Or a beautiful sunrise

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Rodrigo

- Um café com leite grande, por favor. – eu peço, olhando para cima no catálogo da cafeteira. – E um bolinho de canela com passas.

Eu olho novamente para baixo para um par de olhos verdes claros penetrantes. Essa definitivamente não é uma cor ordinária ou monótona. Na verdade, chega a ser vibrante, vívida, e eu não posso evitar, mas os meus lábios se puxam em um sorriso ao fita-los.

Linda.

- Cinco e Sessenta, por favor. – ela diz com um sorriso, estendendo sua mão para o pagamento.

Coloco a mão no meu bolso e pego meu cartão para pagar pelo meu pedido. Enquanto eu o entrego, nossos dedos se encostam e um formigamento inesperado se dispara através de mim me faz recuar. Eu não tenho certeza se ela sentiu isso também, porque ela só pisca e ressoa, deslizando meu cartão pela da máquina logo em seguida. É bom vê-la sorrir. Seus traços são muito mais bonitos quando não estão marcados com uma testa franzida ou suprimido em uma carranca.

Colocando um pedaço de papel na minha frente para assinar, ela fala de novo.

- Obrigada... Rodrigo.

Eu pisco várias vezes, perguntando como ela sabe meu nome, até que eu percebo que está impresso no recibo.

- Por nada... – eu olho para baixo e observo que ela está usando um crachá. – Agatha.

Seu sorriso tímido se curva, mas seus olhos permanecem brilhantes e convidativos. Lhe dou um aceno, antes de me mover para pegar o meu café no balcão ao lado. Eu posso dizer que ela está me observando, apesar do fato de parecer completamente envolvida com seu próximo cliente. Eu posso sentir o calor do seu olhar na minha pele mas, toda vez que olho para cima, seus olhos estão em outro lugar, fazendo-me perguntar se eu estou apenas imaginando isso na minha cabeça.

Meu café fica pronto e eu o pego, juntamente com o meu bolinho, encontrando uma mesa vazia. Infelizmente, de onde estou agora, minha visão fica distorcida e eu não posso mais ver a mulher bonita no balcão. Tento tomar um gole do meu café e estou mais do que satisfeito com o que saboreio. É a combinação perfeita de doce e amargo, o leite cremoso suavizando. Eu dou uma mordida no bolinho e meus olhos se fecham por reflexo. O gosto de canela, noz moscada e alguma especiaria que eu simplesmente não posso descobrir, dançando em sincronia na minha língua. A cada mordida, eu sinto como se estivesse muito mais perto de descobrir o que é que estou sentindo falta, mas no último momento, isso escapa.

Eu limpo as migalhas do bolinho na mesa, termino com o resto do meu café e me permito olhar ao redor do estabelecimento. As paredes são de cor de ameixa e são preenchidas com fotografias preto e branco. Eu faço o meu caminho até lá, para verificar cada uma. Não parece haver qualquer artista ou informações listadas ao lado de qualquer uma delas.

Eu paro na frente da fotografia de algum mar. Algo sobre isso me alerta, parecendo assustadoramente familiar. Eu vasculho meu cérebro, tentando discernir se eu já estive lá antes. Flashes de memórias palpitam na minha cabeça e, se eu fecho meus olhos, posso ver uma toalha de praia sobre a areia. Uma mulher em um vestido azul está longe de mim e seu cabelo castanho vibra suavemente ao vento. Ela segura sua própria mão e um belo diamante disposto em um anel brilha ao sol.

- É lindo... – a moça no mar sussurra e, com essas palavras, toda a memória parece dissolver-se em pedaços.

Balançando a cabeça, eu foco de volta na fotografia na minha frente.

Apesar de ser desprovido de cor, pode-se dizer que foi tirada em um dia ensolarado. A areia brilha enquanto uma grande árvore de carvalho está em primeiro plano. Um pedaço da casca da árvore está descascado com algo esculpido nela. Está muito longe na foto para que eu veja de forma clara, mas acho que poderiam ser letras.

Eu fecho meus olhos novamente, esperando que a memória fugaz se apresente, sem sucesso. Eu sinto uma onda de calor atrás de mim e algo toca o meu ombro levemente. Uma voz extremamente acolhedora, familiar e doce preenche meus pensamentos.

- Este é o meu favorito.

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