Sua voz, como é?

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O movimento era pequeno na pequena cafeteria do bairro, a contar apenas com uma senhorinha de semblante gentil bebericando um cappuccino e lendo um livro além de Todoroki ali, este que batia incessantemente os dedos sobre a mesa de madeira rústica. Observava o vapor de seu chocolate quente aquecer seu rosto, fazendo leves cócegas.

Shouto estava impaciente, seja pela discussão que teve com seu pai quando chegou em casa no dia anterior, sábado, após ter dormido com Izuku até às nove da manhã; ou seja pela situação de Midoriya que estava deixando-o inquieto.

Após dormir com Izuku, Inko os encontrou e ficou surpresa por tê-lo encontrado lá. Ela convidou-o para o café, sem fazer muitas perguntas, mas após Shouto ver as mensagens de seu pai perguntando onde diabos ele estava, teve que voltar para casa o mais rápido possível.

Bufou, e ergueu o rosto ao ouvir o sino da porta tocar, indicando a chegada de alguém. O atendente cumprimentou com um bem-vindo cansado e Todoroki ergueu a mão, sinalizando.

— Fiquei surpresa com sua mensagem, Shouto. Aconteceu alguma coisa?

Midoriya Inko era uma mulher que, ao longo de sua vida, desenvolveu faro e sentidos aguçados, tanto pelo trabalho como paleontóloga ou pelo fato de ter um filho mudo. Ela sabia quando alguém tinha problemas só identificando a ansiedade ou nervosismo dela. Shouto a admirava por isso e por várias outras coisas.

Ela sentou-se e pediu um café para a jovem garçonete que aproximou-se, piscando para Todoroki.

— Inko, eu tenho algo para te contar que… a princípio, pode parecer loucura. Mas é um choque muito grande, sabe, e nem eu sei como contar. É só que… eu preciso falar, por mais que Izuku possa me odiar e tal…

Inko pôs sua mão sobre a de Todoroki, tranquilizando-o.

— Olha, eu não entendi uma palavra do que você disse. Respira fundo. Por que Izuku te odiaria se você me contasse?

— Porque ele acha que vai te machucar.

Todoroki estava decidido a contar. Não podia deixar isso passar em branco, Midoriya pode falar novamente, oras! É necessário isso. Mesmo que ele o odeie, é o certo a se fazer.

— Ah — Ela deu uma risada de canto, balançando a cabeça. — Izuku tem dessas paranóias. Ele não me faz sofrer, não deste jeito.

— Eu sei, é que… — Cerrou os punhos, a garçonete voltou com o café, deixando, além da conta, um bilhete com um número de celular para Shouto. Todoroki suspirou, olhou para a garota que lhe sorriu cúmplice. Resolveu ignorar, voltando sua atenção a Inko. — Izuku pode falar.

Talvez suas três simples palavras carregaram mais impacto do que planejara. Inko oscilou, abriu a boca, mas voltou a fechá-la. Mexeu o café com a colher que lhe foi entregue e respirou fundo.

— Shouto, querido, acho que eu não entendi.

— Eu entendo. Eu pesquisei, queria saber o que era. Ele consegue falar, Inko, a voz dele escapou sem querer quando ele riu uma vez, e Izuku me fez prometer deixar quieto. Mas ele fala, só sente dor nisso, que ocasiona em falta de ar. — Tomou ar, observando as diferentes expressões em seu rosto. — Como eu disse, eu pesquisei e não encontrei muita coisa, liguei para um médico especializado nisso e ele me disse que era difícil identificar sem fazer exames, mas poderia ser laringe inflamada, que explicaria as dores e falta de ar, e também ele disse…

— Shouto, espera! Está indo muito rápido, poxa — Inko interrompeu-o. — Espera…

Lágrimas desciam de seu rosto, enquanto sua expressão encontrava dificuldade em acreditar no que havia acabado de ouvir.

Você pode me ouvir?Onde histórias criam vida. Descubra agora