Never. H.S.- Capitulo 2

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NEVER. H.S.

Passadas 3 semanas...

Ontem o homem mais nojento do mundo queria-me violar novamente, quando decidi sair do quarto, mas eu fugi. Fechando-me no quarto. O meu quarto é a minha paz e liberdade, a minha vida. Doem-me as costas. Ele bateu-me hoje outra vez. Este monstro não vai parar até morrer. Eu estou farta da minha vida...sempre a levar com aquele bêbado e psicopata.

"Por favor mamã, protege-me! Vou morrer de sofrimento. Eu vou morrer de tristeza, porque nunca tive felicidade no meu mundo!"

Ouço um bater na porta.

"Penny, sai dessa pocilga, já!" Ele grita. Encolho-me, tenho medo de tudo. De gritos, de sons profundos... Eu não consigo ouvir assim um som...sem chorar. Sempre que ouço um som muito forte começo a chorar.

"Penny, sai agora! Senão arrebento com esta merda!" Ele grita. E as lágrimas multiplicam-se, tapo os ouvidos para abafar o som.

"Eu-eu-eu já-já vo-u" Gaguejo.

Eu ouço os passos dele afastarem-se. Começo-me acalmar, respirando fungo e limpando as lágrimas derramadas. Eu não estou preparada para descer. Mas se não descer vai ser pior.

"Mamã, devo ou não descer?" Digo e sinto uma brisa vinda da janela do meu pequeno quarto. Acho que isto é um sim.

"Obrigada mamã!" Digo e destranco a porta, descendo as escadas. Quando chego olho para a sala, não está lá ninguém. Ele saiu. Finalmente em paz. Fui à cozinha, arrumar as coisas. Já são 21:00. E já tenho sono e os meus olhos ardem-me de tanto chorar. Acho que vou dormir. Ele ainda não chegou, por isso eu posso ir dormir. As minhas costas doíam-me tanto que pareço que estou a morrer.

Quando entrei no meu quarto, vesti o pijama. Mas antes de por a minha camisola olhei-me ao espelho e vi que estava muito magra e feia. Nunca me senti tão mal em toda a minha vida. Depois virei-me e vi as minhas costas cheias de cortes profundo, com sangue seco à volta e algumas marcas que irão ficar para a vida. Ao ver a minha imagem comecei a chorar e a não acreditar no que tinha visto.

"Porque a mim? Eu devo ser a pior pessoa, a ter a pior vida do mundo!" Levei as mãos ao cabelo puxando-o, com a fúria que estava no meu corpo.

"Eu odeio-me tanto! Odeio tudo mundo! Odeio tudo e todos! Nem merece ser feliz!"

Vesti a minha camisola, tranquei a porta, para ele não entrar. E sentei-me na cama, a pensar como poderia fugir deste mundo escuro, mas não tinha escolhas, só obstáculos. Deixei de pensar e comecei a ler o livro. Começando pela parte que a minha mãe me lia sempre.

'Querida Eveline!

Está é a carta nunca será escrita a mais ninguém só a ti minha perola. Eu quero dizer que te irei buscar mais tarde ou mais cedo. Eu não te vou deixar nas mãos dessas pessoas. Tu viras comigo a qualquer momento. E vamos nos-nos a-mar pa-ra-ra sempre!'

Acabei por adormecer. E não li mais.

"Bo-boa noite mamã-mamã!" Digo.

"Por favor mamã, protege-me! Vou morrer de sofrimento. Eu vou morrer de tristeza, porque nunca tive felicidade no meu mundo!"

"Penny, tu não vais morrer de sofrimento eu vou-te fazer feliz...e prometo que tu vais ser feliz, muito feliz no futuro."

"Porque a mim? Eu devo ser a pior pessoa, a ter a pior vida do mundo!"

"Porque tu foste destinada para isto...eu sei que a vida é injusta mas nem eu nem ninguém pode fazer algo. Nos próprios é que fazemos a nossa vida. Mas tu não, eu é que te fizeste a vida, eu e o teu pai. Desculpa! Boa noite Penny!"

Depois daquele sonho acordei com medo e a suar. Eu pus a minha cabeça entre os joelhos e abracei-os e comecei a chorar. Isto acontece sempre! Depois do susto disse:

"Obrigada mamã!" Deitando-me novamente.

Passadas 2 horas...

Ouço alguém a gritar pelo meu nome.

"Penny, ajuda-me por favor! Minha bebé! Minha filha!"

Eu estou com muito medo. E o que se passa? Eu não posso, eu tenho medo. Mas ele precisa da minha ajuda. As minhas mãos tremiam e as minhas pernas eram gelatina.

"Ahhhhh! Meu D-Deus vou morrrrer! Ajuda-me Penny!" Isto deve ser um sonho. Mas não é realidade, eu estou acordada? Corri para a porta e abria. Desci as escadas, como um furacão. A sua voz suava como um perigo.

Ele estava deitado no chão e a gemer de dor.

"O que se passou?" Pergunto, ajoelhando-me á sua beira e passando a mão, com bastante medo pela sua testa. Eu estou mesmo assustada. Mas ao mesmo tempo com raiva, ele havia de morrer por tudo aquilo que me fez, é imperdoável.

"Eu-eu-eu na-o s-e-i! Ajuda-me por favor." Ele estava gelado, mas estava tudo soado o que não era muito comum. O que se esta a passar com ele. Levantei-me.

"Como é que te vou ajudar depois de tudo o que me fizeste? Eu não vou cair ai de joelhos e dizeres para não morreres, porque era isso que eu dizia sempre na minha mente, todas as noites, todo o dia! O que tu me fizeste não se faz a uma filha, a uma pessoas que se ama muito. Se me amares?" Disse com a raiva que estava a sentir por aquele homem.

"Mas- por favor ajuda-me e desculpa tudo o que fiz...eu sou teu pai." Ele tentou alcançar a minha mão. Mas afastei-a.

"Hahaha! Pai? Pai? Um pai não faz isso a uma filha! Tu não és o meu pai!" Cuspi.

"Mas-mas eu-e-u a-m-oooo-t-." Ele não acabou a frase. E os seus olhos ficaram abertos não dando nem uma piscadela, ficou paralisado. Comecei a chorar. Ele morreu. Disse que me amava. Ele estava na alma do meu pai e não no monstro, que eu vi todos estes anos. O meu tinha voltado e eu desprezei-o. Ele morreu nos meus pés, á minha beira.

"Pai!" Grito. É a primeira vez em 5 anos e 3 semanas que eu lhe chamo pai. E agora como me vou salvar e como vou salvar o meu pai. Peguei no telefone fixo e marquei o número 112. Bip. Bip. Até o som do telefone era irritante. Odeio-me por não suportar os sons.

Peguei no meu pai pelos ombros, pondo-o em cima das minhas pernas.

"Eu também te amo! Apesar, de tudo e de dizer aquelas coisas horríveis! Afina, és o meu pai!" Funguei. As minhas lagrimas caiam nos seus olhos arregalados, sem pestanejar. Apertei mais contra mim. Estava frio e branco, sem vida.

Comecei a ouvir as sirenes da ambulância. Abri a porta com a chave, que tirei do bolso do meu pai.

"O meu pai morrer...eu não sei como!" Sou interrompida, pelos homens que evadiram a minha casa.

"James! Leva a miúda daqui e trata dela." O médico disse ao bombeiro.

Ele levou-me. Nunca mais tive com o meu pai. Nunca.

NEVER. H.S. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora