Capítulo 28

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"So when I'm all choked up but I can't find the words. Every time we say goodbye, baby, it hurts"

"Se" é uma conjunção condicional. Expressa uma hipótese, uma possível alternativa para algo que ocorreu. "E se" Fantine e eu não tivéssemos terminado, seguiríamos juntas ainda? Se eu não me envolvesse com mais ninguém, superaria nosso fim de relacionamento? São várias hipóteses que minha mente criou durante este tempo em que Fantine me pediu para seguirmos com a amizade. Era estranho, pois no fundo ambas sabiam que ainda se amavam e que certamente não fosse meu orgulho, estaríamos aproveitando a noite juntas, ao invés de ambas em quartos separados.
- Basta, Luciana. Você fez suas escolhas e ela as dela - Falei para mim mesma, enquanto tratava de afastar os pensamentos.
Fantine ficaria no Brasil por um tempinho, já que nossa agenda envolvia outros shows ainda no mês de Junho e Julho. Tratei de amigar-me inicialmente comigo mesma e após tentar me dar bem com ela, mesmo sabendo que outro alguém agora ocupava sua vida e eu precisava ocupar a minha com coisas úteis.
Combinei com uns amigos de sairmos à noite para reunirmos-nos como antigamente fazíamos. Marcamos de nos ver pelas 20h no apartamento de Lis, então precisava me agilizar, pois já passavam das 19h30 e eu recém havia saído do banho. Separei uma roupa leve, fiz uma maquiagem simples e saí para o lobby do hotel. Como não possuía carro, combinei com Lis que seu irmão passaria para me buscar no caminho a sua casa. Decidi aguardar no sofá da recepção, já que na rua chovia um tanto.
- Lu - Falou uma voz atrás de mim, que logo reconheci ser de Fantine - Me desculpa, eu realmente não pensei que te chatearia tanto - pausou - estou com saudades - Disse por fim.
- Eu tamb... - Voltei meu rosto para atrás para respondê-la, quando percebi que Fantine falava ao telefone. Senti meu coração se quebrar em mil pedaços
- Amo você. Beijo - Finalizou a ligação e guardou o celular - Lu, tudo bem? - Questionou, já que provavelmente meu semblante não era dos melhores
- Sua... namorada? - Questionei, um tanto apreensiva com a resposta
- Sim. Tivemos uma pequena discussão mais cedo e bem, nos acertamos já - sorriu - Vai sair?
- Eu? - Pausei, engolindo a seco - Er, sim, vou na casa de uma amiga, nada demais. E você? - Sorri amarela, fingindo mostrar interesse
- Sim, vou sair com a Carol. Até mais, Lu - Disse, beijando minha bochecha e saindo porta a fora. Suspirei e fechei os olhos, tentando controlar a raiva e a desilusão
- Luciana, você é muito burra, parabéns - Falei em voz alta, levando a mão a testa.

....

Guto, irmão de Lis, não tardou muito em passar logo após o ocorrido e já me encontrava no apartamento de minha amiga, rodeada de gente um tanto desconhecida. Guto estava com sua namorada e Lis com seu noivo. Haviam mais dois casais se beijando pelos cantos e um homem sozinho. Tinha uma fisionomia familiar, porém não fazia ideia do porquê.
- Oi - Falou, se aproximando - Luciana, certo? - Questionou
- Correto - Sorri um tanto acanhada - E você?
- Davi. Não lembra de mim?
- Deveria? - Questionei
- Sou o primo da Lis. Costumávamos sair juntos há alguns anos, até que me mudei para fora do país
- Ah - Falei - Você mudou bastante, não te reconheci
- Você segue a mesma, só que ainda mais linda - Pronto, era o que eu precisava: cantada barata no meio da noite
- Obrigada - Sorri
- Lu, canta algo pra gente - Pediu Lis, cortando a conversa entre Davi e eu.
Tomei o violão de Lis emprestado e toquei algumas músicas. Notava que Davi não tirava os olhos de cima de mim, porém tratei de seguir concentrada na música, afinal havia prometido que não me envolveria em mais nenhum relacionamento. Já havia casado, divorciado, me relacionado com uma mulher, rompido e estava perfeita em quesito experiência. Porém preciso admitir que era até de certo modo interessante saber que aos quase 40 anos alguém ainda me olhar do modo que Davi estava fazendo.
Passamos o resto da noite entre conversas e bebidas. Davi insistiu em se aproximar mais a cada minuto que passei naquele apartamento e talvez por curiosidade ou cansaço, o deixei.
- Obrigada por me trazer, mas não era necessário - Disse, quando a juntada na casa de Lis havia encerrado e Davi insistiu para me trazer até em casa
- Não deixaria que você pegasse um táxi, ainda mais a essas horas e sozinha - Falou e eu fitei o relógio: 2:30h. A noite voou e eu nem havia notado
- Bem, obrigada igual. Boa noite - Sorri e desci do carro. Antes de fechar a porta, Davi exclamou
- Espero ver-nos proximamente! - Assenti e fechei a porta do carro. Deixei escapar um sorriso de canto ao pensar no que havia escutado
- Luciana, chega, vai dormir - me auto repreendi e subi para o quarto.

Naquela noite, dormi como não havia o feito desde que Fantine e eu terminamos. E me peguei gostando dessa sensação de estar superando-a.

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Vocês vão querer me matar 🙊

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