Perdeu a noção do ridículo?

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Duas semanas depois...

M.F

Marisa teve que se ausentar por conta da gravidez e porque ela mesma pediu. E não é que acabou tendo substituição mesmo? Não substituindo a personagem Magda, porque ninguém consegue interpretá-la melhor que Marisa, mas sim, uma outra mulher, a pedido da própria Orth. E a "substituição" por aquela de quem a gente sempre usava o nome. Me deu até uma nostalgia nesses dois últimos domingos.

Cláudia Raia.

Mas ela não estava muito "de bem", comigo, não. Depois de tudo o que aconteceu, e de ter escutado todas as versões, defendeu a Marisa.

Ninguém do meu lado. Mas o que eu posso fazer? Ela mentiu. Não nego que eu me preocupo, não nego que eu a amo, mas não dá. Simplesmente não consigo fazer nada. Aqui também dói, será possível que ninguém entende?

-Miguel? - Daniel me chamou, pelo microfone, me despertando. Cláudia me encarou e depois conversou por olhares com Daniel. -Olha, vamos dar uma pausa, depois voltamos a ensaiar. - piscou.

Aracy, como sempre, depois ou no intervalo de qualquer ensaio, foi ligar pra Marisa. Márcia ficou conversando com Tom, agora, mais que nunca desconfio que tem alguma coisa com esses dois. Já que a gente não tem parado mais pra conversar direito nesses últimos dias. E Luís piscou pra Cláudia, e daí ela me levou pra coxia. Lá nos sentamos, e senti que o sermão e os discursos iriam começar.

-Se a ama, por que não vai atrás dela? Por que a deixa ir? - a olhei como se não tivesse entendido. -Miguel? Eu tenho mesmo que repetir isso?

-Eu não entendi.... - menti, abaixando a cabeça, e ela bufou.

-Miguel, você AMA a Marisa. E tá deixando ela escapar entre seus dedos. Mesmo quando tudo isso acabar, a culpa ainda vai ser sua. Não percebe? - a encarei. -Não adianta me olhar assim. E nem ficar se martirizando com um "É que ninguém tá do meu lado". A Marisa tá sofrendo ainda. E eu sei que você também está. Mas poxa, Miguel. Você não pensa em tudo o que disse pra ela naquele dia? - eu havia contado pra ela. Me arrependo. Mas não vou correr atrás e nem preparar um discurso de desculpas.

-Penso. E me arrependo. - suspirei, frustrado. -Mas poxa, digo eu, não tem absolutamente ninguém que entenda que eu também sinto dor. - olho para o restante do elenco, os observando, pela abertura. -Eles acham que eu não penso na Orth todo santo dia. Acham que eu não sinto o peso das minhas palavras sobre ela todos os dias.

-Miguel, a Marisa é uma mulher! Até frágil, em alguns aspectos. Mas também é forte. Se acha que vai deixar ela abalada com isso por muito tempo está enganado. E, pelo o que eu vejo, quando ela toma certas decisões, é bem difícil de voltar atrás. - se levantou. -E é melhor você ir, rápido, antes que ela tome a decisão. - e saiu.

Apesar de tudo, eu sei que já perdi a Marisa. Uma hora ou outra, eu tenho que me conformar com isso. Eu conheço bem ela. Muito bem. De tantos e outros "carnavais".

M.O

A Aracy não existe, mesmo! Me liga quase toda hora pra saber como eu estou, só hoje já foram três vezes.

-Eu tô bem, "mãe". - brinquei. -De saúde sim, agora, psicologicamente falando, eu já não sei.

-Qualquer coisa, me liga, que eu saio correndo daqui. - já imaginei ela falando isso e piscando pra mim.

-Não precisa se preocupar. - e resolvi brincar um pouco. -Mas, e se do nada, eu desmaiar aqui? - eu sou uma péssima filha postiça. -Como que eu vou te ligar? Aí não dá...

-Marisa você não é nem doida de desmaiar. Pelo amor de Deus. - sua voz já ficou desesperada. -Tá saindo pior que encomenda. - já senti a mesma revirar os olhos do outro lado do celular. -Tá deitada?

Eu Odeio Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora