Capítulo XVIII ( Penúltimo )

170 27 3
                                    


Vou abrindo os olhos devagar, pisco algumas vezes, para me acostumar com a claridade do ambiente, a primeira coisa que vejo é o teto branco, com uma lâmpada fluorescente, que deixa o quarto extremamente claro, olho para o lado e vejo Ítalo ao lado dele Tody e Flávia de braços dados.

— Aí, ainda bem que você acordou. – Ítalo exclamou vindo até mim e me dando um beijo.

— Como você está? – Flávia pergunta.

— Bem, o que aconteceu? – pergunto de volta.

— Bom, você levou um tiro na perna. – ela fala e eu tiro o cobertor para vê minha perna enfaixada. – E perdeu muito sangue. – ela fala.

— E quanto a operação? Deu certo? Conseguiram prender o Marcos? – faço uma pergunta atrás da outra, ansioso pelas respostas.

— Isso eu não posso dizer, o delegado também foi ferido, mas não foi nada grave e quanto a Marcos. – ela dá uma pausa. – Ele está morto. – ela fala.

— Morto? – Ítalo pergunta incrédulo.

— Sim, mas o que realmente aconteceu, só o delegado pode confirmar. – ela fala e Tody acaricia o ombro dela, eles formam um lindo casal.

Ficamos conversando por um tempo, com Ítalo sentado ao meu lado na cama, ele parecia muito carente, mas eu entendo, o que eu fiz foi muito arriscado e acho que ele teve medo de me perder, eu mesmo não parava de pensar nele quando Marcos apontava aquela arma para minha cabeça, esse é o poder que o amor tem, faz com que as pessoas passam a se importar umas com as outras, faz com que o desejo de proteger alguém se fortaleça a medida que a relação cria raízes em nossos corações.

— Vou comprar um café, você quer? – Flávia pergunta a Tody que nega com a cabeça. – E você Ítalo? – ela pergunta e ele também nega. – Bom, eu volto já. – ela levanta do pequeno sofá que tinha no quarto e sai.

— Já é oficial? – pergunto a Tody que logo abre um sorriso.

— Ainda não, pensei em fazer um pedido especial, mas só depois que ela terminasse com o seu caso. – ele fala e pelo jeito meu amigo está realmente apaixonado pela Flávia.

— Se precisar de ajuda, pode contar comigo. – Ítalo fala parecendo animado com a ideia de uma surpresa.

— Comigo também. – falo e Tody confirma com a cabeça.

— Claro que eu vou precisar da ajuda do meu casal favorito. – Tody fala rindo e acabamos indo na onda, nessa hora um médico entra no quarto.

— Vejo que estão bastante animados. – ele fala parecendo animado também.

— Sim, é que meu amigo aqui está apaixonado. – falo e Tody me dá língua me fazendo rir, que ato infantil.

— Mas eu não sou o único não é?! – ele fala e cruza os braços, hoje ele está muito infantil.

— Bom, paixões a parte, nada contra. – o médico começa a falar. – Vitor, você já pode ir para casa, seu ferimento não é muito grave, mas vai precisar de muito repouso. – o doutor fala e uma enfermeira aparece para tirar a agulha do meu braço onde eu estava recebendo o soro.

Com isso e com a ajuda de Ítalo me visto, Tody saiu para procurar uma cadeira de rodas para poder me levar até o estacionamento, já que eu não posso andar, na volta ele vem com a cadeira e na companhia de Flávia, o caminho para casa foi tranquilo, comigo recebendo várias carícias de Ítalo no banco de trás do carro de Tody.

Cada dia que passa o sentimento que sinto por ele só cresce, é um amor que jamais sentir antes, um sentimento puro que me faz querer ser uma pessoa melhor, me arrisco a dizer que foi por causa desse sentimento, que Ítalo me mostrou, que eu pude superar meu vício, pois hoje nem penso mas nisso e por causa desse amor que estou sentindo por ele, vou me esforçar para que isso dure.

— Nós já vamos, se cuidem. – Tody fala saindo com Flávia após me ajudar a subir até meu quarto.

— Obrigado pela ajuda. – falo e eles saem em seguida.

— Você quer alguma coisa? Água? – Ítalo pergunta e eu nego.

— Quero você aqui. – falo e abro os braços, ele vem e se senta ao meu lado na cama, se acomodando em meus braços.

— Não sabia que você tinha um lado carinhoso. – ele fala rindo.

— É, nem eu. Culpa sua. – falo brincando com os fios de seu cabelo o bagunçado.

— Sim, eu tenho o prazer de assumir essa culpa. – ele fala e se ajeita para que pudesse me olhar. – Você mudou muito, desde quando te conheci. – ele fala tranquilo com um sorriso no rosto.

— E isso é bom? – pergunto e ele rir.

— Claro né. – ele fala e volta a apoiar sua cabeça entre meu ombro e pescoço.

No dia seguinte, recebo uma visita um tanto quanto inusitada, pois era a primeira vez que ele vinha até minha casa depois do dia da morte da minha mãe, o delegado Fernando aparece na porta do meu quarto com um braço enfaixado, preso em uma tipóia junto ao corpo, impossibilitando assim que se movimentasse.

— Agora eu sei por que nunca me deu uma chance. – ele fala e puxa a cadeira que fica mesa perto da janela. – Vejo que já está muito bem acompanhado. – ele senta e cruza as pernas.

— Sim e eu agradeceria se parasse com esses comentários desnecessários. – falo e Ítalo aparece no quarto. – Senta aqui. – o chamo para sentar ao meu lado, o delegado não gostou muito da ideia.

— O que o senhor veio fazer aqui? – Ítalo pergunta.

— Certo, como fiquei sabendo que você não podia andar, resolvi vim pessoalmente te deixar a par da situação. – ele fala sério, parece que suas investidas para cima de mim se esgotaram ou talvez seja a presença de Ítalo.

— Acho que devemos chamar minha advogada, ela entenderá melhor e também tem o direito de saber o que você tem dizer. – falo e o delegado bufa fazendo sinal de desdém com a mão.

Ligo imediatamente para Flávia a avisando que o delegado está aqui com novidades e o resultado da operação que fizemos, depois que desligo, cerca de uns dez minutos depois ela já estava aqui e a tira colo veio Tody também, vou ter que me acostumar a partir de agora a vê-los sempre juntos.

— Agora que já estou aqui, prossiga com os fatos senhor delegado. – Flávia fala, as vezes eu ainda me impressiono com a forma dura com que ela fala com o delegado.

— Ok. – ele fala meio incomodado. – Vocês já devem está sabendo que Marcos está morto. – ele diz e eu concordo. – Mas de acordo com os homens que foram presos naquele dia, Marcos matou o seu pai, Jorge, por não ter conseguido pagar a dívida que tinha com ele e que antes disso o seu pai tinha ido procurar Marcos para que ele o ajudasse a se esconder pois tinha matado sua mãe, isso está tudo relatado no depoimento de três dos dez homens que foram presos no dia da operação. – o delegado termina de falar e um silêncio toma conta do quarto.

Nunca pensei que meu pai fosse capaz de uma coisa dessas, tanto de matar minha mãe, como de se viciar em jogos de azar e acabar se endividando com um agiota tão perigoso quanto Marcos, ele mesmo me dizia que o que eu fazia era errado em seus raros momentos de paternidade comigo, que meu vício iria me matar e que era para ficar longe de Marcos, mas quem mas se envolveu com ele foi aquele que me dizia para ficar longe, isso é uma contradição muito difícil de entender.

Vícios (Romance gay) - CONCLUIDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora