Epílogo

1.2K 181 133
                                    

— Enfim, terceiro ano. O que pensam em fazer depois? — Inko questionou, assoprando seu chá quente.

O chalé exalava um calor agradável graças à lareira, e os três estavam sentados no chão, enrolados cada um em um cobertor felpudo. Izuku balançou sua caneca de chocolate quente, e Shouto pensou.

— Faculdade.

— De administração, certo?

— Sim — O bicolor estava surpreso. — Como sabe?

— Imaginei, um hotel é um negócio muito bom para se largar. — Ela sorriu, compreensiva. — Filho?

— Talvez uns testes para dublagem. Devo passar em algum.

— Planejamento é essencial para um bom futuro. Vão em frente e conquistem tudo que puderem. Se falharem, sabem que há um lugar para voltarem quando quiserem.

— Que profundo — Izuku riu. — Qual é, estamos de férias. Tá congelando lá fora, mas que tal brincarmos de mímica agora?

Concordaram. E os próximos dias foram regados de risadas doces e comidas saborosas. Inko, em determinada tarde, foi ao bingo da igreja da região, e os dois adolescentes amaram-se em toques de luxúria em frente à lareira, sendo o lento crepitar a única testemunha daquele ato de amor tão íntimo.

***

O tempo passou.

Ele sempre passa, até mesmo agora, onde o segundo em que você lê isto pela primeira vez já passou e nunca, jamais retornará. Você nunca lerá algo pela primeira vez novamente, muito menos reviverá certos momentos.

Foi assim para Izuku que, com a ajuda de Kirishima, circulava a escola sentado na cadeira de rodas. Gravava cada detalhe em sua mente. Nunca frequentara uma escola antes, mas aqueles dois anos foram significativos demais. Construiu boas lembranças, fez bons amigos e conheceu a pessoa que ama e namora agora.

— Por que esse pedido de repente? — Kirishima questionou, referindo-se ao pedido de Izuku para levá-lo em um rápido tour pela escola.

— Quero gravar tudo isso.

— Poderá vir aqui novamente, a escola não é restrita para antigos alunos.

— Não. Não virei novamente. — Izuku suspirou. — Hoje é nosso último dia aqui, a formatura. E então, aqui irá se tornar um lugar onde as minhas memórias vão viver. Tudo vai mudar, talvez reformem a quadra, quem sabe refaçam a biblioteca ou pintem as paredes. E eu não quero ver estas mudanças, porque não pertencem à minha época. É um lugar sagrado onde, se eu passar pela frente, irei pensar algo como "a última vez em que estive aqui, foi há dois anos. O que mudou de lá até agora?" — Izuku fez uma rápida pausa. — É confuso, não?

— Posso entender. — Kirishima respondeu. — Fiz meu fundamental em outra escola, e voltei lá faz uns dois meses para um evento com a comunidade. Achei que seria uma nostalgia agradável. Mas me peguei chorando, pois eu olhava para um canto e lembrava de boas e más memórias. Tipo "olha! Foi aqui que briguei com o Bakugo pela primeira vez. E ali era onde nossa turma ficava. Lá foi onde eu beijei uma garota pela primeira vez, escondidos, como será que ela está agora?"

— Se arrependeu de ir?

— Sim. — admitiu o ruivo. — Agora que tento lembrar, meio que minhas memórias confundem com como a escola está agora.

Midoriya deu uma última olhada para a quadra de esportes, e observou com ternura a arquibancada, onde ele e Todoroki trocaram beijos quando ajudaram Bakugo a limpar a quadra como castigo por matar aula. Ele havia saído para lavar o pano, e Shouto beijou-o várias vezes, com Izuku reclamando que alguém poderia vê-los.

Você pode me ouvir?Onde histórias criam vida. Descubra agora