Capítulo 22

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Eu queria que Hongbin não viesse atrás de mim, eu só queria fugir dali o mais rápido possível e me derramar em lágrimas, mas assim que me alcançou eu tive que engolir todas. Ele me segurou pelos os ombros e me olhou preocupado, eu tentei não olha-lo enquanto secava as minhas lágrimas, mas ele sempre dava um jeito de me olhar indo para a direção que desviava o olhar.

- Alexia? O que foi? O que aconteceu?

Tolo, como não percebeu? Eu não disse nada, se eu falasse algo era capaz de desabar novamente.

- Alexia, me responda. Você está me deixando preocupado.

- Eu só quero ir pra casa. - Foi o que consegui dizer com voz choro.

- Está bem, vou pegar nossas coisas e já vamos. - Ele me conduziu até um pequeno muro que havia ali perto e eu me sentei e o esperei enquanto ele voltava para dentro, fiquei em silêncio encarando o chão controlando o meu choro por tanto tempo que não reparei quando ele voltou.

Começava a esfriar e eu não havia trazido nenhum casaco, Hongbin tirou o seu e me envolveu nele. Não falamos na volta para casa. Depois de um longo banho, fiquei um pouco mais calma, apesar do meu peito ainda doer, não havia mais lágrimas para derramar. Já vestida com o meu pijama, me sentei na cama e Hongbin com a expressão séria me olhava, esperando.

- Não vai se trocar? - Perguntei me aproximando mais dele e alisando o seu cabelo tingido de rosa claro.

- Não vai me contar o que houve? - Ele levou os seus dedos em minha bochecha e a acariciou. No banho havia pensado no que poderia dizer quando essa pergunta viesse, então dei a mais plausível.

- Eu estou com saudade de casa. Da minha família. - Não era 100% mentira, mas também não era totalmente a verdade. - Eu vi uma senhora que o jeito lembrava muito da minha mãe e aquela música, o toque soava muito como a que tinha mãe cantava para mim. - Eu merecia um tapa na cara.

- Oh querida, eu não imaginava, por que não me disse nada? - Ele se aproximou mais e me abraçou.

- Você está muito ocupado, não queria atrapalha-lo com isso. É besteira.

- Não é besteira se é algo que a está machucando.

- Talvez não seja. Eu não sei.

- Vamos fazer o seguinte, vamos adiar o casamento e você vai para o Brasil visitar a sua família, o que acha?

- O que? É sério? - Afastei-me para olha-lo espantada.

- Não me olhe desse jeito. - Ele riu e me empurrou de leve. - É sério. Não quero te ver desta maneira, então se está com saudade vá vê-los.

- Mas já marcamos a data, entregamos os convites e tudo foi reservado para o dia e ...

- Pode ser adiado, além do mais, pode ser uma boa oportunidade para aproveitar e trazer a sua mãe e suas irmãs para o casamento.

- Eu não sei, vai dar trabalho mudar tanta coisa.

- Fique tranquila, planeje a sua viagem que eu cuido do resto. - Ele beijou a minha testa e se levantou, pegou uma muda de roupa e foi ao banheiro se trocar. E eu fiquei sozinha, com um murro no estômago por ter um cara tão incrível ao meu lado e mesmo assim estar sofrendo por outro.

Minha passagem já estava comprada e minha mala feita, quando avisei minha mãe que estaria indo visita-la, ela surtou de felicidade e eu acabei ficando animada por voltar para o Brasil e encontrar-las. Na noite anterior, Hongbin passou em casa para se despedir, eu tive que controlar minhas lágrimas, já que eu sentiria muita saudade dele, mas seria bom ficar longe, estar do outro lado mundo talvez ajude mais o meu coração. Passamos praticamente a noite toda nos enroscando nos lençóis, aproveitando cada minuto do calor da pele um do outro. Tenho pena do meu vizinho, já que naquela noite não me contive nem um pouco.

Já no aeroporto, sentada esperando para embarcar, senti o meu rosto esquentar ao me lembrar daquele momento, esperava que ficasse fresca em minha memória até retornar. Já serei difícil demais ficar longe, aquela memoria me consolaria uma pouco.

A viagem por sorte foi rápida, quer dizer, foi quase um dia e meio de viagem, mas eu estava tão animada e distraída que não fiquei agoniada dentro do avião como achei que ficaria depois de algumas horas. Quando o avião pousou, eu fui uma das primeiras a sair, não via a hora de ver minha mãe e minhas irmãs. Chegando no saguão, as avistei de longe e quando elas também me viram, correram em minha direção e eu fiz o mesmo. Todas estavam lá, minha mãe e minhas três irmãs, Laura, Daniela e Celina. Elas gritavam e pulavam enquanto me abraçavam, eu não contive as risadas.

- Deixa eu ver. – Laura, minha irmã mais velha disse puxando minha mão e observando bem de perto a aliança em meu dedo. – Oh, é muito lindo. Seu noivo tem muito gosto.

- Tem mesmo. – Minhas outras irmãs concordaram.

- Claro que tem, ele me pediu em casamento. Isso já é alguma coisa. – disse eu esnobe e rindo.

- Não seja tão convencida. – Daniela me deu um leve empurrão.

- Apenas estou sendo sincera. – Nos abraçamos e fomos em direção ao ponto de táxi. Elas queriam ir de ônibus, mas de maneira alguma que eu enfrentaria os ônibus lotados cansada do jeito que estava. Ofereci para pagar o táxi e ainda leva-las para jantar em algo restaurante.

- Você está muito metida, só porque tem um marido que é famoso e provavelmente rico fica querendo se exibir. – Laura resmungou.

- Primeiro, eu trabalhei bastante tempo e ainda consegui fazer um acordo com a empresa, então posso pagar o que eu quiser, irmãzinha. E segundo, cuida da sua vida. – disse revirando os olhos.

- Nossa, desculpa maninha.

- Com certeza você deve estar sentindo a diferença dos países, né?

- Um pouco, o tempo que fiquei lá fez eu esquecer um pouco como era aqui. Ou parecer muito distante, mas eu estou me sentindo muito feliz em estar aqui e a sensação de estar aqui e com vocês nada em lugar no mundo irá substituir.

- O que sentiu mais falta? – Celina perguntou.

- A comida da mamãe, com certeza. Eu não aguentava mais comer comida apimentada. – Todas riram.

A noite foi incrível, ninguém quis ir em restaurante, então apenas fomos na rua debaixo comer na barraca de lanche da Dona Maria, como eu sentia falta de comer um belo cachorro quente bem recheado, ficamos sentadas lá quase a noite toda conversando sem calar a boca nenhum momento. Primeiro, quiseram saber tudo sobre a Coréia do Sul, o meu relacionamento com Hongbin e como tudo aconteceu, claro que elas já sabiam, mas queriam ouvir da minha boca ao vivo, depois que havia se esgotado as perguntas, eu que comecei com as minhas. Quis saber tudo o que fizeram enquanto eu estava fora. Minha mãe não precisava mais se matar tanto de trabalhar já que todas minhas irmãs estavam trabalhando, e todas a ajudavam, inclusive eu, que não deixava de enviar um valor para ela todos os mês, Laura conhecerá um cara e eles namoravam, mas ela dizia que casamento era algo muito distante, Daniela estava na faculdade e quando não estava trabalhando se dedicava totalmente aos estudos, mas a novidade que mais me impressionou foi de Celina, já que ela sempre foi a irmã mais doentinha, que qualquer coisa tinha que correr para o hospital. Surpreendentemente, ela estava mais forte do que jamais foi, seu rosto agora era corado e seus olhos tinham vida e brilhavam, eu fiquei muito feliz com isso, já que sempre sofri por ela, mas vê-la agora bem, só me dava mais forças.

Na verdade, ver todas nós juntas, fez o meu coração doer, porque uma hora eu teria que voltar para a Coréia e deixa-las para trás mais uma vez, só queria ter um jeito de leva-las junto comigo.

Eternity  ✩ VIXXOnde histórias criam vida. Descubra agora