Ice - Novas Espécies [L2]

Capítulo 18

Quando meus sentidos voltaram senti algo amarrado ao meu pulso e um frio terrível no corpo, eu estava amarrada sobre uma cadeira completamente nua. Já tinha visto esse tipo de tortura antes, Ella aplicou isso em um dos traficantes que me seguiu até o Iraque, a diferença é que a cadeira tem assento e eu não possuo bolas.

O local era escuro e eu não podia enxergar nada ali, duvidava que fosse dentro de Homeland e sei que Nghit teve algo haver com isso. Forço os punhos apenas para me assegurar que não são cordas, sem escapatória. Eles não me matariam, isso aqui era um aviso.

- Que pena, não temos permissão para tocar em você. - uma voz masculina ecoou no ambiente, eu não conseguia vê-lo. - Esse pequeno show é para lhe informar que te achamos, você tem exatas 48h para nos entregar o dinheiro, ou ...

- Vão fazer o que? Me matar? Novidade, não seria o primeiro idiota a tentar! - cuspi no chão em direção ao som da voz, ele riu e o som ficou mais alto revelando sua aproximação.

- Te matar? E de que nos valeria morta? Sabe, alguns traficantes pagam muito bem por mulheres como você, e por espécies também. Então arrume um jeito de nos dar o que queremos... agora, divirta-se. - escutei o barulho de água e um pano foi posto em meu rosto.

Água começou a ser derramada e eu senti comos e estivesse me afogando, os pensamentos sendo levados pela dor aguda em meu cérebro. Quando finalmente parou senti o primeiro golpe, esse truque era usado por oficiais dos fuzileiros desde que foi descoberto o treinamento cruel e doentiu que recebiam. Para que os soldados não se queixassem de agressões eles usavam toalhas molhadas para os espancar, a dor é agoniante, o impacto do peso da água contra o corpo faz os músculos ficarem terrivelmente doloridos por dias e nenhuma lesão é constatada visivelmente. Varias toalhas se chocaram contra o meu corpo me tirando o fôlego até que a inconsciência me levou.

[···]

Ao acordar em minha cama tive a certeza do envolvimento de Night, não tinha como eles entrarem e saírem daqui sem ajuda de alguém de dentro e ele estava realmente furioso por eu não o ter escolhido. Respiro fundo sentindo minhas costelas reclamarem pelo movimento, me arrasto na cama até encontrar o chão e as lágrimas inundam meu olhos com força.

Choro ali encolhida no chão com medo do que pode acontecer com Ice se eu não pagar o que eles querem, o problema é que eu não tenho onde conseguir. Depois de alguns minutos continuo me arrastando até o chuveiro deixando que a água quente percorra meu corpo, todos os meus músculos reclamam e eu caio ajoelhada, a merda de vida que eu levo estava começando a prejudicar a pessoa que eu mais amava.

Demorei para sair do banheiro mas quando o fiz tentei ajeitar a postura e disfarçar a dor dos olhos, era quase insuportável andar mas eu precisava me manter firme até encontrar um jeito de sair desse buravo de uma vez por todas. Vesti uma blusa larga e um short igualmente afastado do corpo para evitar atrito, desci as escadas devagar indo até a cozinha e comecei a preparar algo para comer.

[···]

- Kira?! - a voz alterada de Ice me despertou, pulei do sofá onde tinha me deitado e me arrependi amargamente pelo movimento. - Tentou colocar fogo na casa?

O encarei como se ele fosse um louco até me dar conta da fumaça preta que pairava na cozinha, eu deixei algo no fogo e me deitei no sofá, o cansaço me fez apagar e eu esqueci completamente da comida. Ele me abraçou apertado, mesmo me machucando eu não reclamei apenas deitei a cabeça em seu ombro e fiquei ali pelo tempo que ele precisou se acalmar.

- Desculpe te assustar, mas quando Night falou que tinha fumaça saindo da sua casa eu entrei em pânico. Que bom que está bem minha fêmea, não posso sequer imaginar perder você. - a vontade de chorar bateu forte mas eu me segurei a ponto de apenas sorrir para ele e lhe beijar o pescoço.

Night estava me vigiando agora, eu tinha que tomar cuidado em qualquer passo mal dado ou ele será o primeiro a me dedurar para quem quer que seja o idiota que está em minhs cola agora.

- Vou leva-la para o quarto, deve ter tido um dia cheio hoje e precisa descansar em um lugar confortável. Eu arrumo essa bagunça. - minha voz arranhava para sair mas o silêncio era melhor agora, ele me pegou nos braços e me colocou sobre a cama devagar. - Está bem mesmo?

- Estou... - como eu imaginei minha voz saiu engasgada e baixa, ele franziu a testa se aproximando e beijou minha bochecha puxando o cobertor sobre meu corpo e desaparecendo escada a baixo. Vida de merda!