Capítulo 4

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LETÍCIA MENDONÇA

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LETÍCIA MENDONÇA

É cansativo você cheia de expectativa de que sua vida vai mudar, continuar receber um não na sua cara o tempo inteiro. Eu cá já começava a desesperar e tão à pouco me havia mudado para a grande cidade de Seattle.

Afinal isso de arrumar emprego não é coisa tão simples e a ideia ilusória de que a gente chegando numa nova cidade as coisas vão ser diferentes, é totalmente enganosa.

— Tão cedo de volta, morena?! - perguntou Melissa com uma chávena de café fumegante entre as mãos ao me ver entrando no apartamento mais amassada que puré de batata.

Eu não dei uma resposta ao me subjugar no sofá da sala e minha amiga carregando aquela sobrancelha loira e depilada, logo veio se juntar ao meu lado. Seu olhar era o típico de compaixão e muito não me podia queixar. Melissa estava sendo nota 10 comigo desde minha chegada à cidade. Se não fosse sua mão estendida, nem sei bem onde estaria agora.

— Sabe, eu até já falei lá com gerente da lanchonete e ele ficou de me dar uma resposta... - ela tentou tranquilizar minha depressiva situação ao aplacar suas mãos em meus cabelos chocolate.

Eu lhe devolvi com um sorriso fraco.

Emprego de garçonete não era o tipo de sonho de uma mulher que viveu e cresceu plantando expectativas em pé de feijão. Só que medindo minha atual situação financeira, não era hora de bancar uma de esquisitices e aceitar o pouco que viesse, a contar que fosse limpo.

— Você está fazendo mais do que deveria por mim, Mel! - disse-lhe eu.

— E faria mais se pudesse, porque você é minha melhor amiga e amigas são para as ocasiões, esqueceu? - devolveu ela com uma careta e eu pude quase de imediato revirar os olhos.

Melissa era teimosa, tal como eu e por isso a gente se dava tão bem. Nos havíamos conhecido pela primeira vez em uma viagem de estudo ao sul do Mississipi e lá criamos imediata empatia uma com a outra.

Diferente de mim, minha amiga vinha de uma família mais abastada economicamente falando, apesar de desde cedo Melissa alimentar uma ideia muito vincada em criar sua própria independência. Algo que justo a mim, acabou alimentando a correr atrás do mesmo desejo.

— Eu sei, mas ainda assim não me sinto bem em continuar vivendo aqui sem pelo menos ajudar com uma pequena contribuição. - debati orgulhosa.

Era mais forte do que eu e de fato é que toda a vida havia sido assim. Nunca fui mulher de viver encontrada na sombra de ninguém e logo cedo que terminei o colegial, eu implorei para que meu pai permitisse eu puder pegar um trabalho em meio período.

No começo foi difícil e muitos foram os seus argumentos dele para mudar minhas ideias totalmente fixas, alegando que eu não teria tanto tempo assim para tomar conta dos estudos e que depois acabaria optando pelo fato de os abandonar.

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