Never.H.S. - Capitulo 35

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Never.H.S.

Ele olha para os dedos e começa a contar o que andou a fazer.

“Bem, eu cheguei a casa, fui á casa de banho, fui comer, vi televisão, tive a falar ao telemóvel com o Jay, esperei por ti, depois fui me vestir, vesti umas cuecas,…-“ Interrompo-o.

“Diz logo!” Digo e irritada. Ele fez uma careta.

“Fui a um bar!” Ele grita novamente, como se me tivesse a desafiar.

“Porque não me avisaste?”

Ele encolhe os ombros.

“O que se passa contigo?”

“Ahhhh, estou um bocadinho bêbedo!” Diz e ri-se.

Não aguento mais!

“O que se passa connosco?” Digo a chorara e levo as mãos á cabeça.

“O que eu fiz, de errado, mãe? O que? Eu fiz as minhas escolhas! E é isto que me sai! É? Merda! Odeio-me! Odeio toda a gente, como sempre odiei! Pareceu este homem, que fez mudar a minha ideia sobre toda a gente, todo o mundo! O que me destruiu! Porque? Porque é que isto teve de ser assim um inferno? Porque?” Deito o candeeiro ao chão e este parte-se.

Olho para o Harry, que se encontra com uma expressão indecifrável, a olhar para mim. E vejo no seu olhar culpa, tristeza, perda, afeto, traição, sofrimento…

“Porque falas assim dessa pessoa, amor?” Ele pergunta como se fosse uma criança e não soubesse que estava a falar dele.

“Harry!”Grito.

“Amorzinho, calma só te perguntei! Precisas de um copo de água.” Ele sorri, levanta os braços em derrota e segue para a cozinha. Está andar aos ‘s’. Apetece-me rir da sua figura e de como ele é irritante e engraçado quando está bêbedo. Ouço um estrondo, vindo da cozinha.

Corro até lá! Oh meu deus! O Harry está estatelado no chão, e todo cortado, porque os copos caíram em cima dele. Está com os olhos fechados.

“Harry!” Chamo-o.

Sem resposta.

“Harry! Ai meu deus! Harry! Acorda!” Digo, começando a dar-lhe chapadinhas nas bochechas.

Ele tem uma mão bastante cortada, o que está a fazer o chão ficar com muito sangue.

Corro até a uma gaveta tirando de lá três panos.

Molhei-os e corri novamente para o Harry.

Já estava a ficar sem força de ver tanto sangue, o meu estomago virou.

Eu peguei na sua mão mas sem olhar o que estava a fazer, pois virei a cara para o lado e fechei os olhos com força.

Pois outro pano no pulso. E limpei algumas feridas do outro braço e do peito.

“Eu tenho de chamar uma ambulância!” Corro até á sala pegando no telefone.  

Depois de o fazer, volto para a beira do Harry.

Pego na sua mão não magoada e beijo-a, colocando lá a minha testa.

“Desculpa, Harry! Desculpa por tudo e mais alguma coisa. Eu sou bastante patética, eu não quis dizer aquilo. Tu foste a melhor coisa na minha vida, ensinaste-me a viver, amar, a confiar, acreditar…ensinaste-me tudo o que nunca imaginei existir neste enorme e odioso mundo em que vivo, ensinaste-me a ver as coisas com clareza, com simplicidade e alegria. Eu não via assim, mas sim com odio, nojo e escuridão. Tu deste-me a tua luz e descobriste a mim. Tu és o centro do meu mundo! Eu sou uma estupida que não sei aproveitar o que me fizeste ver. Também não sei o que te deu para ires beber, e saíres de casa sem me dizeres nada, mas estás desculpado, como me desculpaste por entrar na tua vida!” Digo, com as lágrimas a caírem em cima da sua mão.

“Conserva estas lágrimas. Como conservaste a minha vida!” Digo e começo ouvir as sirenes.

Vou até á porta abrindo-a.

Os médicos entrem pela casa dentro, com algumas malas e macas.

Opem o Harry com tubos, mascaras, e coloca-o na maca levando-o para dentro da pequena ambulância.

Eu entro a seguir e agarro na sua mão. Está fria, o que não é normal no Harry.

“Vai ficar tudo bem. Eu vou cuidar de ti.” Sussurro.

Tudo ficará bem. Eu sei que sim. Isto será só mais um pequeno ao qual vamos ultrapassar. Nós iremos encontrar solução para tudo, como sempre fazemos. Tudo se irá compor. 

NEVER. H.S. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora