PARTE 6

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- Nossa como tá chovendo hoje! - Falei observando as gotas da chuva escorrendo pela janela da sala. David estava escrevendo o tema da nossa aula de hoje.

- Vamos falar de William shakespeare! Vocês devem conhecer ele por Romeu e Julieta, mas para os desinformados, há muitos poemas de William interessantes,para trabalharmos na sala.

- Ai Deus! Ele vai falar de Shakespeare, acho que não aguento. - Pensei.

- Vou recitar um dos poemas dele que mais gosto, o nome é A noite não me deu nenhum sossego. - Todos o observava, mas só eu conseguia perceber a beleza que existia naquele homem. Ele começou a recitar.

Como voltar feliz ao meu trabalho
se a noite não me deu nenhum sossego?
A noite, o dia, cartas dum baralho
sempre trocadas neste jogo cego.

Ele recitava, e eu observava seu olhar triste e as suas palavras saiam de uma forma tão verdadeira e ia se intensificando.

Eles dois, inimigos de mãos dadas,
me torturam, envolvem no seu cerco
de fadiga, de dúbias madrugadas:

Eu começava a ver uma lágrima escorrer pelo rosto dele, - O que está acontecendo?

e tu, quanto mais sofro mais te perco.
Digo ao dia que brilhas para ele,
que desfazes as nuvens do seu rosto;

E ele não conseguia pronunciar nenhuma palavra, as lágrimas haviam embargado a sua voz, e então me levantei e terminei o poema.

digo à noite sem estrelas que és o mel
na sua pele escura: o oiro, o gosto.
Mas dia a dia alonga-se a jornada
e cada noite a noite é mais fechada.

Então todos começaram a bater palmas quando terminei de recitar e ele mal conseguia me olhar, com certeza tem a ver com Maria, ele disse que ela havia o traído, como ela pôde fazer isso com um cara tão bonito, tão bom como ele?. Me sentei e ajeitei os meus cadernos.

- Turma acabou por hoje, próxima aula terminamos o assunto. - Ele terminou de falar, então coloquei as coisas dentro da mochila, todos já tinham saído da sala e quando eu ia me levantar da cadeira, David se aproximou e se sentou na minha mesa.

- Obrigado pelo que você fez hoje! - Ele falou e eu apenas sorri, queria poder dizer que faria qualquer coisa que ele pedisse, mas é melhor eu me controlar.

- Não foi nada, eu gosto desse poema. - Falei e ele sorriu de leve.

- Eu sei que você sabe sobre o que aconteceu entre eu e Maria. - Eu o interrompi.

- Eu não sei de nada David, oh quer dizer Professor. - Falei.

- Tudo bem, você pode me chamar de David, você é minha amiga! - Ele falou e o meu coração saltitou , de aluna passei para amiga, então quer dizer que de amiga posso passar a ser outra coisa.

- Então tudo bem. - Falei. Me levantei e ele simplesmente me abraçou e eu estava fraca, pois o perfume dele era tão bom, por mim ficaria ali abraçada com ele por toda a eternidade. Sai da sala e quando olhei para trás vi que ele tinha voltado a chorar - Será que volto? Ele tá tão triste não pode ficar sozinho. - Mais Gustavo impediu qualquer movimento meu.

- Oi linda. - Ele falou tentando roubar um beijo meu, mas eu virei o rosto.

- O que você quer? - Falei, enquanto começava a andar.

- Ah você sabe! - Ele falou e eu nem podia acreditar no que aquele garoto estava pensando.

- Olha aqui Gustavo, não vá pensando que é assim quando você quer, Me respeite. - Falei indignada. Ele me segurou pelo braço e o seu olhar era duro.

- Agora a Vadia, vai recusar um boquete! - Ele falou e o meu corpo respondeu imediatamente, dei um chute no meio das pernas dele, e ele caiu no chão.

- Isso é para você aprender a não falar comigo desse jeito, e se você chegar perto de mim outra vez, vai se arrepender. - Falei e dei outro chute nele e fui andando, podia ouvir os juramentos de vingança dele, mas nem dei bola.

Chegando em casa, fui para o meu quarto e vi que tinha uma chamada do meu irmão, me sentei correndo na cadeira e aceitei o pedido.

- Oi pirralho. - Falei.

- Oi chata, como estão as coisas por ai?

- Um tédio, mamãe e papai brigando como sempre , e você como tá?

- Tô bem, trabalhando muito, olha depois falo com você direito , meu chefe está chegando aqui. - Ele falou e eu sorri, ele desligou.

- Sinto saudades desse pirralho. - Falei e minha mãe invadiu o meu quarto querendo saber de quem eu falava.

- Quem é o pirralho que você sente falta? - Ela perguntou enquanto eu me jogava na cama.

- Meu irmão. - Sorri.

- Aquele desgraçado, depois que viajou nem liga mais para a pobre mãe. - Ela falou e eu comecei a rir. - Do que você está rindo?

- Ah mãe, você com drama? Me poupe. - E ela apenas me encarou.

- Olha vamos sair mais tarde, vamos visitar sua avó, ela está muito doente e talvez não dure muito tempo. - Minha mãe falou e eu nem estranhei o jeito que ela falava, minha avó sempre a tratou mal, sempre dizia que o filho dela merecia uma mulher da sociedade, e sempre chamava minha mãe de prostituta.

- Tudo bem! - Ela saiu do meu quarto e eu fui para a janela e olhei direto para casa de David. Maria estava saindo de lá, com duas malas na mão, - Deve tá saindo de casa, vai tarde! - Falei observando a cena, David tinha batido a porta na cara dela. Ela olhou para cima, percebeu que eu estava olhando e sorriu para mim, eu dei dedo para ela e fechei a cortina. - Vadia!

Dormi um pouco, e já acordei na hora de me arrumar. Coloquei um vestido mais comportado,fiz um coque, passei um batom bem fraquinho e desci,meu pai já estava gritando com minha mãe enquanto ela descia tranquilamente as escadas.

- Vamos mulher! - Ele falou.

- Não se preocupe se aquela desgraçada não morreu até agora, não vai ser por causa de alguns minutos que ela vá embora. - Minha mãe falou e eu segurei o riso. Sair de casa e vi David varrendo a frente da sua casa, então corri até lá.

- Tudo bem David? - Perguntei.

- Tudo sim e com você? - Ele perguntou, eu nem conseguia me concentrar direito, ele estava sem camisa.

- E... eu tô bem! - Falei.

- Vamos Ashley - Minha mãe gritou.

- Xau David. - Falei e ele retribuiu com um aceno.

Entrei no carro e já sabia que a noite seria super engraçada.

Meu Professor Gato Onde histórias criam vida. Descubra agora