Capitulo VIII

236 30 59
                                    


Acordo com uma puta dor de cabeça, abro os olhos devagar por causa da claridade, olho ao redor e percebo que dormir na sala. Não lembro muito do que aconteceu ontem, a única coisa que lembro é de ter bebido e vir pra casa com Ítalo.

Bom, resolvo não pensar muito nisso, não deve ter acontecido nada de mas né, me levanto e vou até a cozinha, não tem nada, faz alguns dias que não compro nada, na verdade eu nem lembrei, a campainha toca.

— Iae irmão, que cara é essa? – Tody fala quando abri a porta.

— Cara nenhuma. – dando espaço para ele entrar.

Ele entra e vai direto pra cozinha, vou atrás dele.

— Cara, você não tem nada. – Tody fala o óbvio, faço cara de tédio pra ele. – Como você consegue? – ele pergunta ao voltarmos para sala.

— Não sei, realmente não sei. – falo me sentando no sofá e acendendo um baseado.

— Cara, acho que tá na hora de você largar esse vício, você tem muitas coisas pra se preocupar agora. – Tody fala sentando ao meu lado, respiro fundo.

— Mas é isso que tá me deixando são, acho que se parar agora vou enlouquecer. – falo. – Não é algo que se pode deixar de lado, não é um passa tempo, pra mim é algo extremamente necessário. – desabafo e ele respira fundo.

— A vida não é nenhum mas de rosas, mas se desprezada, ela passa a ser amarga e escura. É tipo uma planta, se você não visualizar um lindo fruto ou uma flor colorida no futuro, você desanima e para de regar, então ela murcha e assim acontece com a vida. As vezes estamos tão desanimados por não está vendo o resultado esperado, que paramos de lutar e nossa vida começa a murchar, fica fraca e vulnerável. Você tem que ser forte cara, eu estarei aqui do seu lado pra te apoiar, mas a decisão é sua. – Tody fala e isso me faz pensar, o que realmente tô fazendo da minha vida afinal?!

— Nossa, não sabia que você era filósofo. – falo e ele rir.

— Eu sou bom em muitas coisas e você sempre sarcástico até em momentos como esse. – ele fala e me dá um soco no ombro.

— Não dá pra evitar, mas obrigado pelo apoio, eu só preciso de um tempo. – falo e ele concorda com a cabeça. – Mas agora me conta, o que você veio fazer aqui mesmo? – pergunto.

— Nada, só queria saber quando você vai sair dessa fossa. – ele fala rindo.

— No dia que você parar de ser chato. – rebato e começamos a rir, a campainha toca.

— Bom dia, Ah oi Tody, bom dia pra você também. – Ítalo fala entrando com muitas sacolas na mão.

— Ei, espera aí, quem mandou você entrar? – pergunto, ele me olha e sorrir e que sorriso, pera que?!

— Agora quem tá sendo o chato é você. – Tody fala e levanta para ajudar Ítalo com as sacolas.

Os dois vão para cozinha mas eu fico na sala, tempo depois ouço risadas vindo da cozinha e resolvo ir vê o que eles estão fazendo, ao chegar vejo que estão cozinhando alguma coisa e que por sinal cheira muito bem. Me sento a mesa e observo eles, é estranho vê pessoas felizes tão perto de mim, chega a ser contagiante, mas isso logo sai da minha mente quando eles percebem minha presença.

— Está quase pronto. – Ítalo fala, ele parece está satisfeito com o que está fazendo.

Me pergunto se tem algo que me deixaria assim, se existe alguma coisa que eu sou bom ou que eu consiga fazer sem deixar pela metade, seria eu capaz de ser feliz?

— Aqui, esse foi eu que fiz, não deve tá tão bom quanto as do cozinheiro aqui. – Tody fala me tirando dos meus devaneios, olho e vejo um prato de panquecas na minha frente.

— Acho que qualquer um cozinha melhor que você. – falo e ele faz cara de ofendido, mas logo solta uma risada.

— Acho que é verdade. – ele fala e senta a mesa.

— Aqui o suco. – Ítalo fala colocando uma jarra de suco na mesa e se sentando ao meu lado.

Esse foi o melhor café da manhã que já tive, depois de muito tempo, ao terminarmos ajudei Ítalo com a louça suja, enquanto Tody procurava um filme na tv, guardo o último prato e vou para sala junto de Ítalo, vejo que Tody já escolheu o filme, nos sentamos e começamos a assistir, não lembro qual foi a última vez que tive um dia tão agradável.

— Ei Vitor, eu e o Ítalo tivemos uma idéia, talvez seja o melhor pra você. – Tody fala assim do nada ao término do filme.

— E qual seria essa idéia? – pergunto, mas não estou gostando muito dessa história, as ideias do Tody nunca me levaram a lugar algum.

— Bom. – Ítalo começa a falar. – Como eu moro sozinho e você também, pelo menos até agora, pensamos em que talvez eu pudesse me mudar pra cá, por um tempo, só até as coisas pra você se resolverem. – ele fala e Tody concorda com a cabeça, mas que ideia é essa?

— Ou seja, você quer ficar de olho em mim, pra caso eu faça alguma besteira? – falo, pra mim é o que parece, quem ele pensa que é pra se meter na minha vida assim.

— Ei cara, calma, olha pensa pelo lado bom, você vai ter um cozinheiro de mão cheia e ainda vai receber uma grana por isso. – Tody fala e eu fico sem entender.

— Receber, como assim? – pergunto.

— O aluguel que pago na outra casa, se eu mudasse pra cá, passaria a pagar a você e além do mas, acho aquela casa muito grande pra eu morar sozinho. – Ítalo fala tentando me convencer.

Ficamos falando sobre isso quase o resto do dia inteiro, até que os dois conseguiram me convencer que aquela ideia era boa, ainda não estou muito certo disso, mas ter uma pessoa que sabe cozinhar bem em casa pode ser uma coisa boa.

No final do dia eles foram embora, eu fico sentado no sofá até decidir ir até a casa abandonada, já estou sem cigarros e hoje fumei apenas um, sei que prometi ao Tody que iria tentar parar, mas acho que não estou preparado pra isso ainda, chego na casa abandonada e como sempre Marcos está lá, a única coisa diferente é que os capangas dele estão espancando um carinha que provavelmente está devendo Marcos.

— Olha a florzinha voltou. – ele fala quando me aproximo, olho aquela cena e isso me incomoda, então peço que ele mande os capangas dele pararem.

— Aí, pra que fazer isso? – pergunto e Marcos me olha como se não entendesse então eu aponto para o garoto sendo espancado.

— Aí rapazes, minha florzinha não gosta de violência, deixem isso pra depois. – ele fala para os dois homens que espancavam o garoto, eles param e o garoto me olha de um jeito, como se tivesse me agradecendo. – Então, quanto vai ser hoje? – Marcos fala para mim.

— O mesmo de sempre. – vocês devem tá se perguntando como consigo comprar cigarros quase todos os dias, a resposta é a seguinte, quando meu avô morreu minha mãe receberia um tipo de pensão, mas ela preferiu passar esse direito para mim, então eu recebo esse dinheiro, entrego o dinheiro para ele que me dá os maços de cigarro.

Ao receber os maços de cigarro vou embora como sempre faço, mas ao sair resolvo atravessar a rua e ir em uma lojinha que fica ali perto, ao sair da loja vejo que a várias viaturas paradas na frente da casa abandonada e alguns curiosos ali vendo o que estava acontecendo, vou até lá para saber o que aconteceu também, burrice eu sei, mas sou curioso.

Ao chegar perto vejo o delegado Fernando saindo com Marcos algemado, esse que o xingava muito, parecia um cão bravo, os dois me olham, mas o olhar de Marcos é o que me dá mas medo.

— Eu sabia que você tava envolvido com os tiras, você vai me pagar caro seu traíra. – Marcos gritava na minha direção, acho que ele pensou que eu denunciei ele para a polícia, tô fodido.

Vícios (Romance gay) - CONCLUIDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora