Capítulo 29

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"Cambia ya tus sueños, nada más. Con el mismo cuerpo comenzar. Tiempo de cambiar, tiempo de empezar"

Promessas são dívidas que temos com pessoas e não deveríamos jamais falhá-las, correto? Errado, pois raramente cumprimos o que prometemos e eu acabo de perceber que falhei na única promessa que havia feito para mim mesma: não voltar a me relacionar com mais ninguém e ser solteira para o resto da vida. Eu até bem que tentei, não me levem a mal, mas as coisas saíram do controle...

Davi e eu nos conhecemos na casa de Lis e desde então, passamos a conversar quase todos os dias por telefone. Fantine já raramente passava pela minha cabeça e estar com Davi me fazia esquecê-la completamente e focar em mim. Tivemos nosso primeiro beijo na terceira vez que nos vimos. Com ele decidi ir devagar, afinal era a segunda vez que me relacionava com alguém após o divórcio e a primeira vez que alguém parecia mexer comigo quase da mesma forma que Fantine o fazia. Era estranho, mas de certo modo, bom. Engatamos em uma espécie de namoro, sem cobranças, sem ciúmes e poderia dizer que sem tanto sexo também. Infelizmente Davi não me satisfazia tanto na cama, mas pelo menos ele possuía um bom papo... ninguém é perfeito.

Os dias passaram rápido e devagar ao mesmo tempo. Julho já se aproximava e a agenda do grupo já estava cheia, com shows por várias cidades do país.
Fantine volta e meia ia para Holanda ver Christine e cuidar de sua casa e logo regressava. Sequer nos cruzávamos pelo hotel e eu em partes até agradecia, era um problema a menos para enfrentar. Sabia que ela havia seguido a vida, estava namorando sério uma outra mulher que, coincidentemente ou não, também se chamava Lu, a diferença é que ela é Ludmila e não Luciana. Não havia visto-a pessoalmente ainda, mas sabia que morava perto do hotel e por isso Fantine ficava dividida entre Brasil e Holanda.

Enquanto a mim, como disse, seguia com Davi. Ele era um bom tipo: moreno, um pouco mais alto que eu (não que seja difícil isso, convenhamos). Era sobretudo simpático, porém fechado. Não tinha o costume de falar tanto de sua vida, então eu acabava fazendo toda a fala.

A metade do ano recém havia iniciado e meu tempo já estava ficando curto. Com a agenda cheia do grupo, quase não via muito a Davi. Ensaiávamos com a banda; íamos para o estúdio; fazíamos shows e de certa maneira isso passou a enfurecer Davi, que reclamava que eu já não possuía mais tempo para ele
- De novo ensaio, Luciana? - Questionou Davi, já furioso
- Sim, Davi, de novo. É meu trabalho, ou você espera que eu largue tudo para ficar aqui dentro desse quarto de hotel sem fazer nada?
- Fazem semanas que não nos vemos direito. É sempre nessa correria, eu sinto falta de você, sabia?! - Exclamou
- Eu não posso fazer nada, Davi. A agenda do grupo está cheia e você sabe que é minha prioridade
- Você vive com eles, aposto que os homens da banda devem adorar
- Quê? - Indaguei, sem entender
- Eu vejo como aquele tal diretor te olha, sem falar nos outros músicos - riu sarcástico
- Espero que você não esteja insinuando o que estou pensando, Davi
- Ah qual é, Luciana, vai dizer que nunca notou? E se eles te olham assim, é porque você deve corresponder. Adora se ajoelhar em frente ao guitarrista no meio do show, dança grudada nos bailarinos...
- Não vou perder meu tempo ficando aqui recebendo insultos desse tipo - O interrompi, já pegando minha bolsa e me dirigindo à porta
- Estamos conversando, Luciana
- Não, não estamos. Você está me ofendendo e eu não vou tolerar essa falta de respeito. Está imaginando coisas e jogando a culpa em mim
- Você só quer saber do grupo e me deixa a ver navios. Quando começamos a nos relacionar não era assim
- Não era porque o grupo estava com a agenda tranquila - bufei - Chega, não dá mais, Davi. Acho melhor tirarmos um tempo
- Um tempo? Você quer terminar? É isso?
- Do jeito que você anda implicando com o grupo, acho que sim. Acho que quero sim terminar
- Quer terminar para se jogar na cama dos músicos, é isso - Mal terminou de falar e só percebi minha mão se fechando em seu rosto
- Basta! - Exclamei, após estapeá-lo - Fora da minha casa - Abri a porta e segundos após, Davi saiu. Fechei-a brutalmente e apoiei a testa nela, deixando um grito de raiva escapar pela minha garganta.

Assim que me acalmei, segui com a rotina dos ensaios. Meu semblante sério desvaneceu assim que entrei no estúdio para ensaiar com as meninas. A vibe me fazia bem; a música me deixava feliz no mesmo instante.
- Lu, tudo bem? - Questionou Fantine, ao sentar-se próxima a mim no pequeno sofá que havia dentro do estúdio
- Tudo sim. E você? Como anda o namoro? - Sorri falsa, fingindo interesse
- Vai bem... - pausou - certeza que está bem?
- Tive uma pequena discussão com Davi, nada demais - Sorri.

Nossa conversa terminou ali. Nenhuma das duas se arriscou a questionar algo que as faria mal e eu sequer coragem tive de contá-la que Davi e eu havíamos terminado. Não queria criar falsas esperanças de que com isso poderíamos voltar a namorar, afinal eu decidi terminar tudo para que ninguém sofresse com a distância no final.

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