It's like watching the night sky

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Agatha

Eu giro na cama e o brilho dos números vermelhos do relógio caçoa de mim. É 1h da manhã. Se eu quiser ter um bom sono, preciso sair agora e voltar para a minha casa. O braço pesado ao redor minha cintura está tão confortável, me fazendo odiar ter que me esgueirar para longe dele. Porém, eu aprendi minha lição: depois de alguns erros no passado, não há nenhuma garantia que eu possa enfrentar o que provavelmente irá acontecer de manhã, se eu ficar.

Em 10 minutos eu dirijo de volta para o meu apartamento e caio na minha cama. O sono me consome rapidamente.

"Nunca vou desistir de você! Nunca vou te deixar!"

Solto um gemido chateado quando meu próprio despertador toca novamente, dessa vez em minha própria casa. 5h da manhã, o que é uma merda. Eu rolo, olhando para o espaço vazio ao meu lado e fecho meus olhos, imaginando-o cheio e quente durante um segundo.

Apenas. Um. Segundo.

Isso é tudo que eu posso permitir antes de levantar da cama e ir para o chuveiro, onde a água quente me acorda e esconde as lágrimas que deslizam pelo meu rosto.

Eu faço um pouco de café rápido, sabendo que eu vou acabar tendo um monte hoje na loja e então volto para o quarto para me vestir. As roupas estão espalhadas por todo o chão, sem que saiba quais estão limpas ou não. No final de um dia longo e estressante, eu geralmente acabo tirando minhas roupas e jogando-as de lado, por vezes, apontando-as para o cesto de roupa suja, às vezes por qualquer lugar pela casa. Não é como se isso importasse de qualquer forma. Não há ninguém aqui para me lembrar de limpar ou revirar os olhos quando alguma coisa está fora do lugar.

Eu finalmente encontrei um par decente de jeans limpos e um cropped não-manchado. O café está pronto e corro para tomar uma caneca. Ao fazer isso, eu derramo tudo sobre mim. Eu quase não sinto o líquido infiltrar-se em minha roupa, mas eu não sou completamente insensível. A marca rosa suave fica em um vermelho escuro e eu rapidamente pego um bloco de gelo para pressionar sobre ele. Lanço o cropped manchado na pia do banheiro e caço outra coisa para vestir. Uma camiseta velha, desgastada e que é muito grande para mim, está enrolada em um canto do armário. Eu batalho internamente se devo ou não usá-la pois sei que vou deixá-la suja também.

Eu trago a camiseta até o meu rosto e respiro, transportando-me há um tempo não muito distante. Meu nariz formiga enquanto lágrimas deslizam com ardor nos cantos dos meus olhos. Pressionando meus lábios à camiseta, eu a coloco na cama e observo os números gritantes em vermelho no meu relógio.

Merda!

Vou chegar atrasada. Eu pego uma blusa e coloco sem sequer me preocupar em verificar se estava limpa. Meu avental vai cobrir se não estiver. Eu não tenho tempo para me preocupar com isso no momento.

Eu me apresso e paro na minha vaga no beco atrás da loja de café e solto um suspiro de alívio. Eu estou apenas um minuto atrasada. Desci a viseira e abri o espelho, encolhendo pela minha aparência. Eu parecia ter apanhado para ter essas olheiras roxas sob os meus olhos – resultados das irregulares noites sem dormir. Não há muito o que fazer para as linhas que aparentemente estão gravadas para sempre na minha testa. Assim, peguei meu cabelo e o coloquei em um pequeno coque apresentável.

Yanna já está na loja, de pé na entrada com os olhos fechados enquanto balança junto com a música que está passando através dos fones de ouvido. Ela parece tão feliz... tão despreocupada, sua felicidade e leveza espalham-se por mim como um sorriso encontrando seu caminho para o mundo. Minhas bochechas quase doem por isso. Meus músculos raramente tinham a chance de esticar. Eu tomo cuidado para não assusta-la e gentilmente empurro seu ombro para que ela saiba que eu estou ali. Seu corpo pequeno se funde ao meu em um abraço e eu não posso evitar, acabo por abraçá-la de volta. Caminhamos para a cozinha com os nossos braços em volta uma da outra e fico lá, olhando para cada detalhe enquanto as luzes piscam.

Eu a deixei saber o que devíamos começar a fazer e sem falar nada, nós mergulhamos de cabeça. Nós duas colocamos os nossos aventais e Yanna ligou seu iPod em um conjunto de alto-falantes. Então, nós nos movemos em torno da cozinha, parceiras nesta dança que fazíamos por tanto tempo. Nós reunimos ingredientes e misturamos, deixando praticamente tudo cozinhar durante o próximo par de horas.

Tenho um momento de pânico quando não consigo encontrar as passas de um bolinho em particular que fazemos e por pouco evitei um ataque de ansiedade. Não podíamos em hipótese alguma ficar sem as uvas passas. Yanna sempre tem um raciocínio rápido e a sua capacidade de me acalmar salva o dia em que ela se lembra de olhar na geladeira.

- Desculpe, Agatha. Devo ter guardado lá dentro ao invés de guardar na despensa. Mas está tudo bem. Nós estamos bem. Você está bem. – ela me tranquilizou, esfregando minhas costas.

A fila no caixa não parou desde as 7h da manhã. Isso me manteve ocupada, no entanto, e certamente mantém minha mente fora de outras coisas, apenas por alguns momentos aqui e ali. Claro, tudo se desmorona quando vejo um jovem casal sentado na mesa perto de uma janela, compartilhando um muffin. Meu estômago vibra e um buraco doloroso pulsa no meu estômago, lembrando-me do que eu costumava ter.

Enquanto a multidão aumenta novamente, encontro-me olhando para o relógio, sempre observando o tempo. Minhas mãos tremem um pouco e eu posso sentir uma fina camada de suor revestindo a minha testa. Eu tento respirar fundo e me acalmar mas, entre o cliente completamente perdido na minha frente e os dois grandes cafés que eu consumi, é difícil de fazer.

- Sinto muito senhor... – repito pelo o que parece ser a vigésima vez. – Eu estou muito feliz por você desejar nossos pães doces mas eu simplesmente não posso substituir um pão de açúcar por um pão doce com queijo. Nós temos uma seleção boa de pães doces, gostaria de ver?

Minhas sobrancelhas franzem enquanto eu me concentro para não chorar. Eu realmente não preciso parar para ter que lidar com esse idiota quando eu tenho outras cem coisas no meu cardápio. Eu faço o meu melhor para pensar em algum tipo de compromisso que será aceitável para o amante de queijo na minha frente, quando eu sinto os cabelos finos na parte de trás do meu pescoço se levantarem em um arrepio. Sem sequer ver quem é, uma onda de calma recai sobre mim.

O homem na minha frente talvez não saiba o que se passa no momento, enquanto eu me delicio no sentimento suave, relaxando por estar experimentando isso. Eu olho e um par de olhos castanhos intensos estão olhando diretamente para mim. Por um momento ou dois, tenho um vislumbre de esperança de que talvez... talvez.

E então ele vira, evitando o meu olhar enquanto se agita desconfortavelmente. Meus olhos se fecham por um segundo e sinto a derrota inundando-se através de mim.

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