O que tudo engloba?

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M.F

-Quando Aracy acenou com a cabeça, não imaginei que tudo aquilo aconteceria.... - penso alto, falando sozinho no quarto, depois de encher mais um copo com cerveja.

-O que tudo engloba? - Tom entra de repente. Bom, na verdade nem sei se faz algum tempo que ele tá aí. E também não me importo.

-Marisa Orth. - respondi, dando de ombros.

-Ah, sim! Você disse pro Luís que iria falar com ela... falou? - me perguntou e eu franzi o cenho, colocando o copo vazio no criado mudo.

-Espera, como você sabe que eu falei pro Luís?

-Escutei a conversa. - deu de ombros. -Sei que para mim você não fala essas coisas. - arqueou a sobrancelha, coçando a cabeça.

-Porque você espalha. - depois de falar, fecho os olhos. Não imagino porquê eu falei isso, não quero arrumar uma discussão com Tom.

-O queeeeee? - fingiu estar surpreso. Uma qualidade/defeito dele é levar tudo na brincadeira. -Que visão você tem de mim. Estou me sentindo ofendido. - colocou a mão no peito.

-Você não presta. - falei rindo, pra tentar descontrair.

-Não, não mesmo. - piscou pra mim. -Mas você falou com a Marisa?

-Falei... e ela me expulsou do quarto dela. - revirei os olhos, só pra parecer que eu não me importo.

-Como assim? - Tom arregalou os olhos. -Tipo... - se levantou. -Saia daqui Miguel Falabella! - gritou fazendo a sua famosa voz de bicha, apontando a porta do quarto. E eu ri balançando a cabeça. -Ou... - se sentou. -Não quero falar sobre isso... vai embora, te peço por favor. - fez voz dramática com as mãos no rosto.

-Foi mais parecido com a última opção. - dei de ombros.

-Ah, ela tá com receio de alguma coisa. Nem se "avexe". - balançou a cabeça.

-Mas receio do quê? - pergunto pensativo e ele coça a cabeça sorrindo de lado. Lá vem uma paranóia de Tom Cavalcante. Ainda bem que já estou sentado, se é que me entendem.

-Oh não! - colocou as mãos na cabeça. -E se alguém estiver pressionando a mente dela pra que ela não fique com você? - passa a fazer voz de suspense e colocou a mão no peito. -Nunca saberemos. - balançou a cabeça negativamente.

-Cala essa boca e vira ela pra lá. - bati no ombro dele, enquanto ríamos. -Ninguém nunca fez isso.

-Ela já te contou por acaso? - me olhou com deboche.

-Não. - dei de ombros. -Mas porquê? - franzi o cenho. -Ela te contou alguma coisa?

-Não. - deu de ombros também.

-Você não é o melhor amiguinho dela? Se ela não te contou, é porque ela não está. Para de ficar falando merda. - bati em sua cabeça e ele voltou a me olhar com deboche.

-Ciúme. - riu. -E eu só brinquei. Me senti um Roberto Cabrini.

-Espero que ele não saiba disso. - balancei a cabeça negativamente.

-Depois você tenta falar com ela de novo. Um dos dois agiram por impulso, incerteza, receio... - arqueou a sobrancelha e se levantou.

-É. - sorri amarelo de canto.

-Outra hora a gente se fala. - bateu continência e saiu do quarto.

Respirei fundo e encarei o teto. Não vou insistir mais. Tanto porque eu nem sinto algo concreto por ela. Talvez seja só uma pequena paixão que NUNCA vai se transformar em amor. E repito: nunca!

Eu Odeio Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora