Capítulo 23

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A minha viagem durou um pouco mais que deveria, fazia quatro semanas que eu havia voltado para o Brasil, os dias foram tão maravilhosos que eu não reparei como passou tão rápido. O mais estranho foi que meu contato com Hongbin foi diminuindo cada vez mais nas ultimas vezes, mas não havia ligado tanto já que talvez ele quisesse que eu curtisse o tempo todo com a minha família. O que foi incrível de fato, todo o peso que sentia sob os meus ombros haviam sumido assim que pisei o pé em casa. Aproveitei para vender tudo o que era meu e não havia sido vendido ainda, deixei a quantia que havia conseguido com a minha mãe para que se ela pudesse, fosse me visitar e ir ao casamento. Também em uma das noites, sentada na cozinha com a minha mãe, eu desabei tudo o que eu estava sentindo, tudo o que estava guardando para mim, todos aqueles sentimentos e confusões, esperei que me julgasse e dê-se aquelas broncas de mãe, mas não, ela foi tão compreensível que eu acabei chorando mais ainda, apesar dela não dizer o que eu deveria fazer, só o seu abraço me deixo mais leve.

Na noite anterior ao meu retorno, enviei uma mensagem à Hongbin o avisando que estaria voltando no dia seguinte e ele apenas respondeu com um "ok" que deixou alerta, alguma coisa havia acontecido, eu tentei ligar, mas apenas chamava até cair na caixa postal. Tentei não pensar no pior, talvez ele estivesse cansado e não podia falar naquele momento.

Antes de dormir, meu celular alertou uma nova mensagem, correndo eu o peguei e vi que na verdade era uma mensagem de Hakyeon.

"É boa noite, certo? Você volta quando? Estamos com saudades de vocês." – eu acabei sorrindo ao ler a mensagem.

"Pelo menos alguém está né. Voltarei amanhã, logo cedo irei para o aeroporto. Vão me buscar? Estou com saudade de vocês também."

"Bem que queríamos, mas vamos estar gravando um programa. De qualquer forma, tenha uma boa viagem."

Eu agradeci e deitei novamente, com uma leve dor no peito, já que Hakyeon estava mais interessado em minha volta do que meu próprio noivo e ainda não o verei assim que chegar. Afastei os pensamentos e bati em minha cabeça, eu era boba ou o que? Esse era o preço de estar com um idol. Ele sempre estaria ocupado demais. Assim que tivesse a oportunidade, irei matar a saudade que estava sentindo e nem lembraria mais disso... Era o que eu esperava.

A volta foi totalmente diferente, enquanto a ida para o Brasil havia sido completamente tranquila, a volta estava sendo um terror, por algum motivo estava me sentindo ansiosa e meu estomago estava doendo. Sentia enjoo a cada cinco minutos, fiquei o tempo todo agarrada em uma sacola de papel que a aeromoça havia me dado, fora que eu não conseguia pregar os olhos por mais que trinta minutos. Foi a maior viagem da vida.

Chegando ao aeroporto a primeira coisa que eu fiz foi correr para o banheiro mais próximo e vomitar tudo que havia comido há pouco tempo, eu estava um caco, podre para ser mais sincera. Depois de pegar as minhas malas, enquanto caminhava para a saída, avistei um homem bem vestido com uma placa com algo escrito e com um enorme buque de flores nas mãos, pensei comigo em como a moça que as receberia era sortuda.

Quando me aproximei mais, consegui ler em sua placa o meu nome, o que me assustou de primeira, mas assim que ele me avistei, eu não tive como fugir ele se aproximou muito rápido.

- Senhorita Alexia?

- Sim, sou eu.

- Eu serei o seu motorista até a sua residência, essas flores são para você. – O homem sorriu e me entregou aquele enorme buque, o meu coração se encheu com o cheiro com a alegria que estava sentindo. – Ele espera que tenha tido uma boa viagem e que tenha aproveitado a companhia de sua família.

- Com toda certeza. – Hongbin não havia me dado tanta atenção durante a viagem, mas só aquela surpresa havia compensado tudo.

O caminho todo para o meu apartamento, eu sorria feito boba, não via a hora de poder vê-lo e enche-lo de beijos, aquelas flores eram tão lindas, não tinha como ficar brava com ele depois desse gesto. Chegando ao apartamento, o motorista me ajudou a subir com as malas, ele deixou as malas na porta e já ia se despedindo quando eu o interrompi:

- Espera, eu tenho que te dar uma gorjeta ou algo.

- Não se preocupe, senhorita. O Sr. Jung cuidou de tudo.

- Jung?

- Sim, senhorita. Foi ele que ele me contratou.

Eu tentei puxar da onde eu conhecia aquele momento, reparei todos os nomes que eu conhecia, eu só não espera que...

- Taekwoon? – Perguntei esperando que não fosse.

- Sim, ele mesmo. Jung Taekwoon. Se não precisa de mais nada, eu estou indo. Até logo. – Ele acenou com a cabeça e saiu andando me deixando sozinha com o meu choque.

Se foi ele, o Hongbin não... Eu não sabia se eu xingava, se eu tacava aquelas flores na parede, se eu deveria agradecer, se eu deveria ir atrás de Hongbin com um sapato na mão, eu não sabia o que saber. Apenas entrei, sentei no pé da cama, com o buque ainda em mãos sem reação.

Eu não sabia se estava mais grata com o gesto de Taekwoon, que apesar da nossa conversa não ter acabado muito bem e depois da musica, ele ainda foi muito carinhoso ou se eu ficava extremamente magoada por Hongbin não ter dado a mínima para mim.

"Já chegou? Está tudo bem? Descanse, amanhã nos vemos" – Era tudo o que dizia na mensagem que ele enviou três horas depois que eu já estava no apartamento. Ainda perdida.

Não o respondi, apenas respirei fundo e abri a janela de conversa com Taekwoon, a olhei por um longo tempo, digitei e apaguei pelo menos umas dez vezes. Eu tinha que dizer algo, qualquer coisa, então apenas digitei "Obrigada por ter feito aquilo por mim, adorei as flores."  Eu não queria dizer que o tal gesto havia me deixado tão animada, então após ler a mensagem mais mil vezes, eu enviei e em seguida desligando o celular para não me arrepender da mensagem. 

Eternity  ✩ VIXXOnde histórias criam vida. Descubra agora