Gael West é um homem abalado pela trágica perda da sua amada esposa, Olivia Thompson que infelizmente morreu num fatídico acidente. Gael, como qualquer viúvo, não se encontrava preparado para lidar com a ausência de Olívia em sua vida, tão pouco olh...
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LETÍCIA MENDONÇA
Não é para eu estar sorrindo. Não é certo eu gostar de ganhar um beijo que não é suposto sequer acontecer. Gael é e continua sendo meu patrão.
Só que maldita seja a minha sina que na hora que tudo aconteceu, eu não consegui jamais parar. E mesmo depois tendo vindo embora, eu fiquei com mais vontade de correr atrás e roubar mais um pouco daquela desalmada perdição.
Gael tem boa pegada. Foi invasor e feroz ao tomar minha boca. Ele a domou, como nunca um homem alguma vez foi capaz.
Ian nunca me beijou assim. Não que desdenhe dos beijos do meu falecido noivo. Eles não eram ruins e ele sempre beijou bem, talvez com uma pegada mais delicada, romântica. Não aquela rudeza selvagem com que Gael me tomou em seus braços e beijou até fazer meu ar escapar dos pulmões.
Céus, eusópossoestarenlouquecendo!
Agilizei a volta para casa. Minha sorte é que Melissa provavelmente ainda não chegou. Descalcei os sapatos na entrada e segui para o quarto. Lá eu pude me livrar da bolsa e sobretudo quente para apenas desabar sobre a cama.
Mais uma vez Gael voltou forte e iminente a reinar meus pensamentos. De novo eu contornei os lábios com a ponta dos dedos apenas na ideia de voltar a saborear aqueles intolerantes lábios dele.
— Não, não! - eu debati comigo mesma ao sentar na cama e agitar a cabeça para os lados. — Não posso permitir! - reafirmei aquilo que tinha que deixar ciente, mas meu corpo não pareceu tão complacente em responder a razão.
Pensar nele é como ficar coada na calcinha. Com a perna bamba sempre que ele aproxima. A respiração a paralisar e a razão a falir.
Muitas são as vezes que eu me chego mesmo a xingar por soar tão boba diante aquele lindo e estonteante homem. Meus Deus, só sei que ele devia ser proibido. Proibido o bastante por existir e fazer do meu mundo um lugar tão difícil de sobreviver sem que por um segundo eu tenha que me tornar Eva e morder a fruta do pecado.
— Gael não é homem para você, Letícia! - voltei a debater enquanto substituía meu jeans e blusa por um pijama antigo. — Ele só estava furioso, porque não gostou de ouvir umas verdades! Foi apenas isso, nada mais!
Soltei os cabelos, limpei o rosto com um tónico e após o hidratante fui direto a cama, onde me deitei e fechei os olhos implorando aos céus para que o sono viesse logo. Ele não veio e eu passei uma noite inteira com Gael na mira dos meus pensamentos.
Na manhã seguinte, eu mal podia manter o olho aberto. Nem mesmo a dose excessiva de café que Melissa deixou pronto para mim, foi de serventia.
— Isso é que foi noite em claro! - Melissa bem comentou ao se servir. Eu apenas dei de ombros tomando todo o meu café. — Andou sonhando com o viúvo bonitão? - continuei sem dar uma, nem duas. Pelo que conheço de Melissa, sei que está apenas querendo tirar partido da minha vida. — Vou levar esse silêncio em conta, como um sim! - triunfante, minha amiga abandonou a cozinha.
