O final 2

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... Imagina uma pessoa de sorte, era eu dentro do quarto do Diego me entregando pra ele. Se aproximou de mim ajeitando minha mecha de cabelo atras da orelha. Desceu a mão acariciando carinhosamente  meu rosto até chegar no queixo que ergueu de maneira surpreendentemente paterna dizendo:

- Isto não está certo. - O que? Ã ? Como assim? Foi o que passou pela minha cabeça oca naquele momento. Fiquei confusa. busquei em seus olhos o porque daquela fraze o ouvindo dizer em seguida: - Não é isso que você quer . - Fiquei passada. Eu não estava ali atrás do que queria, eu estava ali atrás do que eu precisava e eu só precisava me jogar. ( na verdade eu estava meio que querendo me vingar do mundo. Poderia ter procurado a Paôla, mas iria ficar faltando uma coisa que eu valoriso muito e que era essencial para o momento ). - Vamos pensar em outra coisa?  - perguntou ele carinhoso com um leve sorriso de canto de boca.

Era estranho eu sentada na cama do cabelin de rico olhando pra ele encostado na parede próximo a porta. Uma cena repetida. Com as mãos nos bolsos trazia também um semblante parecendo tentar ler meus pensamentos embora já soubesse bem o que se passava comigo - Pode ficar a vontade, volto já - disse saindo em seguida para a cozinha que ia me trazer um copo d'água. Na verdade ele foi fazer uma ligação, tava na cara. Tomara que não ligue pros meus tios.
Olhei em volta me apegando aos detalhes do quarto como da primeira e única vez que estive alí. Tudo continuava do mesmo jeito. Sofisticação e simplicidade combinando perfeitamente bem. Com a palma da mão senti novamente a leve textura da colcha que cobria a enorme cama. Uma cama incrivelmente perfeita para tudo. Me deixei acomodar nela ao sentir as vistas pesarem da noite mal dormida e da caminhada até chegar ali.
Quando o Diego voltou da cozinha me viu como da outra vez toda esparramada sobre ela, mas desta vez  eu estava dormindo. Deixou o copo sobre a pequena mesa de duas cadeiras próximo a grande janela de vidro. Refletiu brevemente parecendo estar diante de um grande dilema enquanto me olhava fixamente e saiu depois de me cobrir parcialmente com um fino lençol muito branco. Me deixou com a certeza de que eu estava bem guardada e protegida alí no seu quarto, no seu universo  onde dormi por umas três horas.

Estava perdida em meus enigmáticos sonhos quando chegou a hora de voltar. Sonhava que estava em um lindo jardim rodeada pelas mais lindas flores presentes em toda parte parei os olhos no incrível arco íris que coloria o horizonte diante de uma cascata muito transparente bem lá na frente. Reparei nas cores da pequena borboleta explorando a margarida bem ao alcance das minhas mãos. Estiquei o braço a convidando para um amável contato. Foi quando ouvi uma voz me chamando como que bem lá de longe. Uma voz que não me era estranha, só não lembrava de quem era. Então a linda borboleta esticou suas asas para com movimentos relativamente suaves decolar da margarida amarela passando bem próximo ao meu rosto chegando mesmo a toca-lo. Acordei com a mão de alguém acariciando minha face seguindo daquela voz ainda me chamando agora mais nítida. Regalei repentinamente os olhos ao reconhecer a inconfundível voz de Laís minha melhor amiga. Virei como que num salto me jogando para ela - Laís! - disse a abraçando forte e descobrindo Diego de pé encostado na porta bem do jeito dele. Entendi na hora pelo seu semblante que foi ele que a trouxe pra mim - Obrigado! - balbuciei para ele enquanto ouvia dela dizendo:

- Ta de dormir na casa dos outros agora mané? Você não achou que eu tinha te abandonado né?! Me desculpa que eu andei sumida por alguns dias. Sei o que você tá passando e que precisa da sua amiga do seu lado, sinto por isso mas... - interrompeu a frase concluindo em seguida - tudo vai ficar bem. Bem, cê tá preparada? eu tenho uma grande surpresa pra você. Levanta da cama e vem comigo.

Percebi Laís diferente. Suas palavras soavam de maneira como que controladas quase que formal parecendo adulto falando. mas era Laís, minha irmãzinha que nunca tive.
Pegou em minha mão me conduzindo meio que contra a vontade, pois eu não estava pra essa coisa de surpresinha, sem falar que meu corpo ainda tava meio mole do sono.
Passamos pelo Diego ganhando o corredor chegando as escadas onde avistei Paôla ao olhar para a grande porta da sala lá na frente. Ela abriu um sorriso me esperando chegar até onde estava. Seria esta a surpresa?! Olhei para trás buscando a resposta em Diego que também descia as escadas se deixando ficar para trás. Nenhuma pista. Me voltei novamente e ainda com um ponto de interrogação na cabeça para Paôla. Nos abraçamos. Em seguida ela colocou a mão na maçaneta da porta que abriu lentamente. Entendi então que a tal surpresa estava lá fora. Minha insegurança aumentou. Talvez não fosse gostar tanto do que elas queriam me mostrar, mas suas caras bobas me diziam que o que estava lá fora não era simplesmente uma surpresa mas sim A SURPRESA. Fui tomada então pelo nervosismo.

A porta agora aberta aguardava apenas que eu passasse por ela. Voltei a atenção para Diego, Paôla e Laís tentando novamente encontrar alguma pista do que seria aquilo tudo, mas só encontrei aquelas caras muito ansiosas pela minha reação a seguir. Foquei novamente para fora e dei meu primeiro passo na direção da tal surpresa. Dois passos depois meus olhos congelaram abertos na imagem que se revelou em minha frente. Meu corpo foi tomado por um shoque dos pés à cabeça. De repente tudo ficou em câmera lenta. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo. Minha tia Beth ao lado do tio zéca com o Filipe no colo. Todos com um sorriso fácil na cara enquanto que mais à frete ninguém mais ninguém menos que o tiozinho, isso mesmo, Cauã, o meu tão desejado tiozinho. Trazia nas mãos um lindo buquê de flores coloridas. Coloridas assim como que de repente do nada tudo voltava a ser em minha volta.
O meu coração disparado parecia querer sair pela boca e as minhas mãos começaram a tremer. Virei uma estátua de momento. Não conseguia sair dali. Vi quando ele abriu os braços com um lindo sorriso largo na cara me chamando para ele. Minhas lágrimas rolaram mais uma vez molhando meu rosto seguido do sorriso chorado que veio junto. Que veio da alma. Me esforcei para ir em seu encontro. Minhas pernas congeladas conseguiram enfim romper a barreira do nervosismo que as prendia e como que numa explosão espontânea consegui então correr em sua direção. Uma corrida de poucos metros para a felicidade, poucos metros de voltar para a minha vida, de voltar para o maravilhoso universo da Sãhmi. Abri os braços me jogando em cima dele como se fosse uma arraia do mar, como uma namorada que pula para o grande amor da sua vida, a sua razão de viver. O envolvi com meus braços, pernas, com todo o meu eu, com toda minha alma. O abracei apertando-o para mim. Ainda não acreditando que realmente ele estava alí olhei radiante para o alto externando a alegria que já não cabia no meu peito. Reparei as nuvens de algodão com o sol maravilhoso sorrindo para mim. Reparei os passarinhos lado a lado no fil e duas borboletas rodeando a roseira colada ao muro da casa. Tudo tinha que estar alí. Cauã rodava comigo. Sua felicidade quase do mesmo tamanho da minha se ressaltava da face como que parecendo um garotinho que acabara de ganhar seu tão desejado brinquedo. Éramos duas crianças naquele momento. Corri os olhos em volta e vi Diego, Paôla, tia Beth, Filipe, tio zéca, Laís, todos de cara solta com a minha alegria, uma alegria de todos. Vi também um cara do outro lado da rua que de relance estranhei pelo sobretudo escuro que usava por causa da hora, mas seu discreto sorriso também se mostrava contagiado pelo meu. Reparei que ele olhou pra Laís, talvez fosse esse o motivo dela andar meio diferente ultimamente, um diferente melhor, sei lá, mas ele parecia gente boa, ela estava feliz, enfim, meu mundo estava voltando para mim. Entrei nos olhos do Cauã enquanto tocava seu rosto com minhas mãos gélidas. Precisava sentir seu calor, sua pele, sua alma.  Aproximei meu rosto do seu para  vê-lo ainda mais de perto e mais de perto até sentir meus lábios tocando os dele. Foi um beijo discreto como tinha de ser, mas foi um beijo com sabor de beijo e gostinho de quero mais. Foi um beijo dizendo que eu sentia falta dele todo, do corpo, do cheiro e do corpo de novo. Olhei novamente em volta ao ouvir o barulho que os outros fizeram reagindo ao beijo. Sorri para eles no meio do choro com o rosto já todo molhado. Olhei novamente para o céu agora com olhar de gratidão. Eu sabia que ele estava alí, sempre esteve.  Ergui os braços na direção das nuvens como que compartilhando minha alegria com ele Deus dizendo com os lábios sem voz - OBRIGADO! -

Imagina agora uma garota muuuito feliz. Isso mesmo. Era eu cercada das pessoas que mais amo na vida e agarrada de rã com a pessoa que mais desejei no mundo... O tiozinho.

De repente tava todo mundo se abraçando num bolo só e pulando ao mesmo tempo.
Aquele foi o dia mais feliz da minha vida, o último dia dos meus dezessete anos. Vem bolo por aí.

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⏰ Última atualização: Jan 04, 2020 ⏰

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- Picante - No diário de uma AINDA adolescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora