Never. H.S.- Capitulo 1

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NEVER. H.S.

Passados 5 anos...

"Penny, vai-me buscar 3 cervejas! Já!" Depois que a mamã morreu, o pai nunca foi o mesmo. Agora bebe e faz-me de sua empregada. Eu já havia de andar na escola. Mas o pai não me quer deixar sair de casa. Tenho 10 anos e já havia mesmo de andar na escola. Não percebo o meu pai. Doem-me as costas de ontem, ele deu-me chicotadas com o cinto. Eu sou maltratada.

"Penny, caralho vai buscar as cervejas ou queres levar?" Eu corri o mais rápido que pode até à cozinha e fui buscar as cervejas. Ele é mesmo nojento, nem consigo olhar para a sua cara. Ele sempre que grita o medo percorre o meu corpo tal como em pequena. Mas porque é que a minha mamã teve de morrer? Porque?

"Linda menina! Depois de beber estas cervejas, tenho uma surpresa para ti querida!" Ele disse e mostrou o seu sorriso amarelo. Ele é mesmo nojento. Surpresa? Espera que não seja o cinto. Tenho tanto medo que só de pensar as minhas mãos já estão a tremer.

Fui para o meu quarto falar com a minha mamã.

"Mamã, porque é que não me salvas desta pessoa horrorosa com quem te casas-te e com quem tiveste uma filha que é maltratada?"

"Eu sei que me ouves... Responde-me pelos sonhos como fazes todas as noites. Mas não podes dizer agora? Tenho de esperar até à noite?" Espero um pouco a olhar para cima.

Sim, estou a ver que vou ter de esperar até à noite para a minha mamã me responder através dos sonhos como faz sempre. Mas sempre que o faz acordo a chorar e isso mete-me com bastante medo.

"Porque é que tu tinhas de morrer? Quem havia de morrer era ele aquele nojento do meu pai. Desculpa, mas é o que penso dele. Mamã, volta rápido por favor, não sei se vou suportar ficar aqui o resto da minha vida."

Ouço alguém a chamar-me. Meu Pai! As minhas mãos começam a tremer só de ele pronunciar o meu nome.

"Penny, anda aqui ao meu quarto!" Ele grita. Deve ser para fazer a sua cama já que eu é que faço tudo.

Quando entro no seu quarto ele pega em mim e encosta-me à parede. Apontando-me uma faca.

"Se não fizeres o que te mando, esta linda menina vai entrar no teu cérebro e sair do outro lado ouviste?" Engulo em seco e o meu batimento cardíaco é ouvido, a minha respiração é pesada e assustada. As minhas mãos transpiram e tremem.

Começo a derramar lágrimas. Mamã, por favor salva-me. Balanço a cabeça para a frente e para trás. Este homem nojento! Pousa a faca na mesa-de-cabeceira. E atira-me para a cama. Ele quer me violar? As minhas lágrimas começam a cair cada vez mais quando ele me beija e depois beija o meu pescoço.

"Eu vou te foder! Até gritares o meu nome! Eu quero-te fazer o que não tenho para fazer com ninguém!" Ele diz e começa a tirar a minha camisola. Eu sem pensar duas vezes. Estico o braço, sem ele perceber e apanho a faca. Espetando-a no seu braço. Fico chocada com o que acabei de fazer, mas isso era o que eu tinha de fazer.

"Sua cabra! Vais paga-las!" Ele grita e eu vou a correr para a porta.

Abro-a e corri para o meu quarto e fecho-o à chave para que ele não possa entrar.

"Mamã, tu não me salvas-te porque? Não vês que preciso da tua ajuda mais que nunca! Eu podia morrer ali! Vou ficar presa neste quarto até ele morrer!" Grito e as lagrimas limpam a minha cara.

Batidas fortes na porta são soadas, assustando-me com o som estridente.

"Eu vou-te matar sua vaca!" Ele diz. Ponho os joelhos ao peito, abraço-os e chora contra estes.

"Abre a porta!"

Eu não digo nada. Nunca mais vou sair daqui. Só queria que a minha vida fosse livre como os dos meninos lá fora que brincam com liberdade e amor. Quero ter paz! Quero-me sentir feliz até nunca mais parar de rir. Quero uma nova vida. Quero um novo rumo. Quero-me sentir viva. Quero viver! Quero a luz da vida, para eliminar esta escuridão.

Eu não ouvi mais nada, nem ninguém. Onde estará? Não sei nem quero saber. Quero-o mais longe possível de mim. Mas entretanto começo a sentir medo, olho para todos os lados. Mas só me encontro eu no quarto.

Deitei-me na cama e comecei a ler o livro, que a minha mamã me lia sempre. 'O dia feliz...' Assim se chamava o livro.

Conta a vida de uma menina chamada Eveline que era muito pobre e os seus pais tinham morrido. Porém, ela teve de ficar num orfanato onde, tinha muito medo. Mas um dia, um príncipe veio salva-la, chamava-se Theodore e lutou por ela, mas pensava que nunca iria conseguir. A lição que aprendemos com este livro é 'nunca digas nunca.'

Assim que acabei de ler a história. Deitei-me na cama, fitando o teto.

"Boa noite, mamã!" Digo.

"Mamã, porque é que não me salvas desta pessoa horrorosa com quem te casas-te e com quem tiveste uma filha que e é maltratada?"

"Olá, minha filha Penny! Eu não te salvo dessa pessoa horrorosa porque não posso, o homem com quem casei não era o homem que vejo agora. Ele tem muito ódio, então descarrega em ti minha querida Penny, mas nunca desistirei. Mas estarei aqui a proteger-te!" Ela diz.

"Porque é que tu tinhas de morrer? Quem havia de morrer era ele aquele nojento do meu pai. Desculpa, mas é o que penso dele. Mamã, volta rápido por favor, não sei se vou suportar ficar aqui o resto da minha vida."

"Porque Deus quer as pessoas boas com ele e não pessoas que contêm ódio! Ele está revoltado com a vida. Eu fui a escolhida para subir ao céu...dorme bem querida Penny! Nunca desistas nunca Penny!"

Depois daquele sonho acordei assustada a suar e a chorar como sempre. Levei as mãos á cara chorando sobre elas.

A minha mamã está sempre comigo. Obrigada mamã.

"Obrigada mamã! Meu anjo da guarda!" Digo, limpando as lágrimas e volto-me a deitar, acabando por adormecer.

NEVER. H.S. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora