SOTAQUE E VOZ ROUCA

587 50 1
                                    

                                                                                              LISA

Sinto frio quando desembarcamos em São Paulo, está ventando muito, Kathrin me aconselha a vestir uma blusa como ela e logo depois vamos a um ponto de taxi. Diz ela que sua avó, Tatiana, já está hospedada na casa de sua amiga, a aniversariante de amanhã. Ela passa o endereço para o taxista e logo estamos entrando em um incrível condomínio que só tem mansões. Assim que o taxi estaciona em frente a um casarão, avistamos Tati ao lado de uma senhora muito sorridente. Ela abraça a neta e lhe apresenta a amiga, depois faz o mesmo comigo. A senhora que se chama Alexandra pede que a chamemos de Alex e como a avó de Kathrin exige que retiremos o Dona. Ela nos convida a entrar, mas antes de atravessarmos a porta aparece uma garotinha linda de cabelos cor de mel e olhos verdes.

– Bisa, a senhora não vem? A tia Ally disse que só podemos ir para a mesa quando a dona da casa convidar e eu estou faminta – ela tem a voz mansa, doce e um sotaque encantador.

– Luz, a bisa estava recebendo visitas, deixa eu lhe apresentar, olha que moças lindas – Alexandra nos apresenta a bisneta e Kathrin e eu abaixamos para recebermos abraços e beijos.

– Agora podemos jantar? – Luz olha para a bisavó, depois olha para mim e Kathrin. – É que não vejo a hora de poder experimentar o quindim que a bisa preparou. Vocês gostam?

– Eu adoro – responde minha amiga.

– É meu doce preferido – respondo e recebo um lindo sorriso.

– Então vem comigo que vou te levar para lavar suas mãos – ela pega a minha mão e me leva com ela. – Depois iremos jantar tudinho e enfim poderemos comer os quindins da bisa.

Olho para Kathrin que vem logo atrás de mim e sorrindo apenas levanta os ombros.

Maravilhada pela mansão que não estou acreditando que irei passar um final de semana inteiro olho para todos os lados e quando Luz me conduz pela sala, uma bela jovem que deve ser mais nova que eu nos olha curiosa e Luz fala:

– São as visitas da bisa, elas irão jantar conosco e adoram quindim, acho que também vou adorar.

A moça sorri e eu a acho ainda mais linda. Ela tem o cabelo castanho dourado repicado na altura dos ombros e seus olhos tem cor de folha seca combinando com sua pele clara. Alex nos apresenta e diz que a bela jovem é sua neta e seu nome é Allyson. Allyson vem nos dar um beijo no rosto e diz que prefere ser chamada de Ally. Luz que ainda não soltou a minha mão me leva a um lavabo e espera que Kathrin e eu lavemos as nossas mãos dizendo que já lavou as suas. Eu peço que ela lave novamente, pois segurou a minha mão quando ainda estava suja e ela obedece rapidamente e nos apressa para em seguida nos levar a uma enorme mesa onde já somos aguardadas. Sento ao lado de Kathrin e Luz ao lado de sua tia que está a nossa frente. Allyson tem um sotaque igual de Luz e enquanto elas conversam eu as olho encantada até que não me aguento mais de tanta curiosidade e pergunto:

– Vocês são francesas?

– Sim, – responde Luz – mas estudamos muito o português e combinamos que enquanto estivermos aqui no Brasil iremos falar apenas a língua de vocês.

– E você achou muito difícil aprender o português?

– Muito! Mas como meu pai diz; com esforço e dedicação somos capazes de conseguir tudo o que queremos.

– Pena que o sotaque não tem como perdê-lo, não é Luz? – fala Allyson olhando com carinho para a sobrinha.

– Eu estou achando lindo o sotaque de vocês – falo e elas me olham sorrindo.

A força do desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora