Capítulo X

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Depois do episódio na delegacia, os dias seguintes foram tranquilos, apesar de esta morando com Ítalo, não é tão ruim como pensei, tirando algumas piadinhas dele desnecessárias, só piora quando Tody resolve aparecer por aqui.

Faz dois dias que estou procurando por um advogado e dois dias que não fumos nada, minha ansiedade já está no limite, sei que se não conseguir algo logo vou surtar, mas voltando ao assunto do advogado, encontrei um que está dentro dos meus requisitos, ou seja, não é muito caro.

Na verdade é uma advogada, o nome dela é Flávia, o motivo pra ela cobrar barato é por que, segundo seu perfil, acabou de se formar e quer adquirir experiência, bom não é nenhum advogado famoso mas pelo menos consegui um e vai ser como uma troca de favores, ela me ajuda e ganha experiência, ficamos de nos encontrar em um café no centro da cidade hoje.

Me arrumo e vou até o lugar do encontro, como sempre Ítalo queria me acompanhar, mas não achei que seria uma boa ideia, achei engraçado foi a cara dele quando falei sério que ele não viria comigo, as vezes ele parece uma criança, chego ao café e me sento em uma mesa qualquer, peço um capuccino.

— Com licença, você é o Vitor? – uma mulher ruiva, alta, de olhos azuis e sardas no rosto pergunta.

— Sim, sou eu mesmo. Você é a Flávia? – pergunto e ela abre um sorriso perfeito de dentes brancos muito bem alinhados, confirmando com a cabeça e se sentando a minha frente.

— Sou eu sim, bom é um prazer. – ela fala colocando sua bolsa na cadeira ao lado e me estende a mão.

— O prazer é meu. – falo apertando a mão dela.

— Bom, eu dei uma estudada no seu caso e não é nada que seja impossível de resolver, mas é complicado. – ela fala o óbvio, por isso que resolvi procurar um advogado.

— Ok. E por onde podemos começar, para resolver isso logo? – pergunto e ela rir de lado.

— Primeiro, terei que ter uma conversa com o delegado encarregado do caso, para conseguir mas informações, depois irei resolver tudo da melhor forma possível. – ela fala e parece bem confiante no que diz.

— E que seja rápido. – falo e ela concorda com a cabeça.

— Claro, o mas rápido possível. – fala.
Ficamos mas um tempo ali, com ela me perguntando sobre algumas coisas sobre o caso do meu pai, mas não pude ajudar muito, já que não sabia quase nada, mas ela ficou de conseguir fazer uma visita a Marcos para tentar tirar informações dele também.

Volto pra casa um pouco atordoado, já faz quase dois dias que não fumo, a abstinência está me destruindo, a ansiedade está em um estado crítico que não sei mas nem o que pensar, já perto de casa chego ao meu limite, estou suando frio e apenas vejo borrões a minha frente, até tudo escurecer de vez.

***

Ítalo

Já está quase na hora do almoço, acho que irei fazer uma torta de frango, minha especialidade, e tenho certeza que o Vitor vai adorar, aliás, vocês acreditam em amor a primeira vista?

Bom, acho que foi isso que aconteceu comigo quando conheci o Vitor, sei que alguns dirão que ele não seria o melhor pra mim, como minha irmã, quando contei para ela sobre o Vitor e como ele é, mas eu sei que ele é uma boa pessoa, só fez algumas escolhas erradas, como fumar maconha.

Aliás, pra quem não me conhece, me chamo Ítalo, tenho 19 anos e atualmente estou morando com o Vitor, como isso aconteceu? Bom, com uma ajuda do Tody, conseguimos convencer ele de me deixar ficar aqui, meus pais tinham alugado uma casa na frente da dele, uma feliz coincidência para mim.

Com os últimos acontecimentos, me preocupei muito com o Vitor e o que sinto por ele só tem aumentado desde então, realmente não esperava, pois desde que me assumir gay para os meus pais nunca tinha me interessado por ninguém, até o Vitor aparecer claro.

Mas voltando ao assunto da torta de frango, vou até a cozinha para vê se tem todos os ingredientes, o que acho pouco provável, desde que cheguei percebi que o Vitor é um péssimo dono de casa, mas até que é compreensível, levando em conta o que ele está passando, bom como eu imaginava, não tem nada, além de macarrão instantâneo, então tenho que sair para comprar tudo.

Pego minha carteira e saio, não chego a ir muito longe, pois perto de casa encontro o Vitor desmaiado no chão, entro em desespero total, sem saber o que aconteceu, me ajoelho e tento fazer com que ele recobre a consciência.

— Vitor? VITOR. – grito. – Pelo amor da Madona, acorda. – já sinto algumas lágrimas nos olhos, nesse momento um carro para do meu lado.

— Ei cara o que houve? – Tody pergunta, olho para ele com cara de choro. – Wow, o que aconteceu com o Vitor? – ele fala saindo do carro ao perceber que o Vitor está desmaiado.

— Não sei, quando saí pra comprar algumas coisas encontrei ele aqui desacordado. – falo tudo de uma vez quase chorando, fico um inútil nessas situações.

— Vem me ajuda, vamos levar ele para um hospital. – Tody fala, ajudo ele a colocar o Vitor no banco de trás do carro.

Tody dirigiu que nem louco até o hospital, quase tive uns dois infartos quando ele passou por dois sinais vermelhos, um deles sendo um cruzamento, ele parecia está tão preocupado quanto eu, olhava para o Vitor no banco de trás e me dava um aperto no coração de vê-lo assim.

Chegamos no hospital, na entrada de emergência e logo veio alguns enfermeiros com uma maca para levar o Vitor, Tody ficou encarregado de preencher os papéis do hospital sobre o Vitor, eu não tenho condições nem de escrever meu nome nesse momento.

— Calma, ele vai ficar bem, não se preocupe. – Tody se senta ao meu lado e coloca a mão no meu ombro.

Estávamos na sala de espera do hospital, esperando notícias, eu estou uma pilha de nervos, roendo as minhas unhas até não sobrar nada.

— Eu sei, espero que sim. – falo e ele só concorda com a cabeça.

— O Vitor é forte, ele vai sair dessa. – Tody fala, isso só me faz pensar em besteira, normalmente quando alguém fala assim, a pessoa nunca sai bem dessa.

As vezes tenho esses pensamentos, mas trato logo de retirar da minha mente, meu Vitor vai sair dessa e voltar ser aquela pessoa que sempre me repreende quando faço alguma piadinha com ele.

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