Êxtase

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– Sabia que ia te encontrar aqui.

Bakugo fechou os olhos. Sentado no banco de madeira de uma pequena e tímida praça, perguntou-se o que fora fazer ali.

Voltou a abrir os olhos, desta vez focando-os em Kirishima Eijiro.

– Você parou de falar comigo desde o fim do ano passado, e durante todos os dias em que eu fiquei fora você ignorava minhas mensagens. Por quê?

Bakugo reprimiu os lábios, voltou a olhar para baixo, para a grama rala tomada pela areia.

– É por causa daquilo? – Kirishima voltou a questionar, aproximando-se do melhor amigo.

Sentou ao seu lado, fitando o rosto de traços fortes dele. Pegou em seu queixo, automaticamente conseguindo a atenção de Bakugo.

– Vá embora, Kirishima.

Era óbvio a mudança de comportamento de Bakugo, sem palavras de baixo calão e sem a irritação que ele parecia ter contra tudo. E isso mudou somente com ele.

– Eu amo você. – Disse, vendo os orbes rubros de Bakugo desviarem-se novamente. – Então pare com esse comportamento sem sentido logo, isso já encheu o saco!

– Para de falar merda, Kirishima! O que você queria que eu fizesse ano passado? O meu melhor amigo me beijou, mas não, não há problema, vamos continuar tendo um relacionamento normal como dois amigos comuns! – Bakugo gritou, surpreendendo levemente o ruivo. – Por quê você não consegue entender que isso é completamente bizarro pra mim?!

– Eu amar você é bizarro para você?! – Alfinetou, porém, percebendo o silêncio do outro, respirou fundo. – Olha, normalmente, quando alguém se declara para você, você deve responder. Então… qual a sua resposta, Bakugo?

Os olhos escarlates fixados sobre si eram pesados demais para Bakugo suportar. Não conseguia responder, logicamente por isto evitava ter contato com Kirishima.

Ele ergueu uma sobrancelha, aguardando pacientemente.

– Não é tão simples assim, caralho.

– Bakugo, você me deixou uns 2 meses esperando. Eu achava que já teve todo o seu tempo para pensar.

Não chegava a ser nem um pouco fácil. Toda aquela confusão estava acabando com Bakugo, que custava a manter tudo isso debaixo do tapete e fingir que estava tudo normal. Queria sair dali o mais rápido possível, mas a mão firme de Kirishima ainda em sua mandíbula deixava claro que isso não iria acontecer.

– Por favor, Bakugo. – Bakugo percebeu a voz de Kirishima mais trêmula, voltou a olhar para o amigo. – Toda essa hesitação está me dando esperanças, e isso é ruim se for uma resposta negativa.

Kirishima acariciou a bochecha de Bakugo com cuidado, antes de mirar os olhos para os lábios travados dele.

– Kirishima, não… – Suplicou.

Sabia que não conseguia ter reação quando ele aproximava desse jeito. Quanto mais quando o beijava.

Aquela estranha relação iniciou-se um mês antes das férias começarem. Era uma festa de adolescente qualquer quando Kirishima encurralou um Bakugo bêbado na parede e atacou-lhe com línguas e dentes. Desde então, Kirishima sempre lhe roubava um beijo nas situações mais inusitadas quando ambos estavam sozinhos, e Bakugo nunca tinha forças para interromper ou empurrá-lo. Quando o ósculo finalizava-se, os dois agiam normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Bakugo não sabia como lidar com isso, porém não era de todo ruim beijar Kirishima, pelo contrário, era como se esperasse esses momentos todas as vezes que encontravam-se. Apenas deixava acontecer. Mas no dia em que Kirishima, pela primeira vez, falou sobre aquilo, Katsuki viu-se sem saída, sem saber responder o sincero “eu te amo” que ele disse.

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