Capítulo 6

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LETÍCIA MENDONÇA

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LETÍCIA MENDONÇA

Não sei o que pensar sobre aquilo que aconteceu.

Tudo o que sei é que fui apanhada de surpresa de uma maneira que nem eu mesma estava à espera. Tudo bem, aquela coisa das pessoas olharem para mim e fazerem confusão pensando eu ser outra pessoa, muito chamou a minha atenção e foi estranho, confesso, se não incomodo. Só que mesmo assim, eu nunca postei fé de que em algum momento naquela tarde ainda acabaria por ser surpreendida com um beijo.

Sim, um beijo e não estou brincando.

Foi um beijo que para ser sincera eu resisti de começo por não achar certo deixar acontecer. Aquilo já era suficientemente confuso apenas por se estar passando comigo. Mas depois, não me perguntem de que modo, porque talvez a resposta mais estivesse na minha carência, eu me o vi retribuindo. Aquele foi para mim um beijo delicado e respeitador. Embora fosse também a primeira vez que beijava alguém depois de perder meu noivo.

Incapaz de ter largado tudo e de ter corrido de volta para o abrigo da minha casa, eu continuei ali observando a rua até a pequena menina vir de encontro a mim.

April era seu nome e ela me observou com tanta ternura que fiquei imediatamente sensibilizada com seu olhar doce e tive que agachar no mesmo minuto para ficar à sua altura.

Naquela hora ela mesmo chegou a perguntar se podia me chamar de mamãe e eu não tive alternativa se não dizer que sim, apesar de aquilo não ser certo, por apenas alimentar uma fantasia que nunca chegaria a se concretizar.

Logo depois eu vi o pai da menina ali parado a uma segura distância. Seu olhar carregava arrependimento, mas também confusão. Pelo menos naquele aspeto estávamos equivalentes.

— Papai vem! - a menina chamou ao lançar um olhar pidão ao seu progenitor que devolveu com um sorriso amável.

Cauteloso, ele veio para mais perto de onde nós duas estávamos. Ele trazia as suas mãos nos bolsos e o olhar procurando não concentrar muito com o meu, porque sempre que podia lhe fugia com os olhos.

Em contra-partida pude facilmente admirar sua beleza masculina. Ele era um belo homem de cabelos loiros revoltosos e um charme inegável. Seu olhar era arrepiante e misterioso o suficiente para me deixar mexida.

— Tenho mesmo que me desculpar pelo que aconteceu. De fato eu nem devia ter feito nada aquilo, foi inconsequente da minha parte e a verdade é que a acabei assustando... - ele tentou se explicar ao tirar as mãos dos bolsos e passá-las sensualmente nos cabelos. Continuei evitando seu olhar, apesar de concordar com suas palavras. — Peço que não leve em consideração abandonar a oferta de emprego, à conta do meu deslize! Meus filhos precisam mesmo de alguém que cuide deles!

Olhei para a menina que ainda me encarava esperançosa. Suas mãos ainda continuaram postadas nas minhas, até que alguém apareceu na escada e roubou toda a sua atenção. Claro está que cativada, a menina acabou me deixando a mim e ao seu pai sozinhos.

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