A garota, com seu rosto lotado de sardas, andou sozinha em floresta clara. Era a manhã de um domingo, as árvores escondiam o sol, deixando apenas alguns fios entrarem para o calor se fazer presente entre as folhagens, fazendo flores e frutos brotarem e se abrirem. Naquela manhã, a menina tinha fugido de mais uma briga incessante de sua casa. A trancaram em seu quarto, porém ela, sem medo de altura, soube descer a sacada. Nada de novo nas discussões, mesmos assuntos de sempre, mesmas palavras jogadas ao livre vento. Ela estava exausta.
A floresta era seu refúgio, ou melhor: o que tinha dentro dela. Em meio à natureza, morava seu lugar único em todo o planeta. O seu lugar de pensar e refletir, seu lugar de chorar e rir, seu lugar de silêncio e paz, sensatez e felicidade. Ali poderia aliviar seus males. Poderia esquecer tudo e sorrir um verdadeiro sorriso. Sua vida era complicada, a garota era uma bagunça. Aquele lugar era sua estabilidade. Seu lar.
Então ela continuou sua caminhada pelas árvores, se desviando de galhos e raízes, conhecendo bem para onde estava indo, já sentindo o alívio invadindo. Ela sentia o cantar dos pássaros em seu coração, tranquila. Então o espaço se abriu para uma clareira com a grama de verde estonteante e uma cachoeira deslumbrante nas rochas. A água limpa e clara, bem como a garota se lembrava sempre. Tocou-a, e como sempre, percebeu não estar em nenhum sonho, mas sim uma realidade mágica e inimaginável. Sentiu a água fria e então foi em direção à um dos lados da cachoeira, onde ficavam cipós escondendo seu grande segredo. Os afastou e então teve sua mais bela visão.
O seu lugar era composto de um campo enorme com um canteiro lindo de flores. Todos os tipos se encontravam ali, além das borboletas que passeavam por todos os lugares do seu belo espaço encontrado. As borboletas eram de todas as cores, de todos os tamanhos e características únicas. Além disso haviam árvores cheios de frutos suculentos e uma em especial ia até o teto de seu segredo, onde o sol brilhava e iluminava a garota de olhos agora brilhantes, esquecendo todo o resto que a magoara naquela manhã. Havia também uma cascata em um dos cantos, onde ela relaxava em seus dias mais exaustivos.
A garota contemplou seu jardim, que a natureza parecia tê-la criado toda para ela, com intenção de ser seu lar em toda Terra. A garota entrou e se deitou em meio as flores do campo, com borboletas passando em sua frente. Uma em específico, era uma linda borboleta branca. Simples e tranquila, ela pousou em seu peito e ali ficou. O pequeno ser vivo parecia tirar toda a dor guardada no peito da garota.
Quando levantou voo, a garota das sardas já não sentia mais dor incomodando seu extraordinário coração.
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I Keep An Universe Inside Me
DiversosNão é uma história em si. São textos aleatórios, de dias aleatórios, de inspirações aleatórias e de uma pessoa aleatória. Porém, são textos reflexivos e talvez, profundos. Com assuntos pesados ou leves, dependendo do meu humor ou da minha história...