Capítulo 36 - Perda

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Lis.

- Ops. - Eu limpei minha boca e devolvi o galão pra Ayia.

- Lis vai embora. - Ela me olhou estranho.

- Que? - Eu parei de sorrir e a olhei. - Porque?

-Porra... - Ela passou as mãos pelo cabelo. - Porque cacete eu não paro de pensar em você!

- E qual o problema nisso?

- Merda Lis, o problema é que eu não consigo ficar com mais ninguém, toda vez eu penso em você. - Ela parou de falar e deu um gole no vinho. - E eu não to acustamada com isso, querer beijar sempre a mesma garota.

Foi bom ouvir aquilo, Ayia estava me evitando a um tempo já, e saber que ela não tinha ficado com ninguém, e que ainda pensava em mim, me deixava muito feliz.

- Você é maluca. - Eu sorri saindo da casa. Eu resolvi dar o espaço dela, até ela se "acustumar com isso".

É estranho quando você gosta de alguém a ponto de deixar a pessoa decidir se quer tentar ou não alguma coisa com você. Nesse momento você entrega os seus sentimentos na mão dela, dando o controle se você vai sofrer, ou ser amada. Eu deixei ela decidir quando saí de lá naquele momento, como se fosse algo fácil, mas não foi.

Assim que eu voltei para o castelo percebi que os guardas e os serviçais estavam cabisbaixos e alguns até choravam. Fui procurar Ruth para saber o que estava acontecendo, mas ela me encontrou primeiro.

- O que aconteceu Ruth? - Os olhos dela estavam marejados, e pouco vermelhos.

- Eu sinto muito. - Ela veio até mim me abraçando. - Seu pai faleceu.

É díficil imaginar o quanto dói perder alguém que você ama, eu passei por isso quando mais nova, perdi minha mãe, não machucou tanto, porque como meu pai dizia, ela estava viva na estrela que tivesse o maior brilho nas noites escuras.

Meu pai sempre ensinou que a vida é feita de fases, um dia estamos bem, felizes e sorrindo sem motivo algum. E no outro estamos chorando, tristes e sozinhos. Eu me senti assim naquele momento.

Eu fui para o meu quarto, eu só queria chorar sozinha, e ficar quetinha no meu canto. Mas ter a presença dela foi importante.

- Eu sinto muito Lis. - Eu corri até ela a abraçando, as lágrimas caíram, e quando vi estava chorando no seu ombro. - Eu vim assim que soube princesinha.

Eu não lembro ao certo quando eu dormi, só lembro de ter ficado com ela o tempo todo, chorando no seu ombro, sem falar nada, apenas um silêncio calmo e preciso.

A princesa e a bruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora