Você pode me ouvir?

A ira de um tempo esquecido

Poderia estar tudo tranquilo neste momento, a noite silenciosa, só com o barulho da televisão ligada em um canal qualquer.

Até Megumi permitir a entrada dele.

- Ei, seu viado! Que história é essa de você ser gay?! Por que nunca me contou?! Nossa, só não te mato porque ainda é crime, mas eu vou te bater tanto...

Todoroki suspirou, sabia que esse momento chegaria, desligou a televisão e voltou toda sua atenção para Katsuki.

- Me bater? Preconceito? - Alfinetou, com um sorriso de canto nos lábios.

- Te bater porque nunca me contou! Tu é burro?! Infelizmente, sou teu amigo!

- Infelizmente? - Repetiu, segurando a gargalhada. - De qualquer forma, eu não sou gay.

O rosto de Bakugo foi tomado pela surpresa.

- Mas... A Momo disse que...

- Não importa o que a Momo disse. - Shouto levantou-se da cama, caminhando até o loiro. - Eu menti para ela.

- Quê? Como assim? Não entendi.

- Eu só disse aquilo para ela largar do meu pé.

Katsuki parecia arrasado.

- Só por isso?

- Só por isso.

- Tem certeza?

- Sim.

- Mas... - Ele ainda parecia inconformado. - Então, você não é gay?

- Claro que não.

- Merda! - Gritou, socando a mesa da escrivaninha de Shouto. - E pensar que perdi vinte mangos para aquele ruivo maldito. Nossa, Shouto, você é um lixo.

Todoroki inclinou a cabeça para Bakugo, ligeiramente confuso. Até que uma súbita ideia do que pode ter ocorrido atravessou sua mente.

- Não me diga que você apostou com ele.

- Sim, apostei.

Agora era Todoroki quem estava inconformado.

- Desde quando estão com essa aposta idiota?!

- Ah... - Bakugo sorriu ao ver a injúria estampada no rosto do amigo. - Uns cinco, seis meses.

- Tanto tempo... Você e Kirishima não cansam de se divertir às minhas custas, não é?

- Isso não importa. Você sumiu a tarde inteira. Estava aonde?

- Fui visitar Midoriya.

Bakugo deitou-se na cama de Todoroki, tomando todo o colchão.

- De novo? Vem cá, o que vocês têm, hein?

- Hm? - Shouto ergueu a cabeça, desentendido. - Nós somos amigos, ué.

- Eu entendo, mas sei lá, parece que você está interessado nele.

Shouto suspirou, afundando na cadeira da escrivaninha. Girou a cadeira até estar de frente para a cama.

- E estou, eu não sei dizer. Izuku têm... Uma essência especial.

Katsuki ergueu as sobrancelhas, deitando-se de lado.

- Essência?

- É, eu não sei explicar. Ele é diferente de tudo que já vi, e expressa tantos sentimentos... - Todoroki deu uma pausa, percebendo que o que dizia não fazia sentido. - Izuku têm muito a dizer, e eu gosto de ouvi-lo.