Capítulo 01.

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2011, Paraisópolis - SP.

Meu nome é Maria Eduarda Linhares, eu tenho dezoito anos, me mudei para São Paulo aos dois anos de idade com minha mãe, quando meu pai e ela se separaram. Deixei muitos familiares em Minas Gerais para viver uma vida solitária com minha mãe na cidade grande, morávamos a princípio na Vila Mariana e com seis anos me mudei para Paraisópolis. Minha mãe sempre batalhou muito por nós duas, meu pai me mandava a pensão todo mês mas eu nunca quis saber dele e ele nunca quis saber de mim. Minha mãe conheceu meu padrasto quando eu tinha dez anos, Rogério, um verdadeiro diabo na minha vida. Rogério era mesquinha, arrogante e muito intrometido, adorava fazer um inferno da minha vida. Rogério com apenas dois meses lá em casa colocou minha mãe contra mim, inventava mentiras, falava mal de mim para mamãe e isso me desestimulava muito. Meu maior desejo era sair de casa porque não suportava mais meu padrasto e minha mãe.

Aos onze anos conheci José Augusto, ele tinha dezesseis e era vaporzinho da boca, naquela época era uma pessoa maravilhosa, carinhosa e com quem podia desabafar sobre tudo. José morava com a mãe, havia entrado para o tráfico desde novinho e adorava a vida que levava. Com treze anos perdi minha virgindade com ele, com quatorze fui morar com o mesmo.

Minha mãe se mudou para Tatuapé com meu padrasto, na época eu era louca apaixonada por José e acabei saindo de casa, minha mãe até sentiu, entretanto, Rogério encheu sua cabeça de mentiras e minha mãe acabou contribuindo mais para que eu saísse de vez de casa. Fui taxada de vagabunda, mulher de bandido, sem futuro e merdinha. Confesso que doeu, mas em minha concepção, viver com José Augusto em Paraisópolis era bem melhor que viver com meu padrasto e minha mãe... em minha concepção.

Minha vida melhorou bastante após minha mudança, a mãe de Augusto me tratava como filha, eu era muito feliz com meu namorado e já fazia vários planos para o futuro. Vivi dois anos perfeitos ao lado de Augusto, o acompanhava nos bailes, ia pra escola, tinha várias amizades, ganhava presentes e me sentia pela primeira vez alguém completa e feliz. Guto me enchia de carinhos, de amor e me fazia sentir única, a mulher mais feliz do mundo. Eu o amava tanto que doía meu coração.

Quando fiz dezesseis anos o inferno se deu início em minha vida novamente. Dona Maria, mãe de Augusto, morreu de câncer de mama e ficou somente eu e seu filho. Foi um completo desastre em nossas vidas, Augusto só tinha sua mãe e eu também, fora Augusto e minha mãe, que pouco se importava comigo, eu não tinha mais ninguém. Foram tempos difíceis, ele se afundou nas drogas, eu tive que tomar de conta de casa, estudar e prestar papel de esposa e tudo aquilo estava sendo difícil de se comandar.

Ele mudou drasticamente, virou gerente da boca de fumo, um cara temido, impiedoso e frio. Cobriu seu corpo de tatuagens, começou a matar pessoas e aquele novo Augusto só me assustava mais e mais. Augusto carinhoso, amoroso e fiel se tornou ''Coringa'', um cara sem coração e infiel.

Eu nunca havia sido traída, mas não se passou dois meses para descobrir que Augusto estava me traindo com uma de minhas ''amigas'', foi a pior notícia que já recebi na vida. Eu tinha dezesseis anos mas já era bastante madura, eu tinha planos para o futuro, eu queria muito casar e construir minha família ao lado daquele cara doce e gentil que se perdeu por completo, que estava irreconhecível. Nós não conversávamos mais, não trocávamos mais carinhos... ele só me procurava quando queria um sexo sem qualquer sentimento. Talvez ele sentisse pena de mim, talvez eu fosse um peso em sua vida, afinal de contas, eu não tinha ninguém sem ser ele.

Quando fui contestar a traição recebi meu primeiro tapa, depois de uma semana o primeiro chute e um pouco tempo depois uma descarga de ódio que acontecia sempre que ele ficava estressado com algo. De esposa, amiga e namorada eu tinha virado um saco de pancadas. Foi então entendi que mulher de bandido não era coisa fácil.

Paixão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora