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O silêncio na biblioteca envolvia Dorian como um cobertor pesado, interrompido apenas pelo


folhear de páginas conforme ele lia os extensos mapas genealógicos, os registros e os históricos da


família. Dorian não poderia ser o único; se realmente possuía magia, e quanto a Hollin? Levara


tanto tempo para se manifestar, então talvez não se revelasse no caçula por mais nove anos. Dorian


esperava que, até esse momento, descobrisse como suprimir aquela magia para ensinar Hollin a


fazer o mesmo. Podia não gostar muito do irmão, mas não queria o menino morto -


principalmente com o tipo de morte que o pai deles concederia se ficasse sabendo o que habitava o


sangue dos filhos. Decapitação, desmembramento, então cremação. Aniquilação completa.


Não era surpreendente que o povo feérico tivesse fugido do continente. Era um povo poderoso


e sábio, mas Adarlan tinha poder militar e um público ansioso em busca de qualquer solução para


a fome e a pobreza que assolavam o reino havia décadas. Não foram apenas os exércitos que


fizeram o povo feérico fugir - não, foram também as pessoas que viviam, por gerações, em uma


trégua instável com ele, assim como com os mortais com o dom da magia. Como aquelas pessoas


reagiriam se soubessem que o herdeiro do trono tinha sido amaldiçoado com os mesmo poderes?


Dorian passou o dedo pela árvore genealógica da mãe. Estava pontuada com Havilliard pelo


caminho; a proximidade das duas famílias durante os últimos séculos erguera inúmeros reis.


Mas o príncipe estava ali havia três horas e nenhum dos livros velhos e em decomposição tinha


qualquer menção a possuidores de magia. Na verdade, havia uma seca na linhagem durante


séculos. Diversas pessoas com o dom se casaram dentro da própria família, mas os filhos não


tinham nascido com poder, não importava que tipo de dons os pais possuíssem. Seria coincidência ou vontade divina?


Dorian fechou o livro e caminhou de volta para as estantes. Chegou à seção na parede dos


fundos que tinha todos os registros genealógicos e pegou o livro mais velho que encontrou - um


com registros que datavam da própria fundação de Adarlan.


Ali, no topo da árvore genealógica, estava Gavin Havilliard, o príncipe mortal que levara seu


exército às profundezas das montanhas Ruhnn para desafiar o Senhor das Trevas, Erawan. A


guerra fora longa e brutal e, no fim, apenas um terço dos homens que cavalgaram com Gavin


voltou daquelas montanhas. Mas Gavin também emergiu daquela guerra com sua noiva - a


princesa Elena, a filha em parte feérica de Brannon, o primeiro rei de Terrasen. Foi o próprio


Brannon que deu a Gavin o território de Adarlan como presente de casamento - e como


recompensa pelos sacrifícios do príncipe e da princesa durante a guerra. Desde então, nenhum


sangue feérico tinha sido gerado na linhagem. Dorian seguiu a árvore mais para baixo. Apenas


famílias havia muito esquecidas, cujas terras agora eram chamadas por nomes diferentes.

coroa da meia noite Onde histórias criam vida. Descubra agora