mas eu preciso que saia. - ele me puxou pelo braço pra que eu pudesse olhar pra ele, mas eu fechei os olhos.

-Marisa, olha pra mim. - a voz dele estava tão desanimada que eu quase resisti. Eu quase abri os olhos. Mas apenas virei a cabeça pro lado.

-Por favor... não torna isso mais difícil. - respiro fundo. -Sai, Falabella.

[...] Disse que não fazia mais questão, eu que já estava chorando, quando mais um flashback veio em minha mente:

-Deixa eu ver se eu entendi, Marisa ia se casar pra poupar a vida de Miguel? - Márcia resumiu a história, e eu sorri, sem graça. -Oh my God!

-Ti fofo, ti fofo! - Tom deu pulinhos.

-Gente, menos. - olhei pra Miguel, corada. Talvez até demais, porque minha bochecha tá queimando. -Bem menos. - desviei o olhar para Tom que pulava feito uma criança. -Quase nada.