Capítulo XVII

170 26 5
                                    


Passei alguns dias sendo “ treinado “ para o dia em que ia servir de isca na operação para prender Marcos, quando contei para Ítalo sobre a ideia do delegado Fernando, ele primeiro queria ir até a delegacia para tirar satisfações com o delegado, depois ficou me enchendo com seus comentários de como isso seria perigoso.

Com Tody foi o mesmo, eles se juntaram para me chamar de louco por ter aceitado em participar dessa operação, expliquei várias vezes que teria um esquema de segurança para que eu não me machucasse, mas mesmo assim, eles ainda eram contra.

Com o passar dos dias, minha relação com Ítalo só ia se fortalecendo cada vez mas e a possível relação entre Tody e Flávia, parecia está se tornando sólida também, mas meu amigo não confirmava nada, me deixando na curiosidade.

— Você tem certeza que quer realmente fazer isso? – Ítalo pergunta pela milésima vez, estamos no meu quarto deitados, ele por cima do meu peito me acariciando com a pontas dos dedos.

— Tenho e não tem mas como desistir agora. – falo e ele levanta a cabeça para me olhar.

— Da sim, é só você ir lá naquele delegado de meia tigela e dizer que não quer mas participar dessa loucura. – ele fala e eu rio.

— E desperdiçar o empenho e trabalho de todos que estão envolvidos na operação? – pergunto e ele abaixa a cabeça novamente, se acomodando em meus braços.

— Tá certo. – ele fala.

Enfim chega o grande dia, Ítalo estava uma pilha de nervos e aquilo já estava me deixando nervoso também, na manhã do dia da operação policial, Ítalo acordou cedo e não parou nenhum minuto até chegar a hora de ir para o local marcado, segundo o delegado Marcos estava seguindo com seus negócios em uma casa que era de uma tia no subúrbio sul da cidade.

Íamos ficar em uma casa próxima, onde a equipe de inteligência poderia capitar o sinal do transmissor que eu iria usar, podendo assim ouvir minha conversa com Marcos e gravar sua possível confissão, confesso que agora, tão perto de finalmente tudo está preste a se resolver, o nervosismo aparece e o medo também, mas agora é tarde de mas para voltar atrás.

— Você está preparado? – o delegado pergunta ao terminar de colocar a escuta em mim.

— Sim. – falo em voz baixa, estávamos preste a começar, a sala da pequena casa que a polícia conseguiu estava com muitos equipamentos eletrônicos onde eles acompanhavam o movimento da rua através de câmeras instaladas justamente para isso.

— Ainda acho isso desnecessário, podemos encontrar outro jeito, que não seja arriscando a vida de ninguém. – Flávia fala tentando com seus últimos argumentos fazer o delegado ou eu desistir.

— Isso já não é mas possível. – ele fala para Flávia, em seguida se vira para mim. – Agora vá, já está na hora. – ele fala.

Saio da casa, que fica a mas ou menos uns duzentos metros da casa onde Marcos estava, ao caminhar por aquela rua quase deserta, veio em minha mente tudo que já vivi nesses últimos meses, desde a morte da minha mãe e a entrada de Ítalo na minha vida, até agora.

Chego na frente da casa e bato, alguns segundos depois ela é aberta por um homem, que tinha mas ou menos 1,80 de altura, forte e com muitas tatuagens, parece que Marcos arranjou novos capangas.

— O que você quer? – o grandalhão pergunta com cara de poucos amigos.

— Eu... Eu vim falar com o Marcos. – falo e ele parece desconfiado.

— Vai embora, não tem nenhum Marcos aqui. – ele fala e tenta fechar a porta, mas eu o detenho.

— Eu sei que ele está aqui, sou um velho cliente dele. – falo e ele olha para dentro da casa, parecendo receber alguma confirmação para me deixar entrar.

— Certo, mas não tente nenhuma gracinha ou irá se arrepender. – o brutamontes fala me dando espaço para entrar.

Adentro a casa e sigo por um corredor onde vai dá a um quarto onde encontro Marcos, o quarto era bem grande, mas havia somente um sofá onde Marcos estava sentado como se estivesse sentado em um trono e ele o rei, ao me olhar ele solta uma risada de claro deboche.

— Olha que aparece, se não é o traidor. – ele fala soltando a fumaça do cigarro que tragava. Aquilo me fez ter um momento de nostalgia e a vontade de fumar veio a tona. – Quer um? – ele pergunta se referindo ao cigarro.

— Vim aqui para saber de outra coisa. – falo e ele fica sério.

— E o que seria? – ele pergunta.

— Quero saber onde está meu pai. – falo e ele parece está surpreso com o que disse.

— Olha só, parece que a abstinência te fez ter alucinações, por que eu saberia onde estar seu papaizinho? – ele fala sarcasticamente me olhando com aqueles olhos vermelhos de tanto fumar.

— Eu sei que ele tinha negócios com você, só quero saber onde ele estar. – insisto na questão, Marcos tira o sorrisinho de deboche da boca e apaga o cigarro em um cinzeiro no braço do sofá.

— Você anda muito bem informado não é?! Está se dando bem com o delegado Fernando? – ele pergunta sério com seus olhos vermelhos fixos em mim.

— Não, ele é um pé no saco. – falo e Marcos rir, sei que o delegado deve está ouvindo e eu não estou nem aí para o que ele tem a dizer a respeito.

— Certo, você tem razão, mas eu não tenho nada pra falar sobre seu pai. – ele fala tentando desviar do assunto.

— Se você não me falar por bem, terei que descobrir por conta própria e acho que você não vai querer ninguém bisbilhotando sua vida não é? – reúno toda a minha coragem e esperança de fazê-lo falar, nessa ameaça um tanto meia boca ao meu ver.

— Você está muito corajoso, não acha? – Marcos se levanta e tira um revólver da cintura, vindo em minha direção, ele coloca o revólver na minha cabeça e aproxima seu rosto do meu. – Acho que você não poderia bisbilhotar a vida de ninguém com uma bala na cabeça. – ele fala próximo ao meu ouvido, sentir o cheiro de maconha vindo forte de sua boca.

— Eu poderia ficar na minha, se você falasse o que eu quero saber. – falo e ele começa a rir novamente.

— Certo, admiro sua coragem, mas o que eu tenho para te falar não é uma boa notícia que vai resolver seus problemas familiares. – ele fala brincando com o cano da arma entre meus cabelos me deixando apreensivo.

— O que você quer dizer com isso? – pergunto rezando que ele leve esse revólver para longe da minha cabeça.

— O que eu quero dizer é que seu pai já era Vitor, o caloteiro do seu pai já deve está batendo em sua mãe no inferno. -  ele fala e num impulso movido pela raiva que sentir, dou um soco em Marcos, ele dá dois passos para trás, colocando a mão na boca de onde sai um pouco de sangue. – Você está louco? – ele grita para mim com a arma em punho mirando minha cabeça.

— Você fez meu pai matar minha mãe e depois o matou, você é um monstro, seu merda. – esbravejo minha raiva sem me importar mas com nada.

— Seu pai que era um frouxo, que não sabe nem pegar algumas jóias sem que a alcoólatra da mulher dele o pegue no flagra. – ele fala como se fosse a coisa mas normal do mundo. – E acabar tanto com ela quanto com ele, foi meio trabalhoso, mas eu conseguir me livrar dessas pragas. – ele fala e eu sinto a raiva só aumentando.

— Você é um doente. – falo com nojo da cara dele, com nojo de suas palavras.

— E você um viciado que não enxerga nem um palmo a sua frente de tanta fumaça que solta pela boca. – ele fala verificando se a arma está carregada, era uma pistola calibre 38, preta com detalhes praticados e com as iniciais dele gravadas.

Em um ataque de fúria, seguro o braço de Marcos no qual ele segurava a arma, fazendo ele dá dois tiros para o auto, consigo fazê-lo soltar a arma e começamos a lutar, derrubo Marcos no chão e defiro vários socos em seu rosto, percebendo que estava ficando cansado ele reverte as posições e agora eu que levo socos na cara.

De repente ouço barulhos de tiros vindos de fora do cômodo onde estamos, tudo que aconteceu depois foi muito rápido, Marcos se levanta de repente, pega o revólver do chão e atira na minha direção, o tiro acerta minha perna, logo depois ele se vira e atira mas duas vezes, escuto mas dois disparos e vejo Marcos caído com uma poça de sangue ao seu redor, depois disso minha vista escurece e eu apago.

Vícios (Romance gay) - CONCLUIDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora