GAEL WEST
Meu dia não estava correndo como deveria e pior ficou com a chegada de uma péssima dor de cabeça. Eu só queria voltar para casa, ficar no cubículo da minha solidão e me amigar com meu fiel amigo álcool.
Só que ao contrário de apenas atender à minha súbita vontade, eu tinha que postar forças em ver e contatar com meus filhos. Saber diante deles se haviam, ou não aprontado de novo para cima de alguma outra pobre mulher, ainda que Zara bem tivesse enviado um toque mais cedo de que tinha quase a certeza de que havia achado a pessoa ideal.
Simplesmente não postei fé.
Por outro lado, a minha cabeça me traiu e lá voltei eu com os meus pensamentos ao dia anterior. Momento aquele em que tive a impressão, se não a certeza de que havia visto Olívia sentada num banco de um parque infantil. Irónico, não? Justo minha falecida esposa que vivia mais ocupada cuidando de tudo, menos de si própria, ou da família.
Não, Gael! Como Luri falou aquela não podia ser ela, pensei eu.
Olhei meu relógio e vi que pouco passavam das 18:00. Apesar de ser sábado, eu havia passado quase todo o dia enjaulado na minha sala trabalhando, como se o fato de manter a mente ocupada com balanços e números, fosse de algum modo suficiente para apaziguar o vazio que seria estar rodeado da minha família.
— Cleo, eu já estou de saída! - eu avisei ao abandonar a sala. — Aproveite e vá para casa também, você já fez o bastante por hoje!
Cleo não disse nada, apenas devolveu com um sorriso que valeu mais que qualquer resposta e enfim entrei no elevador privativo da presidência descendo. No sugão eu já tinha James me aguardando com uma pontualidade de relógio suíço.
— James! - o cumprimentei ao passar por ele.
— Senhor West! - ele devolveu num dinâmico acompanhar de passos até à saída, onde o Sedã preto nos aguardava reluzente e impecável.
Acomodando no lugar de trás do carro, eu pude ter a sensação de que uma certa palpitação estranha tomou pouse do meu peito, embora não soubesse bem o porque daquilo. A única coisa que sabia é que carregava em mim uma bela de uma dor de cabeça e essa tão cedo não iria me largar.
James alheio ao meu estado de alma, ocupou seu lugar na frente do volante e o ronco do motor facilmente pode preencher as lacunas do silêncio. O caminho para casa decorreu tranquilo, nem um pio de rádio se pode escutar e o certo é que era costume James ligá-lo para ficar a par das notícias locais sobre o trânsito.
Uma vez mais dei comigo a observar a estadual movimentada da cidade. Era só mais um sábado de aberta com sol brilhando e estranhamente quente para a estação da época.
Quando o carro parou uns minutos mais tarde, eu desci e disse para mim mesmo que iria aguentar qualquer desaforo que meus filhos decidissem aprontar e usaria tal e qual da minha autoridade de pai para chamá-los a razão.
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Herança do Amor - BOOK NOVA VERSÃO
ChickLitGael West é um homem abalado pela trágica perda da sua amada esposa, Olivia Thompson que infelizmente morreu num fatídico acidente. Gael, como qualquer viúvo, não se encontrava preparado para lidar com a ausência de Olívia em sua vida, tão pouco olh...