Capítulo 25

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"¿Que nos faltaba para enamorarnos? Convencidos en nos separarnos. Tú y yo jurabamos y nos creía que tanto amor hasta nos sobraría"

É necessário eu dizer que passei o resto da noite em claro? Acredito que não. No escuro do quarto, a única coisa que se ouvia eram meus soluços devido ao choro. Sentia meu coração apertado, porém ao mesmo tempo sabia que era algo necessário para ambas. Sofriríamos longe e certamente o relacionamento acabaria cedo ou tarde. Pois optei pelo cedo, mesmo que isso me deixasse no estado que me encontro: desolada.
A claridade começou a se fazer presente pelas frestas da janela e com isso decidi levantar da cama. Olhei no relógio e lembrei que por estas horas Fantine deveria estar indo para o aeroporto. Pensei em descer para o saguão do hotel e aguardá-la e até mesmo dizer que eu estava louca e não queria terminar, mas acabei afastando os pensamentos. Precisava lembrar que Fantine não morava em outro bairro, mas sim em outro país e isso por si só já complicava nosso relacionamento, sem contar em Christine, que não entenderia como a mãe poderia namorar alguém que não seu pai... eram tantos empecilhos que o melhor mesmo era deixar tudo como estava.
Suspirei, sequei as lágrimas teimosas e me dispus a tomar um longo banho. A água do chuveiro pareceu clarear a mente e me senti renovada após sair do banheiro
Tentei me manter o mais longe possível do celular durante o dia, pois sabia que as pessoas ao meu redor questionariam como eu estava e sabia que ela trataria de alguma forma manter contato e o melhor jeito de superar era deixando-a em paz.
Passei o resto do dia na cama, zapeando os canais de televisão e vez ou outra arranhando alguma música em meu violão. Controlei a mente para não pensar em Fantine, mas quando dei por mim, até cantarolando músicas que me recordavam à ela eu já estava. Quem disse, afinal, que seria fácil terminar um relacionamento? Pois é.

.....

23 de Junho - 10h30.

Fantine aterrizaria a qualquer instante - isso se já não havia chegado - e eu estava nervosa. Seria a primeira vez que nos veríamos após o término e eu sinceramente não saberia como reagir.
Passei a manhã andando de um lado ao outro pelo quarto do hotel, pensando se deveria descer e fingir costume ao vê-la pelo saguão ou apenas deixar o encontro para a hora do show. Me sentia nervosa, ansiosa e com ganas de abraçá-la. Foram quase quatro semanas longe, sem um contato qualquer e eu já enlouquecia de saudades, mas precisava manter-me firme, distrair a mente e evitar sentir qualquer coisa por ela. Eu precisava aguentar somente dois dias - tempo em que ela estaria no Brasil - e depois poderia chorar o quanto quisesse. Fui desperta dos pensamentos com um toque de mensagem. Espiei o visor do celular e vi que era uma mensagem de Carol Caminha. Me sentei na cama com o celular em mãos e abri a notificação: "Irei de carro para Campinas", informava ela na mensagem. Estranhei, já que ela gostava de nos acompanhar na van. Logo após, concluí: Fantine iria junto. Fantine estava me evitando da mesma forma que eu estava fazendo e isso me partiu o coração. Respondi apenas um "ok" para Carol e logo após outra mensagem entrou "Nos vemos à noite" enviou ela. Estava receosa em questionar sobre Fantine, mas decidi o fazer "Carol, Fanta está com você? Como ela está?". Minutos após, veio a resposta "Está. Luciana, precisamos conversar sobre a Fantine. Ela tem novidades". Pronto, bastou esta palavra para eu gelar. Meu corpo estremeceu e eu senti um nó na garganta. Fantine possuía novidades... quais novidades eram essas? Boas ou ruins? Deveria me acalmar em saber que ela havia chegado bem ou ficar aflita por ela me evitar? Minha vontade era sair correndo e bater na porta de seu quarto e conversar com ela, mas sabia que eu deveria aguardar, porém minha ansiedade não permitia tal ato.

Fitei o relógio: 18h. O horário combinado para a van chegar. Carol e Fantine sairiam junto com nós, porém por conta própria. Li estava amamentando Antonella em um canto e Aline e Karin conversavam com Camila sobre os shows. Eu estava de pé escorada no balcão do lobby, olhando a todo momento para a porta, a espera do transporte. Não esperava que Fantine e Carol nos encontrassem no hotel, mas para minha surpresa, Fantine cruzou a porta da recepção. Nossos olhares se encontraram e meu coração palpitou fortemente. Senti minhas mãos começarem a soar frio a medida que ela se aproximava. Não tirei meus olhos de cima dela e ela tampouco o fez. Ninguém falava nada e não sei sequer se nos olhavam, porém parecia que Fantine caminhava em câmera lenta e a cada passo, a vontade de chorar era maior.
- Oi - Sussurrou ela, quando aproximou-se o suficiente de mim
- O... oi - Respondi, com a respiração entrecortada - fez boa viagem?
- Fiz, obrigada - Agradeceu e sorriu - Precisamos conversar... você tem tempo? - Questionou. Olhei no relógio sobre o balcão e constatei que faltavam alguns minutos para sairmos
- Tenho. Sairemos daqui quinze minutos
- Perfeito, é o tempo que preciso. Vamos? - Assenti e a segui para o pátio do hotel
- O que você queria? - Questionei, já nervosa
- Neste meio tempo em que estivemos separadas, eu... - Pausou, parecendo procurar as palavras ideiais
- Você...? - Continuei, imaginando que ela provavelmente diria que sentiu minha falta e gostaria de voltar
- Eu conheci alguém - Falou, despejando tudo de uma vez
- Ah - Respondi, entre um sussurro. Senti que as lágrimas já prontamente caíam
- Espero que não se ofenda. Digo, gosto muito de você, Lu...ciana, mas
- A vida segue. Eu entendo - A interrompi
- Somos colegas de banda ainda. Não quero que o clima fique estranho entre nós
- Tudo bem. Com licença - Pedi e me retirei, já sentindo que o choro estava vindo com tudo.
Mal saí do pátio e avistei a van estacionando. Não falei nada para ninguém, apenas peguei minha mala de roupas e me enfiei no fundo do automóvel. Coloquei os fones de ouvido, uma música alta e por ali me mantive a viagem inteira até Campinas, entre as lágrimas e a sensação de culpa por tudo isto. Fantine havia seguido em frente e posso concluir que realmente a havia perdido de vez.

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