Ice - Novas Espécies [L2]

Capítulo 22

Quando entrei no carro senti como se fosse desabar, como se eu fosse um quebra cabeças que por causa de uma peça tivesse que ser embaralhado novamente. Eu deixei meu coração em Homeland, um buraco vazio e sem fundo agora estava em meu peito.

É extremamente doloroso quando se acha um lugar para chamar de lar e precisa abandona-lo, porque as lembranças parecem pesar mais do que a necessidade. O sentimento, as recordações... em tão minusculo tempo ficou gravado dentro de mim para uma eternidade se fosse possível.

Liguei o carro e acelerei na pista molhada do cereno da noite passada, algumas lágrimas molhavam o meu rosto e eu me senti fraca por não estar com meu típico olhar assassino, Ice amoleceu a mancha escura que eu tinha dentro do coração e aos poucos foi caindo sem notar.

Levantei o olhar para a estrada e sorri porque se minha vida viesse a acabar eu tinha amado alguém e sido retribuída na mesma intensidade. Pisei fundo no acelerador sabendo que tinha dois carros atrás de mim, eles não sabiam ser discretos, cortei alguns caminhões ficando a frente deles e observando os carros me seguindo.

Eu lutaria mas aqui não é o lugar certo para isso, respirei fundo e desviei o carro para uma mata mais a frente, eu odiava mesmo esse carro idiota. Os carros que me seguiam fecharam a passagem de saída e oito homens armados saíram de lá, por essa eu realmente não esperava.

Alcancei as armas no bolso da mala mas desisti ao notar que meu carro não iria segurar tantas balas e eu provavelmente morreria tentando sair, larguei a arma e coloquei as duas mãos no volante. Ella, eu espero que tenha um plano muito bom para me tirar daqui! Um deles abriu a porta e fez sinal para que eu saísse, encarando eles armados agora eu daria tudo por um colete.

[···]

Me fizeram entrar no carro sem celular, deixei o rastreador do meu número ligado e arrastei o pé no chão para indicar a direção em que eu estava indo caso alguém decida me procurar. O caminho foi silencioso e notei que algemas são terrivelmente desconfortáveis no transporte, eles poderiam ter algemado minhas mãos na frente mas... idiotas.

Um galpão alto foi nosso destino final, o local onde eu seria "vendida" por não ter pago o dinheiro completo, eles não queriam a porra do dinheiro. Fui arrastada, esbofeteada e jogada dentro de um porão sem ter tempo de falar um palavrão se quer.

- Kira? - a voz era conhecida, tinha uma luz dançante amarela no teto e em um canto pide ver Night deitado no chão aparentemente drogado. - É você?

- Night? O que fizeram com você?  - me aproximei, ele tinha me sequestrado? Sim, mas eu sou coração mole. Coloquei sua cabeça em meu colo, ele também foi espancado ao chegar, malditos!

- Eles me disseram que se eu os ajudasse você ficaria comigo, me amaria. Mas depois eles me drogaram e me jogaram aqui. - fiz carinho em seus cabelos negros e suspirei, ele não passava de uma mera vítima dos fatos. - Desculpe, Kira.

- Tudo bem, eu até te entendo. Vamos nos preocupar em ficar vivos, a ajuda está a caminho. - lhe lancei um sorriso, agora não é apenas a minha vida em jogo, qualquer movimento errado é adeus para os dois.

- Quem? Ninguém sabe de nada, eu tive cuidado para ser discreto. - revirei os olhos, discreto?

- Uma maluca ... - não tinha certeza se Mixed viria mas sei que cumpriu a palavra e Buck está a caminho. Encostei a cabeça na parede e deixei que os machucados me levassem há inconsciência.

[···]

- Não se preocupem a venda será feita discretamente... Claro, Luin estamos tendo total controle da situação... Eles ficarão dopados até o momento que desejar... - a voz ao fundo era de um dos traficantes. Ao ouvir o nome que tanto temos procurado desde o dia da invasão meu consciente despertou como um susto, ele tinha que estar aqui no dia da venda, caso contrário tudo foi em vão.

Night aimda dormia com a cabeça em meu colo, minha mente trabalhava a todo vapor tentando formular alguma plano para ajudar com o salvamento.