Epílogo I

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NOTA DA AUTORA: TO VIVA??? TO!!!!
hahahaha mais uma vez cá estou eu cheia de desculpas mas não irei me prolongar. A inspiração voltou, os perrengues passaram e é agora que eu termino a fic! hahahah boa leitura e desculpem-me mesmo pela falta de atualização 😔🥰 Venho acompanhada de três epílogos, isso mesmo, TRÊS! Aqui está o primeiro e espero voltar o mais rápido possível! bjssss

***

Agatha

Apesar de não querer ficar muito tempo afastada dele, antes de ir para casa passei direto na clínica, voltando para onde estávamos horas atrás — no quarto dele. Havia alguns cadernos espalhados pelo cômodo. Cadernos com a capa vermelha amassada e algumas folhas soltando da espiral. Eu estava parada no meio, pela primeira vez sozinha, sem saber por onde começar. Eu nunca havia estado ali sem ele e, nesse momento, parecia uma invasão de privacidade da minha parte. Mas eu precisava fazer isso, precisava pegar algumas roupas para levar até o hospital e alguns itens de higiene, já que não havia nada no nosso apartamento que pudesse servir de reconhecimento para ele.

Peguei o que estava mais fácil, aquele que eu havia visto antes de saírmos juntos pela porta.

"O nome dela é Agatha. Você a ama. Por favor, não se esqueça."

Eu podia jurar que sua voz acoava entre as quatro paredes, lendo essa pequena frase para mim. Como eu o amava. Como eu ansiava para que tudo ficasse bem a partir daquela noite, que ele fosse capaz de voltar à ser quem era antes e que pudesse voltar para casa comigo, para a nossa casa.

Folhei o caderno um pouco mais, voltando as páginas. Algumas delas só continham a data em cima e mais nada. Percebi que aqueles eram os dias em que ele não ia no café. Pelo visto ele não tinha o costume de lê-las porque nas que estavam preenchidas, sempre havia meu nome em alguma linha, por mais simples que a passagem fosse.

Se ele tivesse o hábito de reler, ele iria saber o motivo por qual voltar na cafeteria. Mas então...

Ele sempre voltava porque seu inconsciente ainda se lembrava de mim?

Balancei minha cabeça como se apenas esse movimento pudesse tirar esses pensamentos de mim e me fizesse voltar para a realidade. Independentemente do que fosse, todos os dias eu ainda tinha a oportunidade de vê-lo.

Vez ou outra ele detalhava paisagens e momentos que vira durante o dia, juntamente com o desejo de ter uma câmera fotográfica consigo para poder registra-las.

"Eu deveria ter tirado uma foto da garçonete que me serviu o muffin com o café à tarde. Seu sorriso poderia ser classificado como uma maravilha do mundo, e eu nem estou exagerando."

Sorri ao ler seu exagero. Ele sempre se referia assim à tudo que viesse de mim. Tirava sarro dos meus lábios grandes mas sempre me dizia que foram eles que o conquistaram. Ele não havia esquecido de mim.

Acabei me perdendo em suas lembranças e na hora de voltar para o meu marido. Peguei todos os pertences que achei necessário levar para o hospital e, antes de fechar a porta, reuni 2 ou 3 cadernos e os trouxe comigo. Gostaria de saber o que mais ele havia feito durante todo esse tempo.

***
Tomei o banho mais rápido da minha vida, eu tinha certeza disso. Reuni minhas próprias coisas, algumas roupas e minha escova de dente. Meu único propósito era voltar para casa apenas quando Rodrigo estivesse com alta, com ele ocupando o seu lugar na cama, como deveria ter sido pelo último ano.

Olhei para a minha própria pilha no criado-mudo. Éramos tão iguais que eu nem me assustava mais. Meus cadernos com todos os dias nos quais ele estava longe não estavam tão surrados quanto os dele, mas algumas palavras não estavam tão legíveis — culpa das lágrimas. Abri uma bolsa em cima da cama e os coloquei dentro, juntamente com algumas fotos soltas, que havíamos revelado dias antes do acidente acontecer.

As fotos eram como o oxigênio para Rodrigo. A cada segundo ao seu lado era um clique que ele dava. Algumas vezes sua obsessão me irritava, mas eu não posso negar, amava ver o resultado. Amava ver a forma com que ele enxerga o mundo, me enxergava. Seu talento era puro, era especial. Nossas fotos de casamento foram as únicas que ele não pode fotografar — por motivos óbvios — e toda a vez que ele se lembra, faz questão de dizer que nem ficaram tão boas assim.

Para mim? São as fotos mais lindas do mundo apenas por serem nossas.

***

- Como ele está? – Pergunto à enfermeira de plantão no corredor assim que eu chego ao hospital. Me sinto mais feliz mas ao mesmo muito mais apreensiva. O deixei por mais ou menos 1 hora, não poderia ser tanto tempo assim para acontecer algo ruim com ele outra vez.

- Está bem! – ela abriu um sorriso. Passou um braço em volta do meu ombro, puxando-me para ela. – Ele está dormindo agora, demos alguns remédios para sua pressão se estabilizar então por isso a sonolência, mas ele me fez jurar que assim que você voltasse, te levaria até o quarto.

- Ele ainda pode acordar sem se lembrar de mim? – Essa era a minha maior preocupação no momento. Não saberia o que fazer se isso acontecesse. Se eu tivesse que passar por tudo outra vez...

- As chances são de 1% ou menos, querida. Pelo menos foi essa a conclusão que os neurologistas que o atenderam nos disseram. Bom, eu não posso te passar mais nenhuma informação, então apenas aguarde eles aparecerem para falarem com vocês e aí você tira suas dúvidas, tudo bem?

- Claro, eu entendo. – Sorri para ela com o que eu esperei ser gratidão.

Ela abriu a porta do quarto para mim e esperou que eu entrasse. Fitei o homem deitado na maca, com os olhos fechados e o peito mexendo-se devagar com a respiração ritimada.

Agora era apenas aguardar que ele acordasse.

E se lembrasse de mim...

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