Capitulo XI

229 23 9
                                    


Ítalo.

Estávamos a horas naquela merda de sala de espera, sem notícias, estava quase surtando de tanto esperar, coitado do Tody, que ficou ouvindo a cada cinco minutos eu perguntando se o Vitor estava bem, sendo que ele também não sabia de nada, acho que ele já estava perdendo a paciência comigo.

- Eu vou perguntar pra enfermeira de novo. - falo para Tody e me levanto, ele me puxa pelo braço, me fazendo sentar novamente.

- Cara, senta ai e espera o médico aparecer, se não vou te amarrar nessa cadeira. - ele fala.

- Mas tá demorando de mas. - falo, ele passa as mãos no rosto.

- É, eu sei, também tô preocupado com Vitor, mas entrar em desespero não vai ajudar em nada, então acho melhor você ficar quieto aí. - ele fala e eu me calo de vez.

Se passou cerca de mas uma hora, até finalmente o médico aparecer para nós da notícias de Vitor.

- Vocês são parentes do Vitor Alencar? - o médico fala ao se aproximar de nós.

- Digamos que sim, sou o melhor amigo dele. - Tody fala e o médico olha alguma coisa em sua prancheta.

Sabe aqueles momentos que você não sabe o que pensar? Que simplesmente você tá ali, mas a mente está flutuando em algum lugar bem longe dali, estou assim agora, a única coisa que eu queria era poder ver o Vitor agora e ter a certeza que ele está bem.

- Então doutor, ele está bem? - pergunto ao médico que me olha com uma cara não muito agradável, dane-se, só quero saber como o Vitor está.

- Bom, os exames mostraram que ele é um usuário de algum tipo de droga, basicamente o que ele teve foi uma crise de abstinência da droga e agora precisa de reabilitação. - o médico fala para o meu alívio, não é nada mas grave que isso. - Porém. - ele continua e o coração volta a acelerar. - Detectamos uma alteração no fígado, então teremos que fazer exames mas detalhados. - o doutor falar e Tody e eu nos olhamos.

- Como assim, alteração? Do que exatamente o senhor está falando? - pergunto.

- Não posso afirmar nada agora, terão que esperar o resultado dos exames. - o doutor fala.

- E podemos vê-lo? - Tody pergunta e o médico acena com a cabeça.

- Sim, mas não por muito tempo, ele tomou alguns sedativos pois estava muito alterado. Venham. - o doutor fala e nós o seguimos.

Seguimos o doutor até o terceiro andar do hospital onde ficava o quarto que Vitor está, era a primeira vez que estava em um hospital e achava tudo muito estranho, o ambiente, aquele cheiro que todo mundo fala.


***


Vítor

Me sinto leve, parece que estou em uma nuvem, mas estou em uma cama de hospital, como vim parar aqui? Realmente não sei, mas o fato é que eu quero sair logo daqui.

Ao contrário do meu corpo, minha cabeça está pesada e dói bastante, a necessidade de fumar só aumenta, mas sei que a enfermeira que acabou de sair do quarto onde estou, colocou algum remédio junto com meu soro, pois estou começando a ficar com sono.

- Que bom, ainda está acordado. - um médico entra no quarto e logo atrás dele aparece Tody e Ítalo.

- Hey cara, como você tá? - Tody pergunta.

- Com sono. - falo mas na verdade me sinto lento.

- Isso é normal, são os efeitos do medicamento no soro. Você precisa descansar. - o médico fala, eu sabia. - Bom, vou deixa vocês conversarem. - ele fala e sai.

- Nossa, você não sabe o susto que levei, quando te vi desmaiado na rua. - Ítalo fala senta do na ponta da cama.

- É cara, você deve sua vida ao Ítalo, ele te salvou. - Tody fala e Ítalo faz cara de orgulho.

- Certo, obrigado por me ajudar. - falo, apesar de achar um exagero da parte do Tody, tenho que agradecer e estou lento de mas para discutir.

- Você me agradecer depois. - Ítalo fala e sorrir, eu meio que odeio e adoro quando ele faz isso, sorrio de volta.

- Espera aí, Vitor Alencar, está rindo? - Tody fala em tom brincalhão.

- É só impressão sua. - falo e Ítalo continua com um sorrisinho no rosto, certo, admito, isso mexe comigo, mas por que?

- Sei sei. - Tody fala e faz cara de desconfiado.

- Parem com isso. - Ítalo fala rindo. - Acho que devemos ir Tody, o Vitor precisa descansar. - ele fala e eu concordo, meus olhos estão começando a ficar pesados.

- Certo, amanhã voltaremos. - Tody fala e vai em direção a porta. - Se cuida. - ele fala ao se virar pra mim com a mão na maçaneta da porta.

- Descanse bem, estarei aqui amanhã bem cedo. - Ítalo fala e põe a mão na minha coxa, o que me fez arrepiar de uma forma, só aceno com a cabeça.

Eles saem e eu fico sozinho, mas mesmo com tanto sono e me sentindo cada vez mas cansado, minha mente não para, começo a pensar o por que de algumas atitudes do Ítalo mexerem tanto comigo, sei que ele faz isso de forma consciente e eu não tenho nada contra, mas o problema é que eu nunca achei ninguém interessante.

E se for o caso de rolar alguma coisa, tenho medo de o contaminar, de fazê-lo sofrer ou dele entrar no mesmo mundo que eu, ele parece ser uma pessoa boa, ao contrário de mim, não merece perder esse brilho, pois a muito tempo me definir como uma pessoa tóxica, as vezes acho que minha única ligação com algo decente é o Tody.

Mas desde que conheci o Ítalo, algo está mudando em mim, não é pelas piadinha de duplo sentindo dele ou das comidas que ele faz, é algo que parece ser mas além, ele é do tipo de pessoa que é alegre, ao contrário de mim, por isso tento o manter o mais longe possível.


Finalmente, em meio a tantos pensamentos, consigo dormir, mas tenho novamente um sonho estranho, dessa vez estou em uma cabana, que parece ser bem antiga, cheia de poeira e teias de aranhas, tento sair, mas portas e janelas estão trancadas, começo a sentir um calor insuportável e quando percebo a cabana está em chamas, o fogo vai tomando conta de tudo, pouco a pouco, apesar de ser um pesadelo, parece muito real.

Abro os olhos e vejo que ainda estou no quarto do hospital, mas estou tão suado quanto no sonho, olho para o relógio que tem na parede e marca duas e meia da manhã, pelo visto, irei ficar acordado o resto da madrugada inteira, já que o efeito do remédio passou e depois desse pesadelo, não conseguirei mas dormir, só piora com a vontade de fumar me consumindo novamente.



Vícios (Romance gay) - CONCLUIDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora