Passei um tempo para me adaptar a essa nova vida, eu tinha muita merda nas costas para me foder a qualquer momento e essa era a hora de recomeçar. Tentei pagar minhas dívidas aos traficantes e por um tempo fiquei livre das ameaças, mas agora eles querem mais dinheiro e eu não tenho onde conseguir.
Larguei meu emprego como colunista para fugir de Boston, trabalhei como garçonete em duas cafeterias para pagar minha estadia em Seattle e agora estou com o pé na estrada novamente. Eu era uma boa pessoa até entender que quanto melhor você for mais forte a vida vai foder com você.
Recentemente enviei meu currículo para uma empresa de segurança esperando que meus três anos no exército servissem de alguma coisa, já que não melhorou em nada a minha vida. Joguei o celular pela janela do carro quando desviei da rota e após alguns quilômetros na interestadual peguei um retorno indo em direção a amada Califórnia.
Pessoas boas vão sofrendo até se tornarem más.
Essa era a minha realidade, sempre ouvi da minha mãe que deveria ser uma boa garota, tomar as dores dos outros para mim e tentar aliviar o que eles sentiam. Mas apenas quando fiz dezoito anos pude entender o que ela dizia, por causa das dívidas do meu pai com traficantes ela se vendia as noites, tomava as dores dele para que não sofresse muito e então chegou a minha vez, e foi quando eu deixei ela entrar.
Deixei que a cicatriz dos meus pais fosse posta sobre a minha pele e fui consumida pela dor deles, eu matei dois homens naquela noite e não me arrependo disso. Fugi e fui parar no exército apenas para continuar matando por prazer, quando o vazio dentro de mim não foi preenchido por mais que eu tentasse colocar coisas dentro decidi voltar. A verdade é que não importa quantas coisas você tente colocae dentro do vazio que existe em seu peito, o fato dele estar vazio nunca vai mudar.
Depois que meu pai morreu fui contratada por uma agência de assassinos não governamental e expulsa um mês depois, acharam que por eu ter um rosto doce seria mais racional, e esqueceram que a maioria das pessoas alegres escondem uma profunda escuridão dentro de si. A alegria era uma máscara, um enfeite que eu usava para atrair vítimas e problemas.
Desde então eu não tenhompara onde ir, tudo que o meu pai devia foi posto em meu nome. Armas, drogas e carregamentos ilegais, eu estava terrivelmente fodida. Não tinha mais para onde ir e receber um email da empresa me chamando para conhecer meu local de trabalho foi um alívio muito grande no peito.
Minha cabeça tombou sobre o encosto do banco do carro quando uma música começou a tocar na rádio local, o vazio se mostrou presente e eu me sentia assim como a letra da música, Home.
Eu sou uma fênix na água
Um peixe que aprendeu a voar
E eu sempre fui uma filha
Mas penas foram feitas para o céuEntão eu estou desejando, desejando além
Pela empolgação de chegar
É, só que eu prefiro estar causando o caos
Do que deitar na ponta afiada dessa facaCom cada pequeno desastre
eu vou deixar as águas paradas
Me levar para um lugar realPorque dizem que lar é onde o seu coração está gravado em uma pedra
É onde você vai quando está sozinho
É onde você vai para descansar o corpo...Eu não tinha esse lugar, nunca tive e essa era a verdade, o pior de tudo era a aceitação das minhas condições fodidas. Eu não tinha coragem de negar o que fiz porqud eu sabia que a culpa era totalmente minha, e não doía mais, eu aprendi a lidar com a dor e ela não me incomodava.
As lágrimas deixaram minha visão estranha mas não impediram que eu entrasse na estrada de terra, o endereço era exatamente aqui, quando cheguei próximo o suficiente pude ouvir gritos de protestos e alguns palavrões. Já tinha ouvido falar dos Novas Espécies mas saber que iria trabalhar para eles foi como se um balde de água gelada tivesse sido jogado em meu corpo, era fato que eles odiavam humanos e iam me mandar embora em poucos dias. Fiquei dentro do carro tentando decidir o que fazer, ir embora ou enfrentar essa porra? Respirei fundo e peguei minha única bagagem de mão, desci do carro e fui alvejada por alguns cartazes de pessoas furiosas.
- Isso é o caminho para o inferno! Como ousa apoia-los? - gargalhei para a mulher em minha frente, inferno?
- Querida, duvido que exista um inferno maior do que você ter que se olhar no espelho todos os dias e saber que nem plástica te ajudaria. Arruma alguma coisa para fazer da sua vida! - inferno? Ela sabe nem de perto o que é um verdadeiro puta de um inferno.
Quando cheguei aos portões mostrei minha identidade e os documentos das minhas armas militares, os que me abordaram eram humanos por sorte. Depois de toda vistoria eu estava livre para o próximo passo, dialogar com um NE enorme com cabelos negros e olhos meio azulados, eu não estudava muito sobre eles mas um sorriso é sempre um sorriso, certo? Por isso retribui.
- Prazer, sou Night. Irei acompanha-la hoje. - hm, espero que seja até a cama também. Continuei sorrindo gentilmente sem dar a entender meus pensamentos pervertidos, essa semana seria proveitosa.
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Ice - Novas Espécies [L2]
FanfictionLivro 2 Em um ano Ice saiu de prisioneiro para tio superprotetor, ele amava sua nova família na reserva. Fire tentou por muitas vezes encaixar Ice na força tarefa mas depois que matou um humano com as mãos desistiu da ideia. A única humana que Ice r...