Never. H.S.

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NEVER. H.S.

INÍCIO

'Nunca digas nunca!'

Eu tinha acordado com um grito do meu papá. Estava com medo e escondi-me debaixo da minha caminha. Mas o meu papá continuava a gritar cada vez mais alto. Eu queria ir ver o que se passava, mas tinha medo. Queria o meu papá e a minha mamã.

"Mamã!"

"Papá!" Gritei.

Mas ninguém me ouviu. Comecei a chorar. A minha mamã estava muito doentinha. Tinha um grande dói-dói nos pulmões. Tinha medo do dói-dói da mamã.

Decidi ir ao quarto dos meus papás. Quando abri a porta o meu papá estava chorar e a segurar a mão da minha mamã.

"Papá, porque choras?"

Olhei para a minha mamã que estava a dormir.

"Querida Penny, sabes que a mamã estava muito doentinha, certo?"

"Sim"

"Penny, ela hoje ficou ainda mais doentinha. Ela agora está a dormir com os anjinhos. Ela estará aqui para te cuidar mas não na nossa casinha. Ela estrará ali."

Meu papá aponta para o teto.

"Está no teto, papá?"

"Não Penny, ela está no céu. Ela cuidará de ti no céu. Será o teu anjo da guarda. Estará onde seja que for para te proteger. Estarás segura."

"Então a mamã não estará aqui para me dar abraços, beijinhos. Já não me vai pentear mais o cabelo nem contar historinhas para mim?"

Uma pequena lágrima escorreu-me pela cara.

"Não querida, eu vou estar aqui para o que for preciso. Eu vou cuidar de ti como a mamã fazia"

"Eu tenho saudades da mamã"

A minha mamã continuava a dormir com os anjinhos. Eu cheguei á sua beira e depositei um beijo na sua carinha fria e branca. Estive toda a manhã com ela, na sua caminha. Estava com a minha mão em cima da dela como ela fazia quando me ia adormecer. Estava-lhe a fazer perguntas mas ela não me respondia. Mas estará a responder do céu.

"Penny, anda comer!"

Eu não quero comer. Quero ficar o tempo tudo com a minha mamã.

"Papá, eu não quero comer. Também posso dormir com os anjinhos como a mamã?"

"Penny, tu não podes dormir com os anjos. Tu não estás...mor...tu não estas doente, percebes?"

"E se eu ficar doente como a mamã? Posso ir?"

"Penny, não. Agora vamos comer algo ainda não comeste nada."

"Mas papá, eu não tenho fome. Quero ficar com a mamã."

Gritei e comecei a chorar.

"Penny, já disse que não! Já chega! Vais comer!"

O meu papá grita. Não gosto que gritem comigo.

Eu corro para a beira da minha mamã.

"Mamã! O papá está a gritar comigo. Eu tenho medo dele. Está muito mau comigo. Salva-me por favor mamã!"

Ouço a porta da entrada abrir. Corro até lá. A mamã voltou? Quando olho para a porta não era a minha mamã, mas sim dois homens vestidos de preto.

"Estás aí, Penny!"

Um dos homens assustadores sorri-me.

Aproximo-me do papá.

"Papá, quem são estes homens?"

"Eles vão levar a mamã e guarda-la."

Eu não quero que eles a tirem da nossa casinha. Ela tem que ficar aqui para a ver todos os dias, para falar com ela e dar-lhe beijinhos.

"Mas papá, quero a mamã connosco. Não a quero guardar. Quero-a comigo!"

Grito e choro.

"Mas Penny a mamã tem de ser guardada."

"Eu não a quero guardada! Não!" Grito.

O papá não gosta que eu grite. A mamazinha é minha. Só minha.

"Já para o teu quarto!" O papá aponta para as escadas que vão ter ao meu quarto.

Mas eu não obedeço, corri até ao quarto da minha mamã. Ela tem de ficar comigo. Está podia ser a última vez que vejo a minha mamã.

"Mamã! Mamã! Fica comigo nunca me deixes. Eu preciso de ti! Acorda, por favor!" Eu chorava e abanava a minha mamã.

"Penny, já para o teu quarto!" O papá gritou mais alto que o costume o que me fez encolher. Não gosto que gritem comigo.

Eu corri ao longo do corredor em direção ao meu quarto.

Nunca mais vi a minha mamã.

Twitter:@barrystykes691D

NEVER. H.S. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora