And when you're needing your space

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Rodrigo

Nós sustentamos nossos olhares por mais tempo que o normal. Nossa conexão foi instantânea, sem que eu conseguisse desviar os meus olhos do dela, daquele brilho que eu havia encontrado apenas ali. Ouvi o raspar de uma cadeira perto de mim, me fazendo romper o momento com Agatha, finalmente desviando os olhos. Eu não entendia a força que ela tinha sobre mim, mas ela era dolorosamente intensa.

Queria chamá-la e fazê-la vir até mim, mesmo não sabendo do motivo que a levara até ali. Eu queria pega-la em meus braços e nunca deixa-la ir. Um sentimento de culpa me invadiu e tentei ao máximo esmaga-lo de volta para baixo, desejando que ele desaparecesse.

Eu nem mesmo conheço essa mulher e existe algo dentro de mim que grita, alto e estridente, que não posso deixá-la escapar.

Suponho que ela está aqui para visitar alguém e, enquanto eu não quero me intrometer nisso, também não quero culpar a mim mesmo por ter perdido uma segunda chance com ela hoje. Faço o meu melhor para lidar com as minhas emoções e acalmo meu coração, que está batendo atropeladamente antes de sair para o corredor. Sem me dar conta de meus movimentos, encontro-me de pé na frente de Agatha.

– Oi! — eu finalmente digo, policiando-me para respeitar seu espaço e segurar minhas mãos para mim antes que pudesse estende-las para tocá-la.

– Oi, Rodrigo. — ela responde calma e tranquilamente, com um sorriso tímido cruzando seus lábios.

É difícil entender tudo isso. Eu não posso afirmar o que ela está pensando e seu rosto não está me ajudando muito sobre isso. Seus olhos estão tingidos com tristeza, mas seu rosto parece iluminar quando olha para mim.

– Como foi o seu jantar? — ela me pergunta, mas não posso dar-lhe uma resposta. Eu nem me lembro o que eu comi. Toda minha mente se concentra em Agatha que está aqui, agora, falando comigo.

Eu dou de ombros, esperando que seja o suficiente, e seu sorriso cresce um pouco mais amplo enquanto ela estende um pequeno saco de papel branco, balançando-o diante de mim.

– Sobremesa? — ela oferece, abrindo o saco, permitindo-me um vislumbre de um bolinho. Eu posso sentir a rajada do cheiro forte de canela de onde eu estou parado em pé e minha boca enche de água.

– Por que você não pega dois cafés e aí podemos voltar para a sua mesa? — Agatha pede, hesitante. Tenho certeza de que minha resposta está estampada no meu rosto, em confusão.

– Você não... — eu começo, completamente surpreso por suas palavras. — Você não está aqui para visitar alguém?

– Sim! — ela responde, estendendo a sua mão e depositando-a na minha. Por alguns segundos, pude sentir seus dedos apertando os meus com um pouco mais de força, com um pouco mais de carinho. — Você.

Seguro sua mão em retribuição, antes que eu seja capaz de fugir dali e sigo Agatha de volta para o refeitório, onde ela mesma pega os dois cafés.

– Como? Você não...? Eu... — as palavras tropeçam para fora de mim e eu pareço ser incapaz de formar uma frase completa.

Agatha me dá um sorriso triste enquanto me entrega o meu café.

– Não. Eu vim visitá-lo. Está... tudo bem?

Ela parece incerta e o modo como está mordiscando o lábio inferior me faz querer tranquilizá-la, mas eu ainda não estou certo do que está acontecendo aqui. Tudo que sei é que eu não posso resistir ao apelo que sinto por ela.

– Sim. Está tudo bem. Está mais do que bem, na verdade. Eu... Eu estou muito feliz de ver você aqui.

Assim que as palavras deixam a minha boca, eu posso sentir a verdade delas no meu corpo. Uma onda de felicidade percorre através de mim, levando todo o peso desconhecido que estava pressionando-me pela maior parte do dia. Agatha parece relaxar perceptivelmente e torce os lábios em um sorriso lindo. Meu coração aperta com a visão. Eu tomo mais um passo para ela e Agatha move seu café e bolinho para a outra mão, enganchando a mão direita, agora vazia, ao redor do meu braço.

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