As mãos tímidas tatearam suas costas ao retribuir o abraço afetuoso, e Izuku fechou os olhos quando escondeu o rosto no ombro de Shouto.
Permaneceram imóveis durante vários minutos, apenas apertando mais os braços, sem querer deixar o outro afastar-se.
Não estava desconfortável, e a situação passava bem longe de ser estranha. Midoriya estava compartilhando seus demônios para Todoroki, contudo o bicolor não tinha consciência disso.
Passou a vida inteira enxergando luz para entender a escuridão dos outros.
Por mais que o contato estivesse aconchegante, Shouto afastou-se lentamente. A sombra perturbada desapareceu do rosto do esverdeado, dando lugar a um sorriso terno. O mais alto tinha um olhar carinhoso nos olhos, e isso dava segurança para o garoto.
- Estou confuso. – Shouto murmurou, tocando a própria bochecha enquanto desviava o olhar. – Sinto que algo não está certo, de alguma forma.
Midoriya não respondeu, fitando algum ponto do horizonte.
- Eu quero te mostrar muitas coisas.
Izuku voltou os olhos para Shouto rapidamente, juntando as sobrancelhas em um sinal claro de confusão.
- Quero te mostrar que a vida não é só resumida dentro de 4 paredes, com livros e uma televisão. – Completou, apertando os punhos. – Sua cadeira de rodas está lá embaixo.
Não foi uma pergunta, mas por algum motivo esperou o consentimento dele. Midoriya assentiu, ainda não entendendo aonde ele queria chegar.
Todoroki levantou da cama, cuidadosamente, mas com alguma pressa, retirou os lençóis e ajeitou Izuku em seus braços. Ergueu-o, estilo princesa, e andou até as escadas.
Nervoso e confuso, Izuku segurou a camisa de Shouto. Fechou os olhos com claro medo de cair quando ele desceu as escadas rapidamente. Ao se ver no térreo, o esverdeado puxou a camisa de Todoroki. Ao ter sua atenção sobre si, sibilou:
- Ainda estou de pijama.
O bicolor sorriu gentilmente.
- Você está bonito. Relaxa, não vamos muito longe.
Atordoado, Izuku sorriu contidamente. Era incrível a sensação de poder simular uma fala, mesmo que muda, e alguém entender perfeitamente.
Foi sentado na cadeira de rodas e levado até a porta adaptada para cadeirantes. Todoroki apenas atravessou a rua, novamente para o campo de futebol.
Estacionou a cadeira de rodas perto do meio do campo, logo após pegou Izuku no colo novamente e sentou-o cuidadosamente no chão.
- E então? – Perguntou, animado.
- O quê?
Sem desfazer o sorriso, Todoroki revirou os olhos.
- Vamos, Izuku. É um campo de futebol gigante e vazio, só tem nós dois aqui. – Sentou-se ao chão, em frente ao esverdeado. – Aproveite.
Midoriya olhou para o céu, azul e isento de nuvens, pássaros planavam acima dos dois, dançando uma valsa que apenas eles entendiam.
Suas mãos pálidas tatearam o gramado aparado, arrancando algumas folhas. A sensação macia da imensidão verde acariciava seu coração apertado. Levou a mão aberta para a frente de seu rosto e fitou o gramado arrancado.
Levantou os orbes esmeraldas para Todoroki, que o observava calmamente.
E então, Izuku abriu o melhor sorriso que tinha. Verdadeiro, contente e confortável. Isso pegou Shouto completamente de surpresa, tentando controlar a aceleração de seu coração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Você pode me ouvir?
FanficO desespero de quebrar uma janela de uma casa desconhecida é grande, e Todoroki descobriu como é isso. Mal sabia ele que quebrou a janela de um jovem garoto de olhos cor de esmeraldas que estava a beira do tédio total. Midoriya Izuku nunca saía de...